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Caixa libera R$ 2 bilhões para varejistas
Foco da linha de crédito são comerciantes de pequeno e médio portes, já que as grandes redes têm parceria com bancos e financeiras
Juro cobrado do cliente será decidido junto com o banco, de acordo com o mercado de cada lojista, para tentar acirrar a concorrência
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
A ajuda do governo para tentar minimizar os efeitos da crise internacional chega agora ao
varejo. A Caixa Econômica Federal lançou uma linha de R$ 2
bilhões destinada principalmente a pequenos e médios varejistas para o financiamento
de bens de consumo, como eletrodomésticos, eletrônicos,
móveis e material de construção. O montante representa
17% do volume de recursos destinado a pessoa física para aquisição de bens em setembro (R$
11,7 bilhões), exceto veículos,
segundo o Banco Central.
Com foco na população de
baixa renda, o limite do financiamento é de R$ 10 mil, com
pagamento em até 24 meses.
Não haverá juros para o varejista, e a taxa cobrada ao cliente
será decidida com o banco, de
acordo com o mercado de cada
lojista, no intuito de acirrar a
concorrência no setor.
As parcelas poderão ser pagas por meio de boleto bancário
ou com débito em conta corrente, para os clientes da Caixa.
Milton Kruger, superintendente de clientes de renda básica da CEF, nega pressões políticas e afirma que a linha vinha
sendo elaborada há mais de um
ano e não foi criada por causa
da crise. O objetivo, diz, é liberar o capital de giro dos comerciantes, que vinha sendo usado
para financiar a compra dos
clientes, para expansão das lojas ou aquisição de produtos.
Ontem, quatro varejistas
-América Móveis (SC), Tradição Móveis (PE), Certel (RS) e
Baú Crediário (SP)- assinaram
contratos com a Caixa. Esse último faz parte do Grupo Sílvio
Santos e tem 11 lojas no Estado.
Segundo o presidente do
Baú, Luiz Sandoval, a crise ainda não provocou queda nas
vendas da rede. A parceria que
tinha com o PanAmericano,
também do grupo, havia sido
trocada por outra financeira,
mas a rede agora vai atuar apenas com a Caixa.
O economista da Fecomercio-SP, Altamiro Carvalho, diz
que o pequeno varejista sempre teve dificuldades em competir com as grandes redes, que
fazem parcerias com bancos e
financeiras. Ele ressalta que o
principal entrave ao consumo
não deve ser a falta de crédito,
mas a cautela do consumidor
em ir às compras com a crise.
Pesquisa feita pela federação
em outubro sobre os efeitos da
turbulência mostrou que desemprego e inflação lideram os
temores dos paulistanos.
Para Alencar Burti, presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), a medida da
Caixa é importante também
por deixar o pequeno empresário mais seguro, afastando receios sobre redução de pessoal,
"o que seria um tiro no pé".
As vendas de material de
construção, que vinham com
alta de 9,5% no acumulado do
ano até setembro, caíram para
9% com a inclusão de outubro e
devem ceder ainda mais em novembro, de acordo com o presidente da Anamaco (associação
dos comerciantes do setor),
Cláudio Elias Conz.
Em Manaus, segundo o sindicato dos metalúrgicos local,
houve 1.733 demissões no setor
industrial em outubro, 95% a
mais do que no mesmo mês do
ano passado. "O crédito difícil e
caro era um inibidor das compras. Se a Caixa abre uma linha
especial com juros menores ou
facilitada, isso, sem dúvida alguma, é bem-vindo tanto pela
indústria como pelo comércio",
disse Flávio Dutra, diretor-executivo da Federação da Indústria do Estado do Amazonas.
Colaborou a Agência Folha, em Manaus
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