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MERCADO FINANCEIRO
Perspectiva de recuperação global e de retorno maior atrai investidores a títulos e ações de emergentes
Apetite por risco volta a subir e infla Bolsas
ALESSANDRA MILANEZ
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Cresce o apetite por risco no
mercado global. As perspectivas
de recuperação da economia
mundial, combinadas às baixas
taxas de juros praticadas nos países desenvolvidos, têm garantido
um fluxo crescente de recursos
para ações de empresas de tecnologia, Bolsas de Valores e títulos
da dívida externa de países emergentes.
Trata-se de investimentos mais
arriscados, que oferecem, no entanto, a chance de ganhos maiores. Beneficiada por esse raciocínio e embalada por lucros inéditos de empresas de tecnologia, a
Nasdaq, Bolsa norte-americana
que reúne ações de empresas do
setor, por exemplo, já subiu
43,4% neste ano.
Os títulos da dívida externa dos
mercados emergentes também
têm sido alvo de forte demanda
de investidores. Sinal disso é a
queda de 40% do risco-país desses mercados medido pelo Embi+. O indicador, calculado pelo
banco JP Morgan, determina a diferença entre os juros cobrados
no mercado externo dos países
emergentes e a taxa de títulos do
governo norte-americano.
Além disso, as Bolsas de Valores
de países emergentes já acumulam altas em dólares que variavam entre 20% a 96%, no caso do
Brasil, até a última quarta-feira.
Esse maior apetite pelo risco é
explicado, em boa medida, pelas
perspectivas de recuperação de
economias desenvolvidas como a
norte-americana e a japonesa.
Há duas semanas, a revista britânica "The Economist" publicou
sua pesquisa com as projeções de
crescimento dos países desenvolvidos feitas por importantes bancos e instituições de pesquisa.
Recuperação
A previsão para a expansão do
PIB (Produto Interno Bruto) japonês em 2003 saltou de 0,4%, em
janeiro deste ano, para 2,5% agora. No caso dos EUA, as instituições já esperam crescimento de
2,6% em 2003. Os mais pessimistas acreditavam numa expansão
de apenas 1,9%. As estimativas
para o desempenho das economias da maior parte dos países
desenvolvidos em 2004 também
estão sendo revistas para cima.
"A expectativa da recuperação
da economia global é importante
porque, com ela, aumentam os
fluxos de comércio mundial que
tendem a beneficiar todos os países. Isso explica parte do otimismo dos mercados ", diz Sérgio
Werlang, diretor do Itaú.
O PIB da maior economia do
planeta cresceu a uma taxa anualizada de 3,3% no segundo trimestre do ano. O mercado de trabalho, um dos setores que tem
apresentado mais dificuldade em
se recuperar, conseguiu, em setembro, criar vagas pela primeira
vez em oito meses.
Os indicadores, porém, têm que
ser olhados com cuidado. O crescimento do PIB, por exemplo, teve uma ajuda extra: os gastos militares, que cresceram 45,9% no período, a maior alta desde 1951.
O setor de tecnologia, que ficou
no limbo com o estouro da bolha,
vem apresentando números melhores do que os da indústria
americana como um todo. Enquanto as encomendas gerais de
bens manufaturados caíram 0,8%
em agosto, as encomendas de
computadores e produtos eletrônicos apresentaram alta de 0,4%,
puxada pelos semicondutores,
que subiram 21,1%.
O desempenho da Nasdaq reflete o que parece ser uma recuperação mais sólida. Embora ainda
muito distante do pico de 5.000
pontos a que chegou em 2000, o
índice já subiu 71,2% desde seu
ponto mais baixo, em outubro do
ano passado.
Para Phil Flynn, analista sênior
de mercado da Alaron Trading,
"não existe um líder ou um fato
isolado puxando a alta no setor. O
que há é um aumento na confiança da recuperação econômica".
Ele afirma acreditar que a escalada possa ser uma nova bolha.
"As ações de tecnologia são muito
voláteis. Quando a economia vai
mal, elas são as primeiras a cair.
Quando começa a melhorar, são
as primeiras a subir. Há mais apetite por risco. Em parte, porque há
uma procura por retorno."
As empresas que sobreviveram
ao estouro da bolha, diz, aprenderam que têm de ter lucro. Várias
empresas do setor vêm, de fato,
apresentando resultados positivos. A Microsoft, maior companhia de software do mundo, teve
faturamento de US$ 8,065 bilhões
no segundo trimestre deste ano e,
segundo analistas, deve ter apresentado um resultado melhor no
terceiro trimestre.
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