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Projeto original põe usina em risco, diz Suez
Consórcio assume concessão e afirma que hidrelétrica pode parar de produzir após 4 ou 5 anos se não houver mudança na localização
Empresa aponta ameaça de acúmulo de sedimentos no local previsto inicialmente e cita relatório de especialista contratado pelo governo
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O consórcio Enersus, vencedor do leilão da hidrelétrica de
Jirau, no rio Madeira, em Rondônia, informou que a usina
poderá parar de produzir energia em quatro ou cinco anos
após sua entrada em funcionamento, caso tenha de ser construída no local originalmente
previsto no edital do leilão.
O motivo, segundo o presidente do consórcio, Victor Paranhos, seria o acúmulo de sedimentos na barragem. A usina
tem potencial de 3.300 MW
(megawatts) e é fundamental
para o abastecimento de energia do país a partir de 2012.
Para oferecer a menor tarifa
e vencer a disputa com o grupo
Odebrecht/Furnas pela construção da hidrelétrica, o consórcio, liderado pela multinacional Suez Energy, modificou
o projeto da usina, mudando
sua localização.
Em vez da cachoeira de Jirau,
o consórcio Enersus quer construir a hidrelétrica em um local
chamado de Ilha do Padre,
aproximadamente 9 km rio
abaixo, na direção da cidade de
Porto Velho.
Paranhos disse que a possível
parada da usina por conta dos
sedimentos foi constatada pelo
especialista indiano Sultan
Alan. "O maior consultor de sedimentos do mundo, que é o
Sultan Alan, afirma que no eixo
de Jirau aquela usina irá parar
em quatro ou cinco anos por
acúmulo de sedimentos", disse
Paranhos.
Ele afirmou que não tem intenção de construir a hidrelétrica na cachoeira de Jirau. "O
nosso eixo é sensivelmente melhor. Para que a gente vai mudar uma coisa que nós temos
certeza de que é muito melhor
ambientalmente, socialmente,
do ponto de vista de engenharia? Não tem outro eixo para
pôr energia em 2011", disse.
Parecer
O acúmulo de sedimentos e
de madeira foi um dos pontos
mais polêmicos do processo de
licenciamento ambiental das
usinas hidrelétricas de Santo
Antônio e Jirau. Contratado
pelo governo federal por meio
de convênio entre o Banco
Mundial e o Ministério de Minas e Energia, Sultan Alan, o
mesmo citado ontem por Paranhos, acabou sendo fundamental no processo de liberação
ambiental das usinas.
Alan produziu um parecer no
qual sugeriu ajustes em estruturas de concreto no projeto e
nas comportas, de modo a facilitar a passagem de areias mais
grossas e cascalhos pela barragem, assim como permitir a remoção de madeira flutuante e
submersa. As sugestões do especialista indiano foram acatadas pelo consórcio que elaborou o estudo das duas usinas
(Furnas/Odebrecht), e a licença prévia dos empreendimentos, fundamental para realização dos leilões, acabou sendo
concedida.
Janela
Durante a cerimônia de assinatura do contrato de concessão no Palácio do Planalto, com
presença do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, Paranhos
convidou membros do governo
para a inauguração da usina em
31 de dezembro de 2011. De
acordo com ele, esse prazo só
poderá ser cumprido se a licença de instalação sair no mês que
vem. Caso haja atraso, o consórcio perderá o que se chama
de "janela hidrológica" para o
início das obras.
A "janela" fecha em outubro,
quando as chuvas aumentam
na região, e só abre de novo em
abril de 2009, quando as chuvas ficam menos intensas e a
vazão do rio cai.
"Nós estamos com tudo
pronto para começarmos as
obras. Já estamos levando
equipamentos para Porto Velho. Esperamos começar as
obras em setembro", disse Paranhos.
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