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Lula desiste de bancar o pacto da CUT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva decidiu que o governo
não vai capitanear a proposta de
pacto social feita pelo presidente
da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho. Isso
deve inviabilizá-la. A oposição do
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda), manifestada em reunião da cúpula do governo na segunda-feira passada, foi decisiva
para a posição de Lula.
No início do mês, Marinho declarou que havia conversações sobre proposta de "pacto" de três
anos, período no qual o setor produtivo seria submetido a um tipo
de controle preços e ainda faria
investimentos.
Ao mesmo tempo, o governo
reduziria a carga tributária, o setor financeiro baixaria custos de
empréstimos, e os trabalhadores
reduziriam pressões por aumentos salariais. O pacto seria uma
forma, disse Marinho, de impedir
novas altas da taxa básica de juros
(Selic), hoje em 16% ao ano.
Palocci afirmou em reunião do
governo que o pacto trazia risco
inflacionário, porque haveria remarcação de preços antes de entrar em vigor. Mais: demonstraria
falta de confiança do governo na
capacidade de sustentar a atual
retomada do crescimento.
O discurso público do governo,
porém, será o de incentivo a uma
proposta gerada por trabalhadores e empresários. Se apresentada
ao governo, ela será discutida no
Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social.
O ministro do Conselhão, Jaques Wagner, disse que, uma vez
levada ao órgão, "a proposta será
debatida e enviada ao presidente a
título de aconselhamento".
O presidente eleito da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), Paulo Skaf, recuou,
em nota divulgada na última
quinta-feira. Skaf, que discutiu a
proposta com Marinho, disse que
agora a julgava "inoportuna". Foi
uma tentativa de composição
com Palocci, que não está gostando da movimentação de Skaf para
pressionar por uma inflexão "desenvolvimentista" na política econômica.(KENNEDY ALENCAR)
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