|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mantega admite intervenção no câmbio
Ministro diz que não tem nada preparado para este momento, mas não descarta agir se queda do dólar se acentuar
Segundo ele, preocupação maior é com melhora na avaliação externa brasileira, o "investment grade", que deve ocorrer em 2008
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) admitiu, ontem, que
o dólar está "derretendo" em
relação ao real e não descartou
medidas para tentar conter esse movimento de valorização,
embora afirme que não há um
pacote cambial em elaboração.
"As políticas cambial e monetária têm de ser acompanhadas a todo momento. O governo
pode resolver que agora não
tem o que fazer e amanhã resolver que tem de fazer alguma
coisa. É um monitoramento
permanente, mas eu não tenho
nada preparado que vá ser feito
no momento", afirmou.
Na análise do ministro, apesar do dólar desvalorizado, as
exportações continuam acima
das projeções do mercado, e a
indústria nacional tem conseguido aumentar as vendas ao
mercado interno e compensar
parte do efeito negativo do real
forte. De acordo com Mantega,
"não há nada de grave".
Ele disse que a Fazenda faz
rotineiramente projeções e
análises sobre o câmbio e o impacto sobre a produção e a inflação. A maior preocupação é
com o cenário em que o Brasil
se torne "investment grade",
selo dado por agências de avaliação de risco a países considerados seguros para investir.
O resultado esperado nesse
caso é um aumento no interesse de aplicadores, principalmente estrangeiros, em trazer
dinheiro ao país. Essa entrada
de dólares contribuiria para valorizar ainda mais o real.
Segundo o ministro, uma
mudança no cenário internacional, como a quebra de um
grande banco nos EUA, por
exemplo, poderia exigir do governo medidas na área cambial
caso o dólar "derretesse completamente". Para ele, atualmente o dólar está "derretendo
um pouco, digamos".
Mantega citou como exemplo a crise no mercado imobiliário dos EUA. No momento
mais agudo, no fim de julho e
início de agosto, o governo brasileiro se preparou para oferecer empréstimos caso os bancos nacionais ficassem sem recursos para fechar o caixa diário e também para recomprar
títulos públicos, mas não foi necessário agir.
O governo já tentou adotar
medidas setoriais para conter
os efeitos do câmbio forte. Em
junho, a Fazenda autorizou linhas subsidiadas de financiamento para setores como móveis, têxteis e calçados, os mais
afetados pelo câmbio.
A medida provisória que autorizou as operações, no entanto, teve que ser retirada da pauta da Câmara porque impediam
a votação da emenda constitucional que prorroga a CPMF.
Só em outubro as linhas de crédito foram regulamentadas.
Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: O petróleo e a besteira são nossos Próximo Texto: Não faltarão recursos para a exploração, diz Petrobras Índice
|