São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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Deficit fiscal bate recorde, e EUA preparam cortes

Ano fiscal começa com rombo de US$ 176 bi, e governo vai reestruturar Orçamento

Dinheiro de ajuda a bancos pode ser usado para abater deficit; país quer tranquilizar investidor que financia dívida comprando títulos públicos


FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O ano fiscal de 2010 começou em outubro nos EUA com um rombo de US$ 176,3 bilhões nas contas públicas. O deficit é recorde para o primeiro mês do ciclo, que terminará em setembro de 2011.
Com as contas federais em 2010 na direção da pior situação no pós-Segunda Guerra, a Casa Branca já se prepara para estruturar rapidamente o Orçamento de 2011.
O objetivo é tranquilizar os investidores que financiam o país comprando títulos do Tesouro. E passar o sinal de que os EUA perseguirão um equilíbrio apesar da crise.
A Casa Branca quer evitar o desgaste de ser obrigada a pedir ao Congresso um aumento do teto para o endividamento federal, hoje de US$ 12,1 trilhões (o equivalente a quase um PIB americano). Em 2009, o deficit foi de US$ 1,2 trilhão.
O Office of Management and Budget, que prepara e fiscaliza o Orçamento, já solicitou a todas as agências federais (com exceção das áreas de defesa e veteranos de guerra) que apresentem nas próximas semanas dois cenários para 2011: congelamento de despesas nos níveis de 2010 e corte de 5%.
Até o dia 5, também deverão ser fechadas propostas para simplificar o recolhimento de tributos e elevar alíquotas para empresas e pessoas mais ricas.
A tentativa de realizar os dois movimentos em conjunto é evitar a crítica de que o governo apenas aumentará impostos para continuar gastando mais.
O governo também deixou flutuar a ideia de que poderá usar parte do dinheiro aprovado no final de 2008 para ajudar o sistema financeiro na diminuição do deficit ao longo de 2010. Dos US$ 700 bilhões do programa, conhecido como Tarp, o governo teria cerca de US$ 210 bilhões disponíveis.
A ideia é reservar uma parte para eventuais resgates futuros de bancos e outras empresas e dar baixa no resto neste ou no próximo ano fiscal.
Já sobre o capital injetado nos bancos, o chefe da equipe nomeada pelo Congresso para fiscalizar o programa, Neil Barofsky, disse ontem que "quase certamente" o governo não vai recuperar parte do dinheiro.
Até agora, vários bancos devolveram US$ 70 bilhões do capital público recebido. Outros US$ 50 bilhões também devem voltar nos próximos 18 meses.
Mas Barofsky já admitiu que boa parte do dinheiro colocado na AIG e na GM (hoje empresas com controle estatal) deve ser definitivamente perdida.
Além de perdas maciças com vários programas que incluem de socorro a bancos a subsídios para consumidores comprarem carros e casas, o governo dos EUA sofre há meses com a diminuição da receita de impostos por conta da recessão.
O rombo de US$ 176,3 bilhões de outubro foi US$ 20 bilhões maior que o do mesmo mês em 2008. A receita tributária no período caiu 18% sobre outubro do ano passado (e foi a menor em sete anos).
Sem sinais ainda consistentes de recuperação sustentada, principalmente no emprego, o governo teme que investidores passem a exigir no futuro mais remuneração para comprar títulos do Tesouro e financiá-lo. Isso significaria subir os juros, encarecendo o custo do dinheiro e freando a economia.
No mercado de trabalho, o país divulgou que os pedidos de seguro-desemprego caíram ao menor nível desde janeiro. O indicador sugere que o ritmo dos cortes caiu, mas o desemprego foi a 10,2% em outubro.


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