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MÍDIA
Fundo quer intervir em negociação
Investidor vai à Justiça contra Globopar em NY
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Um fundo de investimentos
norte-americano entrou com
ação judicial, nos Estados Unidos,
contra a Globopar (Globo Comunicações e Participações), empresa-mãe da família Marinho, pedindo que a Justiça intervenha na
renegociação da dívida externa da
empresa e determine as condições de pagamento aos credores.
O pedido foi feito, anteontem,
em uma corte de falências em Nova York, pelo fundo de investimentos W.R Huff, de Nova Jersey.
O fundo é especializado em comprar títulos de dívidas de empresas em dificuldade, apostando
que elas irão se recuperar.
Este tipo de investidor é conhecido no mercado financeiro como
"fundo abutre", pois tira proveito
do momento de dificuldades das
empresas, quando os papéis podem ser comprados com grandes
descontos no mercado.
Segundo o presidente da Globopar, Ronnie Vaz Moreira, a Huff
possui títulos correspondentes a
5% da dívida total da companhia.
Os papéis da empresa são negociados atualmente no mercado financeiro norte-americano com
desconto de 60% sobre o valor de
face, segundo informações da
empresa.
A Globopar tem dívidas de US$
1,9 bilhão (cerca de R$ 5,6 bilhões)
e suspendeu o pagamento aos
credores em outubro do ano passado. Grande parte da dívida
(US$ 1,16 bilhão) é garantida pela
TV Globo.
Com a suspensão do pagamento, a partir do final do ano passado, todas as dívidas da empresa,
inclusive as contratadas com horizonte de longo prazo, ficaram
passíveis de resgate imediato.
No início do ano, foram constituídos dois comitês de credores
para estabelecer novas condições
de pagamento: um para os bancos
(nacionais e estrangeiros) e outros para os demais credores.
Ao pedir a intervenção da Justiça americana no processo, a W.R
Huff , que fazia parte do segundo
comitê de credores, demonstra
não concordar com as condições
que estão sendo discutidas entre a
empresa e os comitês.
A proposta em discussão incluiria perdão de uma parte da dívida, redução de juros e alongamento do prazo de pagamento.
O presidente da Globopar disse
que a ação judicial não tem repercussão sobre a vida da empresa,
pois ela não possui sede nem receita nos Estados Unidos.
Como a empresa tem sede no
Brasil, a Justiça americana, segundo ele, não pode executar seus
bens para pagar a credores no exterior.
Na tentativa de minimizar a atitude do investidor, Vaz Moreira
qualificou a ação de "equivocada"
e disse que a petição contém erros.
A estratégia da Huff, segundo
especialistas do mercado financeiro, é prejudicar a imagem da
empresa diante do mercado, acelerar a negociação e pressionar
por condições mais favoráveis aos
credores.
De acordo com Vaz Moreira, a
empresa tem reuniões na semana
que vem com os comitês de credores, em São Paulo e em Nova
York.
A Globopar informou que soube da existência da ação na própria quinta-feira, mas que ainda
não foi notificada oficialmente sobre o processo.
A notícia que circulou ontem
entre os investidores norte-americanos era que se tratava de um
pedido de falência. Segundo o
presidente da Globopar, a interpretação era equivocada.
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