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LIVRE COMÉRCIO
Decisão dos europeus de colocar na mesa a íntegra de sua oferta representa avanço nas negociações do acordo
UE cede à pressão e vai apresentar proposta
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A União Européia cedeu à pressão do Mercosul e aceitou apresentar sua proposta completa para a criação da área de livre comércio entre os dois blocos no dia
20 deste mês. O Mercosul apresentará sua oferta no mesmo dia.
A decisão da UE permitiu que
os dois lados voltassem a trabalhar com o objetivo de concluir as
negociações dentro do prazo previsto -31 de outubro. Cerca de
um mês após a troca de propostas, se ambos os lados ficarem satisfeitos com o que receberam, o
acordo será assinado.
"A reunião serviu para confirmarmos nosso compromisso em
fazer todo o possível para encerrar as negociações no prazo em
que havíamos estipulado", disse
ontem o ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim, após
encontro com o comissário de
Comércio da UE, Pascal Lamy,
em Brasília.
Há um mês, uma reunião técnica entre negociadores das duas regiões fracassou, segundo os diplomatas do Mercosul, porque a Europa se recusou a desvendar a totalidade das concessões que estava disposta a fazer.
Aperto de mão
Lamy desembarcou no Brasil
disposto a encerrar de vez as negociações. Antes de sua chegada,
Amorim também acenou que não
haveria avanços nas conversas,
caso os europeus não colocassem
na mesa a íntegra de sua proposta.
"Viemos analisar a situação e
ver se o meu aperto de mão com
Celso [Amorim] seria um aperto
de mão de adeus ou um aperto de
mão do tipo "nos vemos em breve". Como disse Celso, optamos
pelo aperto de mão de "nos vemos
em breve'", afirmou Lamy.
Não é a primeira vez que Lamy e
Amorim precisam se reunir para
destravar as negociações. Nos últimos quatro meses, os dois se encontraram pelo menos três vezes
para dar um empurrão político
nas conversas, que haviam chegado a um impasse no nível técnico.
No último encontro técnico, o
conflito não foi exatamente sobre
os temas habituais -o Mercosul
querendo mais concessões na
área agrícola e a EU cobrando
ofertas mais generosas nos temas
de compras governamentais, serviços e investimentos. A reunião,
que também foi em Brasília, terminou porque os dois lados não
concordavam sobre o formato
das negociações.
O Mercosul queria que os dois
lados colocassem todas as suas
cartas na mesa; a Europa queria
apresentar sua oferta ponto a
ponto, conforme o Mercosul
mostrasse as suas concessões.
Ontem, Lamy e Amorim resolveram essa pendência.
Superar esse impasse, no entanto, não garante que o acordo será
assinado dentro do prazo. "Achamos obviamente que há dificuldades, que não ignoramos", disse
o ministro brasileiro, ao se referir
às demandas que cada lado tem.
Lamy e Amorim afirmam que
estão dispostos a melhorar as suas
respectivas ofertas. "Nós tivemos
a impressão de que, com um empurrão de mais um metro de cada
lado, as coisas estariam bem encaminhadas para nós celebrarmos
[um acordo]", afirmou Lamy.
A partir de hoje, como já estava
previsto, os negociadores dos dois
blocos se reúnem em Bruxelas.
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