São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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BB lucra R$ 1,98 bi e aumenta liderança em ativos

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com os concorrentes privados ainda tímidos no crédito, o Banco do Brasil acelerou a concessão de novos empréstimos no terceiro trimestre e seguiu ganhando mercado.
O BB teve lucro líquido de R$ 1,979 bilhão no terceiro trimestre, 6% acima do registrado no mesmo período de 2008 e 2,3% maior do que no trimestre anterior. O resultado ficou acima do R$ 1,811 bilhão do Bradesco, mas abaixo dos R$ 2,268 bilhões do Itaú Unibanco.
Com a agressividade no crédito e com as aquisições, o BB encerrou setembro com R$ 685,7 bilhões em ativos, bastante à frente do rival Itaú Unibanco (R$ 612 bilhões), que perdeu a liderança em porte no final do primeiro semestre. O Bradesco segue em terceiro, com R$ 485,7 bilhões.
Pela primeira vez, o BB incluiu 50% do Banco Votorantim, comprado em janeiro, que trouxe R$ 45 bilhões.
Mas foi a agressividade do BB na expansão do crédito que mais surpreendeu. O banco ampliou sua participação no crédito de 18,7% para 20,1% de junho para setembro, encostando nos 20% do rival Itaú.
A carteira total de empréstimos do BB, incluindo avais e fianças, ultrapassou em setembro os R$ 300 bilhões, crescendo em ritmo anual de 41,1%, bastante acima dos 16,2% do mercado como um todo.
Na conta, estão os empréstimos feitos pela Nossa Caixa e metade do Votorantim. Descontando-se os dois bancos e os avais, o BB teve crescimento ainda agressivo, de 26%.

"Spread"
Para avançar no crédito, porém, o BB teve reduzidas suas margens de ganho, possivelmente com a redução dos "spreads" [diferença entre juro de captação e repassado ao cliente]. Segundo a Austin Ratings, o retorno sobre o patrimônio líquido, indicador de rentabilidade do acionista, recuou de 28% no terceiro trimestre de 2008 para 23,7% no último trimestre. Mesmo assim, segue acima dos 18,7% de Itaú e dos 20,3% do Bradesco.
Para o presidente do BB, Aldemir Bendine, os bancos privados devem agora avançar com mais fôlego para retomar o espaço perdido. "Como a gente tem condições privilegiadas em relação a custo, qualificação de profissionais, diferenciais em relação à capilaridade, a gente imagina que continue crescendo acima do mercado", disse.
Apesar da forte expansão, o BB não teve piora na qualidade dos empréstimos, principal preocupação dos bancos privados durante a crise. A inadimplência acima de 90 dias dos clientes pessoa física atingiu o pico de 5,9% em março, mas já desceu a 5,2% em setembro. No caso das empresas, os atrasos também recuaram -passaram do pico de 3,2% em junho para 3,1% em setembro.
"O BB cresceu com consignado e veículos, modalidades de baixo risco. Aproveitou o IPI [menor] para emprestar. A compra do Votorantim, forte em veículos, caiu como uma luva", diz Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Ratings.
Após esse crescimento, o BB está hoje com a menor capitalização entre os grandes bancos, o que leva o mercado a cogitar um aumento de capital em breve. Segundo Bendine, o BB ainda tem folga para conceder mais R$ 100 bilhões em financiamentos. Para elevar o capital, o banco captou US$ 1,5 bilhão em outubro com títulos perpétuos. "O BB deverá fazer em algum momento um aumento de capital", disse João Augusto Salles, da Lopes Filho.


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