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Banco público amplia vantagem no crédito
Em 12 meses, BB e Caixa aumentaram a sua participação de 32,9% para 40,3% no total de empréstimos do mercado
Após retração no crédito devido à crise, especialistas previam avanço dos bancos privados nos financiamentos, o que só deve ocorrer no 4º tri
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não foi no terceiro trimestre
que os bancos privados expandiram o crédito, como era esperado. Mais uma vez, a concessão de empréstimos ficou concentrada nas mãos dos bancões
públicos. Tanto que a participação de suas carteiras no total do
mercado teve forte expansão.
Em 12 meses, encerrados em
setembro, Banco do Brasil e
Caixa Econômica viram sua
participação subir de 32,9% para 40,3% do total. Os dados,
compilados pela consultoria
Austin Rating, consideraram os
resultados de 13 instituições financeiras que apresentaram
seus balanços até o momento.
Enquanto o conjunto dos 13
bancos analisados mostrou
crescimento médio de 19,4% na
carteira de crédito em 12 meses, se forem considerados apenas os gigantes públicos esse
aumento salta para 51%.
"Os grandes bancos privados
tiveram crescimento modesto
nos últimos trimestres. Começou a haver um início de melhora da economia no começo
do segundo semestre, com o comércio vendendo mais e as empresas repondo estoques. Mas
leva algum tempo até os bancos
passarem a elevar de fato a concessão de crédito", diz Luis Miguel Santacreu, analista financeiro da Austin Rating.
Na semana passada, ao anunciar os resultados do Bradesco,
o presidente da instituição,
Luiz Carlos Trabuco Cappi,
afirmou que os bancos públicos
exerceram um papel anticíclico
durante a crise, o que explica a
diferença de comportamento
dos segmentos.
Com o agravamento da crise,
no segundo semestre de 2008,
os bancos privados optaram
por restringir o crédito, temerosos de que o esfriamento econômico e o aumento do desemprego se refletissem na elevação da inadimplência -o que
de fato ocorreu. Para a economia não travar, o governo
"acionou" as instituições públicas para que mantivessem a
oferta de recursos em alta.
Analistas contavam com a
ampliação das carteiras já a
partir do terceiro trimestre
deste ano, o que acabou por não
ocorrer. Entre o segundo e o
terceiro trimestre, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander
viram suas carteiras de crédito
terem expansão média de 0,7%.
No caso do Banco do Brasil
-excluindo-se a absorção de
Votorantim e Nossa Caixa-, o
aumento foi de 13,1%.
"Não acho que a demanda
por empréstimos no país esteja
fraca neste momento, mas
quem está puxando o crédito
neste ano são, de fato, os bancos públicos", afirmou Mariana
Taddeo, analista de bancos da
Link Investimentos.
Futuro melhor
Mas a partir deste último trimestre de 2009 o ritmo vai mudar. Ao menos é o que preveem
os maiores bancos do país. Na
avaliação dos executivos das
grandes instituições financeiras, que está em linha com o
que afirmam os analistas, o pico da inadimplência ficou para
trás, e a expansão do crédito vai
retomar o fôlego.
Desde 2006 o crédito passou
a ser um dos grandes fomentadores dos lucros do setor bancário. Até 2008, a expansão das
carteiras dos grandes privados
girou entre 30% e 35%. Para
2009, a expectativa é que tenha
crescimento em torno de 10%.
Em 2010, fala-se em expansão
acima de 20%. "O terceiro trimestre ainda se mostrou transitório, com inadimplência para cima e crédito contido. Mas a
partir do quarto trimestre, isso
deve mudar e, consequentemente, a distância entre os
bancos públicos e os privados
vai diminuir", diz Santacreu.
A manutenção da oferta de
crédito em ritmo acelerado
-somada à aquisição de metade do Votorantim- fez com
que o BB expandisse sua vantagem como o maior banco do
país. O BB encerrou setembro
com ativos totais de R$ 685,68
bilhões. O Itaú Unibanco, que
perdeu a posição de líder para o
BB no fim do primeiro semestre por muito pouco, ficou agora bem atrás, com ativos de R$
612,4 bilhões. O Bradesco encerrou o trimestre com ativos
de R$ 485,7 bilhões, à frente da
Caixa, com R$ R$ 341,9 bilhões.
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