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Serviço pode ser moeda de troca
DA REPORTAGEM LOCAL
O contraponto das pretensões
brasileiras no comércio agrícola é
a crescente pressão européia para
que os país reduza ainda mais
suas tarifas para produtos industriais e abra o setor de serviços,
que inclui atividades tão díspares
como bancos e escolas.
Sandra Rios, assessora da CNI
(Confederação Nacional da Indústria), diz que o máximo de
concessão que o setor pode fazer é
o corte de 50% nas tarifas proposto pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, nas reuniões que ocorreram em Londres
e Genebra na semana passada.
A União Européia exige uma redução maior, de 75%, que a indústria nacional considera inaceitável. Para o setor, uma queda
agressiva de tarifas iria expor os
fabricantes locais a uma concorrência desleal com os europeus e
os norte-americanos, favorecidos
com taxas de juros mais baixas,
infra-estrutura de Primeiro Mundo e carga tributária menor.
Sobra o setor de serviços como
moeda de troca, Mário Marconini, que foi economista da OMC
(Organização Mundial do Comércio) entre 1988 e 1996, acredita que o país tenha mais a ganhar
do que a perder com a abertura.
Marconini diz que é difícil mensurar o impacto da mudança, mas
lembra que o Brasil já tem um
grau de abertura significativo no
varejo e em telecomunicações,
dois setores que receberam grande volume de investimentos externos nos últimos anos.
Segundo o economista, a Rodada Doha é a primeira na qual os
serviços serão discutidos. Até
agora, o Brasil registrou apenas
30% das regras que aplica ao setor
na OMC, primeiro passo das negociações. Isso significa que o
simples registro dos 70% restantes já significaria concessões.
Depois que o país informa à
OMC as regras que aplica internamente, elas não podem ser modificadas para restringir o acesso de
investimentos estrangeiros. Se isso ocorrer, os demais países têm
de ser compensados.
Apesar do discurso liberalizante, os países em desenvolvimento
têm uma posição ambígua em relação a serviços. Os Estados Unidos, por exemplo, querem abrir
os mercados globais às empresas
aéreas, mas não permitem que estrangeiros controlem as companhias norte-americanas do setor,
observa Marconini.
(CT)
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