|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Com nova diretora, Anatel deve acelerar aval a nova tele
Indicação de Emília Maria Silva Ribeiro precisa de aprovação de comissão do Senado
Indicada por Sarney, ela foi
escolhida para reforçar a
posição do governo, que
quer a negociação; ela diz
que votará com o governo
ADRIANO CEOLIN
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Comissão de Infra-Estrutura do Senado deve aprovar
hoje o nome de Emília Maria
Silva Ribeiro para a quinta vaga
na diretoria da Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações) facilitando a conclusão da
venda da Brasil Telecom para a
Oi. Indicada pela cúpula do
PMDB, ela foi escolhida a dedo
para reforçar a posição do governo, favorável à negociação,
já que, no momento, a diretoria
da Anatel (composta por quatro integrantes) está dividida.
Ribeiro não fala sobre o assunto. Mas em conversas reservadas com senadores do PMDB
ela já disse que seguirá, na Anatel, as orientações do governo.
Embora a agência seja independente, ela tem afirmado
que é o Executivo quem dá as
diretrizes do que deve ser feito.
Com trânsito no Congresso,
inclusive nos partidos de oposição, Ribeiro conta com o apoio
do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN).
Mas o seu padrinho mais forte é o senador José Sarney
(PMDB-AP). Foi ele quem a levou para trabalhar no Senado
em 2003, quando era presidente da Casa. Os dois têm relação
estreita desde a década de 1980.
O marido dela, Luiz Curi, é
reitor da Unieuro (Instituto
Euro-Americano de Educação,
Ciência e Tecnologia) desde
2004. A instituição, com sede
em Brasília, pertence ao empresário Mauro Fecury, primeiro suplente da senadora
Roseana Sarney (PMDB-MA),
líder do governo no Congresso.
Em 1979, Fecury foi nomeado
prefeito de São Luís (MA) com
o apoio de Sarney. Fecury também assessorou Sarney na Presidência da República.
A Unieuro foi criada em 1998
por Mauro Fecury, confirmou
o pró-reitor da instituição, Miguel Fecury. À época, Ribeiro e
Curi trabalhavam no MEC (Ministério da Educação e Cultura), mas não eram casados. Ela
era assessora especial do então
ministro Paulo Renato (PSDB)
e Curi comandava a Diretoria
de Política de Ensino Superior.
A Folha apurou com parlamentares da bancada da educação que, no ministério, Ribeiro
tinha entre suas atribuições
avaliar os pedidos de políticos
interessados na abertura de faculdades. Assim, se aproximou
de vários parlamentares.
Além de Sarney, Ribeiro conquistou a confiança de Renan
Calheiros (PMDB-AL), que a
manteve no cargo enquanto esteve na Presidência da Casa
(2005-2007). Uma de suas tarefas era acompanhar a liberação das emendas do senador e
os projetos de interesse dele
nos ministérios.
Segundo pessoas próximas a
Renan, ela o orientava sobre
com quem deveria falar nos
ministérios para agilizar suas
demandas quando o assunto
dependia mais de decisões técnicas do que dos ministros. Renan tem trabalhado nos bastidores pela aprovação do nome
dela.
Após a renúncia de Renan e a
eleição de Garibaldi, Ribeiro foi
mantida como assessora da
Presidência da Casa. Atualmente, tem como tarefa produzir pareceres para orientar Garibaldi sobre diversos assuntos.
Recentemente, elaborou texto
sobre a fusão da Oi com a Brasil
Telecom. A assessoria do Senado não quis divulgar o conteúdo. Informou apenas que o material não faz juízo de valor.
Bacharel em direito desde
1999, Ribeiro chegou a cursar
administração, mas acabou
não se formando. Na área de telecomunicações, sua experiência restringe-se à participação
no Conselho Consultivo da
Anatel, cargo para o qual também foi indicada por Sarney
em abril de 2005.
Antes de trabalhar no Senado e no MEC, Ribeiro atuou como assessora no extinto Ministério do Interior, em 1988.
Também foi assessora parlamentar do Ibama (1989-1991),
da Secretaria de Administração
Federal (1991) e do Ministério
da Criança (1992).
Em seguida, ocupou a assessoria parlamentar do Ministério da Educação, que deixou
apenas para ser assessora especial de Renato (1997-2003). Foi
por conta desse vínculo com os
tucanos que a relatoria da indicação de Ribeiro caiu nas mãos
do senador Sérgio Guerra (PE),
presidente do PSDB. O caso,
porém, não deixou de causar
polêmica no partido.
"A Emília é uma boa articuladora política, mas não tem o
perfil técnico que a agência requer. As agências foram criadas
com o conceito de colocar técnicos independentes e autônomos para administrarem os
problemas de cada setor. O PT
politizou as agências", disse o
deputado tucano Arnaldo Madeira (SP).
Guerra chegou a pensar entregar a relatoria, mas depois
convenceu-se de que o melhor
seria aproveitar o momento
para marcar posição e escrever
que o partido é contra politizar
as agências. Para que seu nome
seja aprovado são necessários
12 votos -em votação secreta.
Texto Anterior: Indústria farmacêutica: Faturamento de genéricos cresce 46% no 1º semestre Próximo Texto: Mundo fechará ano com 1,28 bi de celulares Índice
|