São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2008

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Pacote europeu tem teste na semana, diz analista

Ação de líderes mundiais vai ditar rumo do mercado

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro amanhece hoje digerindo o resultado das reuniões entre os líderes das principais economias do mundo que se realizaram no final de semana.
Quando a aprovação pelo Congresso americano do pacote de US$ 700 bilhões de autoria da administração George W. Bush falhou em devolver a tranqüilidade aos investidores, todas as esperanças foram colocadas na atitude dos governantes europeus. Os emergentes, Brasil à frente, também não se fizeram de rogados e, participando do debate, buscaram fazer a sua importância ser reconhecida. Resta agora saber se as decisões tomadas terão efeito em começar a restabelecer a confiança quebrada.
"O mercado de crédito secou e, assim, a economia não consegue funcionar", explica Mariam Dayoub, estrategista-chefe da Arsenal Investimentos. Para ela, o anúncio de medidas concretas anti-crise, o que começou há dois dias e deve se estender pelos próximos, representa um momento decisivo -em uma crise que há semanas acumula momentos decisivos.
O outro assunto que determinará o humor dos investidores é o ritmo de desaceleração global, objeto de debate. Nesta semana, serão divulgados vários indicadores importantes.
Entre os índices do vigor da economia, destacam-se os números de produção industrial -na terça, da zona do euro, na quarta, do Japão, e na quinta, dos EUA. As vendas no varejo americano em setembro saem na quarta. Há, também, os dados acerca de preços: a inflação ao consumidor será conhecida no Reino Unido amanhã, na zona do euro, na quarta-feira e nos EUA, na quinta.
São igualmente esperados pronunciamentos de autoridades. Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu, fala amanhã e Ben Bernanke, do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), na quarta.
"Os efeitos da crise na inflação demoram um pouco para aparecer, mas a nossa sensação é de que vamos começar a observar uma retração das taxas", destaca Ayoub. Como os indicadores de atividade se referem ao mês de agosto ainda, não devem refletir a deterioração do cenário. "Ainda é cedo para a economia real mostrar isso, creio que em setembro passaremos a ver."

Sem desespero
No Brasil, as atenções estarão concentradas na atuação do governo Luiz Inácio Lula da Silva. "É preciso monitorar o mercado local de crédito, que está sob forte pressão após o fechamento das linhas internacionais. Além disso, seria necessária uma política monetária menos restritiva. Não acredito que o BC cortará os juros [na próxima reunião do seu Comitê de Política Monetária], porém vai acabar parando e olhando mais para a frente", comenta Ayoub.
Hoje, sai a pesquisa Focus, uma sondagem do Banco Central com profissionais de bancos e corretoras a respeito das suas expectativas para a inflação e o crescimento do Brasil. "Ninguém vai sair imune e, se o G7 [grupo das sete maiores economias mundiais] não se mostrar unido, o impacto será maior para todos", frisa Ayoub.
Embora os indicadores econômicos não meçam em tempo real como a crise está afetando o país, casos de empresas e setores em dificuldade aparecem todos os dias. "Existem evidências de uma contração do crédito e de diminuição da demanda", detecta a analista. "No Natal, os consumidores gastarão menos e as empresas não contratarão tanto quanto. Mas não tem motivo para pânico. É só se preparar para os ajustes."


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