São Paulo, domingo, 13 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Serviço pode ser moeda de troca

DA REPORTAGEM LOCAL

O contraponto das pretensões brasileiras no comércio agrícola é a crescente pressão européia para que os país reduza ainda mais suas tarifas para produtos industriais e abra o setor de serviços, que inclui atividades tão díspares como bancos e escolas.
Sandra Rios, assessora da CNI (Confederação Nacional da Indústria), diz que o máximo de concessão que o setor pode fazer é o corte de 50% nas tarifas proposto pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, nas reuniões que ocorreram em Londres e Genebra na semana passada.
A União Européia exige uma redução maior, de 75%, que a indústria nacional considera inaceitável. Para o setor, uma queda agressiva de tarifas iria expor os fabricantes locais a uma concorrência desleal com os europeus e os norte-americanos, favorecidos com taxas de juros mais baixas, infra-estrutura de Primeiro Mundo e carga tributária menor.
Sobra o setor de serviços como moeda de troca, Mário Marconini, que foi economista da OMC (Organização Mundial do Comércio) entre 1988 e 1996, acredita que o país tenha mais a ganhar do que a perder com a abertura.
Marconini diz que é difícil mensurar o impacto da mudança, mas lembra que o Brasil já tem um grau de abertura significativo no varejo e em telecomunicações, dois setores que receberam grande volume de investimentos externos nos últimos anos.
Segundo o economista, a Rodada Doha é a primeira na qual os serviços serão discutidos. Até agora, o Brasil registrou apenas 30% das regras que aplica ao setor na OMC, primeiro passo das negociações. Isso significa que o simples registro dos 70% restantes já significaria concessões.
Depois que o país informa à OMC as regras que aplica internamente, elas não podem ser modificadas para restringir o acesso de investimentos estrangeiros. Se isso ocorrer, os demais países têm de ser compensados.
Apesar do discurso liberalizante, os países em desenvolvimento têm uma posição ambígua em relação a serviços. Os Estados Unidos, por exemplo, querem abrir os mercados globais às empresas aéreas, mas não permitem que estrangeiros controlem as companhias norte-americanas do setor, observa Marconini. (CT)

Texto Anterior: Comércio global: Doha pode produzir mudança "cosmética"
Próximo Texto: Globalização: Ceará vira pólo exportador de grifes de luxo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.