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Nos EUA, conflito de interesse e poder de Paulson causam polêmica
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Ao anunciar na semana passada que os EUA poderiam seguir o exemplo do Reino Unido
e comprar ações de bancos como maneira de capitalizar as
instituições em dificuldades, o
secretário do Tesouro, Henry
Paulson, justificou-se dizendo
que estaria apenas usando parte das ferramentas que lhe foram dadas pelo Congresso.
"Vamos utilizar todas as ferramentas que nos foram dadas
para otimizar sua eficácia, incluindo a capitalização de instituições de todos os tamanhos",
disse Paulson. "[Até agora], enfatizamos a compra de ativos líquidos, mas temos uma vasta
gama de autoridade. Eu estou
confiante de que mais adiante
teremos as autoridades de que
necessitamos", disse.
Autoridade é a palavra-chave. Uma examinada melhor no
Ato de Estabilização Econômica de Emergência, em vigor
desde o sábado retrasado, mostra que mesmo com as salvaguardas e limitações introduzidas pelo Congresso, o Plano
Paulson dá a seu autor a autoridade de intervir da maneira
que quiser nas instituições que
escolher e que aceitarem a ajuda federal, sem ter de prestar
contas imediatas a ninguém.
Essa é a conclusão de pelo
menos duas organizações não-governamentais que vigiam as
ações do Tesouro e do Fed [BC
dos EUA], entre outros. São
elas a Taxpayers for Common
Sense (contribuintes para o
senso comum) e a America's
Watchdog (vigilantes dos EUA,
em tradução livre).
Dois aspectos da nova lei
preocupam mais as organizações, a começar pelo fato de
Paulson ter de prestar contas
de suas ações ao Congresso
apenas a posteriori. Há ainda o
aparente conflito de interesses
que a medida cria, ao autorizar
que o órgão governamental recorra às próprias instituições
para montar o time que definirá justamente quais serão as
empresas ajudadas.
"O pacote de resgate dá ao secretário do Tesouro, Henry
Paulson, poderes inéditos para
recorrer ao setor privado para a
condução do programa -com
uma ausência notável de regras
claras", disse a Taxpayers, em
nota. "Agências de vigilância ao
governo terão acesso a informações, mas só poderão torná-las públicas depois que as iniciativas já tiverem sido executadas e pagas. Ou seja, só saberemos quanto foi perdido depois que já tiver sido perdido."
Outra crítica é a ampliação
exagerada de poderes de Paulson. Um dos itens define "ativos problemáticos" como
"qualquer papel que o secretário achar que seja apropriado".
Outro define "instituição financeira" como "qualquer instituição, incluindo, mas não limitado por, associações de
poupança, corretores de valores, seguros de automóveis".
"Na verdade, o Congresso expandiu a autoridade de Paulson
para além do que ele havia pedido, dando a ele o poder de estender esse programa para todo o sistema financeiro", escreveu Steven M. Davidoff, da Universidade de Connecticut.
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