ELAINE COTTA
FABIANA FUTEMA
DA FOLHA ONLINE

A executiva Solange Paiva Vieira deixou ontem a direção da Fundação Telos, o fundo de previdência complementar dos empregados da Embratel. Ela será substituída por Roberto Durães de Pinho. A decisão foi divulgada à noite por meio de um comunicado da empresa de telefonia.
Como patrocinadora do fundo de pensão, a Embratel tem um assento no comando da Telos.
Na última segunda-feira, Solange Paiva afirmou que o fundo de pensão estava disposto -e tinha recursos financeiros- a adquirir o controle da Embratel, que domina os mercados de telefonia de longa distância e de transmissão de dados no país.
A empresa está sendo vendida pelo grupo americano MCI, seu atual controlador (a empresa foi privatizada em 1998). Anteontem, o banco Lazard LLC and Weil, que coordena a operação, recebeu as propostas de compra -e a Telos teria feito uma oferta, segundo a Folha apurou. A movimentação não teria agradado à Embratel.
Segundo fontes do setor, o motivo mais provável da demissão seria exatamente o vazamento da operação de compra da Embratel por parte da Telos. Apesar da existência do interesse, o assunto vazou antes da hora.
Solange Paiva foi secretária de Previdência Complementar durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Por causa disso, seu relacionamento com os atuais dirigentes da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, não era dos melhores.
Na época em que ela estava na Secretaria de Previdência Complementar, os atuais dirigentes da Previ eram representantes dos bancários.
Como superintendente da Telos, Solange Paiva nomeou o ex-ministro da Previdência Waldeck Ornélas para a direção da Tupi, o que provocou atritos com a Previ, que também é acionista da empresa e contrária ao nome.
A Folha telefonou para Solange Paiva, mas, até o fechamento desta edição, ela não havia ligado de volta.

Oficial
Na nota, a Embratel informa que a troca de comando foi decidida ontem à noite pelo Conselho de Administração da empresa.
O texto informa que o estatuto da Telos estabelece que a empresa patrocinadora-instituidora da fundação -a Embratel- é que deve indicar seus principais diretores, superintendente, de seguridade e administrativo-financeiro.

Novo diretor
A direção passa a ser exercida por Roberto Durães, que já exerceu diversos cargos, principalmente na área econômico-financeira, dentro da Embratel. Foi chefe dos departamentos Financeiro e de Planejamento e assistente executivo da Diretoria Financeira da Embratel, além de diretor financeiro de outra empresa de grande porte do setor telecomunicações.
A Telos foi criada em agosto de 1975, quando a Embratel fazia parte do sistema Telebrás. Em 1998, a instituição transformou-se em fundo de pensão fechado multipatrocinado.
Hoje administra o patrimônio de mais de 30 mil pessoas, entre participantes ativos, aposentados, pensionistas e dependentes.
A Telos ocupa a quinta posição no ranking dos Fundos de Pensão do Setor Privado, com patrimônio superior a R$ 1,5 bilhão.