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Pacote europeu tem teste na semana, diz analista
Ação de líderes mundiais vai ditar rumo do mercado
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado financeiro amanhece hoje digerindo o resultado das reuniões entre os líderes
das principais economias do
mundo que se realizaram no final de semana.
Quando a aprovação pelo
Congresso americano do pacote de US$ 700 bilhões de autoria da administração George W.
Bush falhou em devolver a
tranqüilidade aos investidores,
todas as esperanças foram colocadas na atitude dos governantes europeus. Os emergentes, Brasil à frente, também não
se fizeram de rogados e, participando do debate, buscaram fazer a sua importância ser reconhecida. Resta agora saber se as
decisões tomadas terão efeito
em começar a restabelecer a
confiança quebrada.
"O mercado de crédito secou
e, assim, a economia não consegue funcionar", explica Mariam
Dayoub, estrategista-chefe da
Arsenal Investimentos. Para
ela, o anúncio de medidas concretas anti-crise, o que começou há dois dias e deve se estender pelos próximos, representa
um momento decisivo -em
uma crise que há semanas acumula momentos decisivos.
O outro assunto que determinará o humor dos investidores é o ritmo de desaceleração
global, objeto de debate. Nesta
semana, serão divulgados vários indicadores importantes.
Entre os índices do vigor da
economia, destacam-se os números de produção industrial
-na terça, da zona do euro, na
quarta, do Japão, e na quinta,
dos EUA. As vendas no varejo
americano em setembro saem
na quarta. Há, também, os dados acerca de preços: a inflação
ao consumidor será conhecida
no Reino Unido amanhã, na zona do euro, na quarta-feira e
nos EUA, na quinta.
São igualmente esperados
pronunciamentos de autoridades. Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu, fala amanhã e Ben Bernanke, do Fed (Federal Reserve, o banco central americano),
na quarta.
"Os efeitos da crise na inflação demoram um pouco para
aparecer, mas a nossa sensação
é de que vamos começar a observar uma retração das taxas",
destaca Ayoub. Como os indicadores de atividade se referem
ao mês de agosto ainda, não devem refletir a deterioração do
cenário. "Ainda é cedo para a
economia real mostrar isso,
creio que em setembro passaremos a ver."
Sem desespero
No Brasil, as atenções estarão concentradas na atuação do
governo Luiz Inácio Lula da Silva. "É preciso monitorar o mercado local de crédito, que está
sob forte pressão após o fechamento das linhas internacionais. Além disso, seria necessária uma política monetária menos restritiva. Não acredito que
o BC cortará os juros [na próxima reunião do seu Comitê de
Política Monetária], porém vai
acabar parando e olhando mais
para a frente", comenta Ayoub.
Hoje, sai a pesquisa Focus,
uma sondagem do Banco Central com profissionais de bancos e corretoras a respeito das
suas expectativas para a inflação e o crescimento do Brasil.
"Ninguém vai sair imune e, se o
G7 [grupo das sete maiores economias mundiais] não se mostrar unido, o impacto será
maior para todos", frisa Ayoub.
Embora os indicadores econômicos não meçam em tempo
real como a crise está afetando
o país, casos de empresas e setores em dificuldade aparecem
todos os dias. "Existem evidências de uma contração do crédito e de diminuição da demanda", detecta a analista. "No Natal, os consumidores gastarão
menos e as empresas não contratarão tanto quanto. Mas não
tem motivo para pânico. É só se
preparar para os ajustes."
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