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Deficit fiscal bate recorde, e EUA preparam cortes
Ano fiscal começa com rombo de US$ 176 bi, e governo vai reestruturar Orçamento
Dinheiro de ajuda a bancos
pode ser usado para abater
deficit; país quer tranquilizar
investidor que financia dívida
comprando títulos públicos
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
O ano fiscal de 2010 começou
em outubro nos EUA com um
rombo de US$ 176,3 bilhões nas
contas públicas. O deficit é recorde para o primeiro mês do
ciclo, que terminará em setembro de 2011.
Com as contas federais em
2010 na direção da pior situação no pós-Segunda Guerra, a
Casa Branca já se prepara para
estruturar rapidamente o Orçamento de 2011.
O objetivo é tranquilizar os
investidores que financiam o
país comprando títulos do Tesouro. E passar o sinal de que os
EUA perseguirão um equilíbrio
apesar da crise.
A Casa Branca quer evitar o
desgaste de ser obrigada a pedir
ao Congresso um aumento do
teto para o endividamento federal, hoje de US$ 12,1 trilhões
(o equivalente a quase um PIB
americano). Em 2009, o deficit
foi de US$ 1,2 trilhão.
O Office of Management and
Budget, que prepara e fiscaliza
o Orçamento, já solicitou a todas as agências federais (com
exceção das áreas de defesa e
veteranos de guerra) que apresentem nas próximas semanas
dois cenários para 2011: congelamento de despesas nos níveis
de 2010 e corte de 5%.
Até o dia 5, também deverão
ser fechadas propostas para
simplificar o recolhimento de
tributos e elevar alíquotas para
empresas e pessoas mais ricas.
A tentativa de realizar os dois
movimentos em conjunto é
evitar a crítica de que o governo
apenas aumentará impostos
para continuar gastando mais.
O governo também deixou
flutuar a ideia de que poderá
usar parte do dinheiro aprovado no final de 2008 para ajudar
o sistema financeiro na diminuição do deficit ao longo de
2010. Dos US$ 700 bilhões do
programa, conhecido como
Tarp, o governo teria cerca de
US$ 210 bilhões disponíveis.
A ideia é reservar uma parte
para eventuais resgates futuros
de bancos e outras empresas e
dar baixa no resto neste ou no
próximo ano fiscal.
Já sobre o capital injetado
nos bancos, o chefe da equipe
nomeada pelo Congresso para
fiscalizar o programa, Neil Barofsky, disse ontem que "quase
certamente" o governo não vai
recuperar parte do dinheiro.
Até agora, vários bancos devolveram US$ 70 bilhões do capital público recebido. Outros
US$ 50 bilhões também devem
voltar nos próximos 18 meses.
Mas Barofsky já admitiu que
boa parte do dinheiro colocado
na AIG e na GM (hoje empresas
com controle estatal) deve ser
definitivamente perdida.
Além de perdas maciças com
vários programas que incluem
de socorro a bancos a subsídios
para consumidores comprarem carros e casas, o governo
dos EUA sofre há meses com a
diminuição da receita de impostos por conta da recessão.
O rombo de US$ 176,3 bilhões de outubro foi US$ 20 bilhões maior que o do mesmo
mês em 2008. A receita tributária no período caiu 18% sobre
outubro do ano passado (e foi a
menor em sete anos).
Sem sinais ainda consistentes de recuperação sustentada,
principalmente no emprego, o
governo teme que investidores
passem a exigir no futuro mais
remuneração para comprar títulos do Tesouro e financiá-lo.
Isso significaria subir os juros,
encarecendo o custo do dinheiro e freando a economia.
No mercado de trabalho, o
país divulgou que os pedidos de
seguro-desemprego caíram ao
menor nível desde janeiro. O
indicador sugere que o ritmo
dos cortes caiu, mas o desemprego foi a 10,2% em outubro.
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