São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Banco público amplia vantagem no crédito

Em 12 meses, BB e Caixa aumentaram a sua participação de 32,9% para 40,3% no total de empréstimos do mercado

Após retração no crédito devido à crise, especialistas previam avanço dos bancos privados nos financiamentos, o que só deve ocorrer no 4º tri


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não foi no terceiro trimestre que os bancos privados expandiram o crédito, como era esperado. Mais uma vez, a concessão de empréstimos ficou concentrada nas mãos dos bancões públicos. Tanto que a participação de suas carteiras no total do mercado teve forte expansão.
Em 12 meses, encerrados em setembro, Banco do Brasil e Caixa Econômica viram sua participação subir de 32,9% para 40,3% do total. Os dados, compilados pela consultoria Austin Rating, consideraram os resultados de 13 instituições financeiras que apresentaram seus balanços até o momento.
Enquanto o conjunto dos 13 bancos analisados mostrou crescimento médio de 19,4% na carteira de crédito em 12 meses, se forem considerados apenas os gigantes públicos esse aumento salta para 51%.
"Os grandes bancos privados tiveram crescimento modesto nos últimos trimestres. Começou a haver um início de melhora da economia no começo do segundo semestre, com o comércio vendendo mais e as empresas repondo estoques. Mas leva algum tempo até os bancos passarem a elevar de fato a concessão de crédito", diz Luis Miguel Santacreu, analista financeiro da Austin Rating.
Na semana passada, ao anunciar os resultados do Bradesco, o presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou que os bancos públicos exerceram um papel anticíclico durante a crise, o que explica a diferença de comportamento dos segmentos.
Com o agravamento da crise, no segundo semestre de 2008, os bancos privados optaram por restringir o crédito, temerosos de que o esfriamento econômico e o aumento do desemprego se refletissem na elevação da inadimplência -o que de fato ocorreu. Para a economia não travar, o governo "acionou" as instituições públicas para que mantivessem a oferta de recursos em alta.
Analistas contavam com a ampliação das carteiras já a partir do terceiro trimestre deste ano, o que acabou por não ocorrer. Entre o segundo e o terceiro trimestre, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander viram suas carteiras de crédito terem expansão média de 0,7%. No caso do Banco do Brasil -excluindo-se a absorção de Votorantim e Nossa Caixa-, o aumento foi de 13,1%.
"Não acho que a demanda por empréstimos no país esteja fraca neste momento, mas quem está puxando o crédito neste ano são, de fato, os bancos públicos", afirmou Mariana Taddeo, analista de bancos da Link Investimentos.

Futuro melhor
Mas a partir deste último trimestre de 2009 o ritmo vai mudar. Ao menos é o que preveem os maiores bancos do país. Na avaliação dos executivos das grandes instituições financeiras, que está em linha com o que afirmam os analistas, o pico da inadimplência ficou para trás, e a expansão do crédito vai retomar o fôlego.
Desde 2006 o crédito passou a ser um dos grandes fomentadores dos lucros do setor bancário. Até 2008, a expansão das carteiras dos grandes privados girou entre 30% e 35%. Para 2009, a expectativa é que tenha crescimento em torno de 10%. Em 2010, fala-se em expansão acima de 20%. "O terceiro trimestre ainda se mostrou transitório, com inadimplência para cima e crédito contido. Mas a partir do quarto trimestre, isso deve mudar e, consequentemente, a distância entre os bancos públicos e os privados vai diminuir", diz Santacreu.
A manutenção da oferta de crédito em ritmo acelerado -somada à aquisição de metade do Votorantim- fez com que o BB expandisse sua vantagem como o maior banco do país. O BB encerrou setembro com ativos totais de R$ 685,68 bilhões. O Itaú Unibanco, que perdeu a posição de líder para o BB no fim do primeiro semestre por muito pouco, ficou agora bem atrás, com ativos de R$ 612,4 bilhões. O Bradesco encerrou o trimestre com ativos de R$ 485,7 bilhões, à frente da Caixa, com R$ R$ 341,9 bilhões.


Texto Anterior: Luiz Carlos Mendonça de Barros: Apagão: um sinal dos deuses?
Próximo Texto: BB lucra R$ 1,98 bi e aumenta liderança em ativos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.