São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2008

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Após quatro dias de alta, dólar recua 2% e fecha em R$ 1,78

Desvalorização é a maior desde o grau de investimento, em abril; Bolsa avança 2,2%

Moeda dos EUA tem maior queda diante do euro desde 2006; Petrobras e siderúrgicas impulsionam Bovespa, que sobe 0,87% na semana

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A escalada do dólar foi interrompida ontem, após quatro pregões seguidos de apreciação. A moeda norte-americana, que havia rompido o teto de R$ 1,80 na quinta, encerrou a semana a R$ 1,781, com queda de 2,04% ontem. Essa foi a maior baixa em um dia desde 30 de abril, quando o país foi elevado a grau de investimento.
A queda do dólar ontem não se restringiu ao real e foi verificada em relação às principais moedas. Diante do euro, a moeda dos EUA teve recuo de 1,6% ontem, a mais forte baixa desde janeiro de 2006.
Como na quinta, o BC optou por ficar de fora do mercado, deixando de realizar leilão de compra de moeda, como vinha fazendo desde o ano passado.
A Bolsa de Valores de São Paulo se manteve em alta, apoiada em novos ganhos de Petrobras e dos papéis das siderúrgicas. No pregão de ontem, a Bovespa ganhou mais 2,19%.
As valorizações dos últimos pregões permitiu que o índice Ibovespa encerrasse a semana com alta, de 0,87%. Mas no mês as perdas da Bolsa ainda são fortes, acumuladas em 5,9%. No ano, a queda do índice alcança os 17,99%.
"Como continua saindo muito capital externo, especialmente da Bolsa, o BC acabou por preferir ficar de fora do mercado", diz José Roberto Carrera, diretor da corretora Fair. "O exportador vinha segurando suas operações na expectativa de que o dólar seguisse com força em rota de alta. Mas hoje [ontem], com a perda de força do dólar lá fora, que influenciou o câmbio aqui, houve exportador vendendo e favorecendo ainda mais o recuo da moeda", afirma.
De qualquer forma, a apreciação do dólar no mês permanece elevada, em 8,93%. Segundo levantamento da Economática, a valorização mensal acumulada pela moeda americana até quinta-feira, quanto fechou a R$ 1,818, era a maior para um mês desde setembro de 2002.
Uma melhora mais consistente no cenário internacional, que estimulasse o retorno dos investidores estrangeiros para a Bovespa, favoreceria a apreciação do real. Mas analistas advertem que ainda é cedo para contar com isso.
Desde junho, os estrangeiros têm abandonado o mercado acionário doméstico, tendo sacado mais de R$ 18 bilhões do pregão local nesse período. Somente nos primeiros dez dias deste mês, os estrangeiros mais venderam que compraram ações no montante de R$ 865 milhões.
Ontem, os pregões foram de recuperação na Europa e na Ásia. A Bolsa de Londres subiu 1,85%, e a de Tóquio, 0,93%.
Nos EUA, o dia foi mais tenso no mercado, com os investidores à espera de novidades em relação ao futuro do banco de investimentos Lehman Brothers. Abatido pela crise, espera-se que o banco seja negociado em breve, havendo a expectativa de que haja novidades sobre o tema no fim de semana.
O índice Dow Jones, que reúne as 30 ações norte-americanas de maior liquidez, fechou ontem com baixa de 0,10%, após chegar a cair 1,34% no pior momento. A Nasdaq teve leve alta de 0,14%.

Recuperação
O fortalecimento das commodities no exterior ontem ajudou os papéis de companhias de siderurgia e mineração a se recuperarem, o que favoreceu a alta da Bovespa. As ações ordinárias da Siderúrgica Nacional subiram 6,38%, seguidas de Usiminas PNA (3,11%) e Vale ON (2,54%).
Para a Petrobras, o pregão de ontem representou mais um dia de ganhos expressivos. Após se apreciarem em cerca de 10% na quinta, as ações da empresa voltaram a ser destaque: o papel PN subiu 5,09% ontem, e o ON, 4,44%. A Petrobras ganhou novo ânimo com o anúncio, na noite de quarta, de novas reservas a serem exploradas. O fato de o petróleo deixar de recuar -ontem subiu 0,31% em Nova York, a US$ 101,18- também ajudou.


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