São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2008

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Caixa libera R$ 2 bilhões para varejistas

Foco da linha de crédito são comerciantes de pequeno e médio portes, já que as grandes redes têm parceria com bancos e financeiras

Juro cobrado do cliente será decidido junto com o banco, de acordo com o mercado de cada lojista, para tentar acirrar a concorrência

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

A ajuda do governo para tentar minimizar os efeitos da crise internacional chega agora ao varejo. A Caixa Econômica Federal lançou uma linha de R$ 2 bilhões destinada principalmente a pequenos e médios varejistas para o financiamento de bens de consumo, como eletrodomésticos, eletrônicos, móveis e material de construção. O montante representa 17% do volume de recursos destinado a pessoa física para aquisição de bens em setembro (R$ 11,7 bilhões), exceto veículos, segundo o Banco Central.
Com foco na população de baixa renda, o limite do financiamento é de R$ 10 mil, com pagamento em até 24 meses.
Não haverá juros para o varejista, e a taxa cobrada ao cliente será decidida com o banco, de acordo com o mercado de cada lojista, no intuito de acirrar a concorrência no setor.
As parcelas poderão ser pagas por meio de boleto bancário ou com débito em conta corrente, para os clientes da Caixa.
Milton Kruger, superintendente de clientes de renda básica da CEF, nega pressões políticas e afirma que a linha vinha sendo elaborada há mais de um ano e não foi criada por causa da crise. O objetivo, diz, é liberar o capital de giro dos comerciantes, que vinha sendo usado para financiar a compra dos clientes, para expansão das lojas ou aquisição de produtos.
Ontem, quatro varejistas -América Móveis (SC), Tradição Móveis (PE), Certel (RS) e Baú Crediário (SP)- assinaram contratos com a Caixa. Esse último faz parte do Grupo Sílvio Santos e tem 11 lojas no Estado.
Segundo o presidente do Baú, Luiz Sandoval, a crise ainda não provocou queda nas vendas da rede. A parceria que tinha com o PanAmericano, também do grupo, havia sido trocada por outra financeira, mas a rede agora vai atuar apenas com a Caixa.
O economista da Fecomercio-SP, Altamiro Carvalho, diz que o pequeno varejista sempre teve dificuldades em competir com as grandes redes, que fazem parcerias com bancos e financeiras. Ele ressalta que o principal entrave ao consumo não deve ser a falta de crédito, mas a cautela do consumidor em ir às compras com a crise. Pesquisa feita pela federação em outubro sobre os efeitos da turbulência mostrou que desemprego e inflação lideram os temores dos paulistanos.
Para Alencar Burti, presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), a medida da Caixa é importante também por deixar o pequeno empresário mais seguro, afastando receios sobre redução de pessoal, "o que seria um tiro no pé".
As vendas de material de construção, que vinham com alta de 9,5% no acumulado do ano até setembro, caíram para 9% com a inclusão de outubro e devem ceder ainda mais em novembro, de acordo com o presidente da Anamaco (associação dos comerciantes do setor), Cláudio Elias Conz.
Em Manaus, segundo o sindicato dos metalúrgicos local, houve 1.733 demissões no setor industrial em outubro, 95% a mais do que no mesmo mês do ano passado. "O crédito difícil e caro era um inibidor das compras. Se a Caixa abre uma linha especial com juros menores ou facilitada, isso, sem dúvida alguma, é bem-vindo tanto pela indústria como pelo comércio", disse Flávio Dutra, diretor-executivo da Federação da Indústria do Estado do Amazonas.

Colaborou a Agência Folha, em Manaus



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