São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2004

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Lula desiste de bancar o pacto da CUT

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que o governo não vai capitanear a proposta de pacto social feita pelo presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho. Isso deve inviabilizá-la. A oposição do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), manifestada em reunião da cúpula do governo na segunda-feira passada, foi decisiva para a posição de Lula.
No início do mês, Marinho declarou que havia conversações sobre proposta de "pacto" de três anos, período no qual o setor produtivo seria submetido a um tipo de controle preços e ainda faria investimentos.
Ao mesmo tempo, o governo reduziria a carga tributária, o setor financeiro baixaria custos de empréstimos, e os trabalhadores reduziriam pressões por aumentos salariais. O pacto seria uma forma, disse Marinho, de impedir novas altas da taxa básica de juros (Selic), hoje em 16% ao ano.
Palocci afirmou em reunião do governo que o pacto trazia risco inflacionário, porque haveria remarcação de preços antes de entrar em vigor. Mais: demonstraria falta de confiança do governo na capacidade de sustentar a atual retomada do crescimento.
O discurso público do governo, porém, será o de incentivo a uma proposta gerada por trabalhadores e empresários. Se apresentada ao governo, ela será discutida no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
O ministro do Conselhão, Jaques Wagner, disse que, uma vez levada ao órgão, "a proposta será debatida e enviada ao presidente a título de aconselhamento".
O presidente eleito da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, recuou, em nota divulgada na última quinta-feira. Skaf, que discutiu a proposta com Marinho, disse que agora a julgava "inoportuna". Foi uma tentativa de composição com Palocci, que não está gostando da movimentação de Skaf para pressionar por uma inflexão "desenvolvimentista" na política econômica.(KENNEDY ALENCAR)

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