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São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Perspectiva de recuperação global e de retorno maior atrai investidores a títulos e ações de emergentes

Apetite por risco volta a subir e infla Bolsas

ALESSANDRA MILANEZ
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Cresce o apetite por risco no mercado global. As perspectivas de recuperação da economia mundial, combinadas às baixas taxas de juros praticadas nos países desenvolvidos, têm garantido um fluxo crescente de recursos para ações de empresas de tecnologia, Bolsas de Valores e títulos da dívida externa de países emergentes.
Trata-se de investimentos mais arriscados, que oferecem, no entanto, a chance de ganhos maiores. Beneficiada por esse raciocínio e embalada por lucros inéditos de empresas de tecnologia, a Nasdaq, Bolsa norte-americana que reúne ações de empresas do setor, por exemplo, já subiu 43,4% neste ano.
Os títulos da dívida externa dos mercados emergentes também têm sido alvo de forte demanda de investidores. Sinal disso é a queda de 40% do risco-país desses mercados medido pelo Embi+. O indicador, calculado pelo banco JP Morgan, determina a diferença entre os juros cobrados no mercado externo dos países emergentes e a taxa de títulos do governo norte-americano.
Além disso, as Bolsas de Valores de países emergentes já acumulam altas em dólares que variavam entre 20% a 96%, no caso do Brasil, até a última quarta-feira.
Esse maior apetite pelo risco é explicado, em boa medida, pelas perspectivas de recuperação de economias desenvolvidas como a norte-americana e a japonesa.
Há duas semanas, a revista britânica "The Economist" publicou sua pesquisa com as projeções de crescimento dos países desenvolvidos feitas por importantes bancos e instituições de pesquisa.

Recuperação
A previsão para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) japonês em 2003 saltou de 0,4%, em janeiro deste ano, para 2,5% agora. No caso dos EUA, as instituições já esperam crescimento de 2,6% em 2003. Os mais pessimistas acreditavam numa expansão de apenas 1,9%. As estimativas para o desempenho das economias da maior parte dos países desenvolvidos em 2004 também estão sendo revistas para cima.
"A expectativa da recuperação da economia global é importante porque, com ela, aumentam os fluxos de comércio mundial que tendem a beneficiar todos os países. Isso explica parte do otimismo dos mercados ", diz Sérgio Werlang, diretor do Itaú.
O PIB da maior economia do planeta cresceu a uma taxa anualizada de 3,3% no segundo trimestre do ano. O mercado de trabalho, um dos setores que tem apresentado mais dificuldade em se recuperar, conseguiu, em setembro, criar vagas pela primeira vez em oito meses.
Os indicadores, porém, têm que ser olhados com cuidado. O crescimento do PIB, por exemplo, teve uma ajuda extra: os gastos militares, que cresceram 45,9% no período, a maior alta desde 1951.
O setor de tecnologia, que ficou no limbo com o estouro da bolha, vem apresentando números melhores do que os da indústria americana como um todo. Enquanto as encomendas gerais de bens manufaturados caíram 0,8% em agosto, as encomendas de computadores e produtos eletrônicos apresentaram alta de 0,4%, puxada pelos semicondutores, que subiram 21,1%.
O desempenho da Nasdaq reflete o que parece ser uma recuperação mais sólida. Embora ainda muito distante do pico de 5.000 pontos a que chegou em 2000, o índice já subiu 71,2% desde seu ponto mais baixo, em outubro do ano passado.
Para Phil Flynn, analista sênior de mercado da Alaron Trading, "não existe um líder ou um fato isolado puxando a alta no setor. O que há é um aumento na confiança da recuperação econômica".
Ele afirma acreditar que a escalada possa ser uma nova bolha. "As ações de tecnologia são muito voláteis. Quando a economia vai mal, elas são as primeiras a cair. Quando começa a melhorar, são as primeiras a subir. Há mais apetite por risco. Em parte, porque há uma procura por retorno."
As empresas que sobreviveram ao estouro da bolha, diz, aprenderam que têm de ter lucro. Várias empresas do setor vêm, de fato, apresentando resultados positivos. A Microsoft, maior companhia de software do mundo, teve faturamento de US$ 8,065 bilhões no segundo trimestre deste ano e, segundo analistas, deve ter apresentado um resultado melhor no terceiro trimestre.


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