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Disputa entre empresas cresce, e governo faz apelo público
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Longe de esfriar com os apelos de paz reiterados pelo governo, a disputa entre o grupo
Odebrecht/Furnas e o consórcio Enersus, liderado pela multinacional Suez Energy, esquentou ontem. A Odebrecht
entrou com uma ação penal
contra o presidente do consórcio Enersus, Victor Paranhos,
por crime de difamação.
A ação é uma resposta a declarações dadas por Paranhos
ao jornal "Valor Econômico",
acusando a Odebrecht de "espionagem industrial". Segundo
a Odebrecht, foi feita uma "interpelação judicial preparatória de ação penal por crime de
difamação".
Victor Paranhos atribuiu à
Odebrecht o uso de informações confidenciais do consórcio Enersus em relatório que o
concorrente encaminhou ao
Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis) .
Durante a cerimônia de assinatura do contrato entre o governo e o consórcio Enersus
para a construção da hidrelétrica de Jirau, ontem, no Palácio
do Planalto, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão,
voltou a apelar para um acordo
entre os grupos.
"O país confia aos senhores
estas duas obras de grande envergadura. A nação necessita
dessa energia. Nós todos estamos assistindo a uma disputa
entre os empresários. O governo brasileiro não admitirá que
os consumidores sejam prejudicados por conta de disputas
entre os dois consórcios", disse.
Lobão fala sempre das duas
usinas do rio Madeira, embora
a hidrelétrica de Santo Antônio, mais adiantada, já tenha
autorização para começar as
obras neste mês. Na prática, o
governo quer que a empreiteira
Norberto Odebrecht abra mão
de contestar na Justiça mudanças no projeto da hidrelétrica
de Jirau, a pretexto de que uma
eventual disputa judicial atrasaria a geração de energia.
Em entrevista coletiva, Lobão renovou a ameaça de que o
governo tem como tocar a obra
sozinho se não houver acordo.
A disputa começou em março, depois que o consórcio
Enersus foi declarado vencedor
do leilão para construir e operar a usina de Jirau. Para ganhar a disputa com o grupo liderado por Odebrecht e Furnas, os vencedores ofereceram
tarifa de R$ 71,40 por MWh
(megawatt hora), o que representa um deságio de 22%.
Para conseguir esse deságio,
no entanto, o consórcio teve de
mudar o projeto da usina, alterando a localização da barragem em 9,2 quilômetros em relação ao previsto no edital. O
grupo perdedor (Odebrecht/
Furnas) não aceita a mudança e
promete ir à Justiça se ela for
aprovada formalmente pelo governo. Segundo o consórcio
derrotado, o deslocamento da
usina foi maior: de 12,5 quilômetros rio abaixo. A área de
alagamento aumentaria 10,7
quilômetros quadrados, segundo o Enersus, ou 27 quilômetros quadrados, segundo o grupo perdedor.
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