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BNDES
Caso AES pode ter "empresa de papel", diz Lessa
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, confirmou ontem que o acordo de renegociação da dívida da
empresa americana AES com a
instituição pode incluir filiais localizadas em paraísos fiscais que
controlem os bens da AES no Brasil, como antecipou a Folha anteontem. Essas filiais são conhecidas como "empresas de papel".
O prazo para o fechamento do
acordo entre o BNDES e a AES
termina na segunda-feira. Pelo
memorando de renegociação da
dívida de US$ 1,2 bilhão (sem encargos) da AES com o banco, assinado em setembro, ficou acertada
a criação de uma nova empresa, a
Novacom, com os principais ativos dos americanos no Brasil.
O principal entrave ao acordo é
a inclusão na Novacom da AES
Tietê, a mais lucrativa subsidiária
da AES no Brasil. As ações da Tietê foram dadas como garantia de
um empréstimo de US$ 300 milhões feito pela AES nos EUA.
"Não estou disposto a abrir mão
da AES Tietê, mas ela pode chegar
às nossas mãos diretamente ou a
partir do nosso controle sobre as
empresas de papel que controlem
a AES Tietê. É uma alternativa da
negociação, mas, no momento,
não estou dizendo nem sim nem
não", afirmou ontem Lessa.
A Novacom teria 50% menos
uma ação de participação do
BNDES e 50% mais uma ação de
participação da AES. Além da
AES Tietê, a empresa controlaria
a Eletropaulo (distribuidora de
energia), a AES Uruguaiana (termelétrica) e, possivelmente, a
AES Sul (distribuidora).
Ontem, Lessa afirmou que ainda não sabia se a AES cumpriria
todos os itens do memorando:
"Até agora, eles não cumpriram
um item, mas podem nos oferecer
alternativas. O BNDES não acertará nada com a AES que não envolva a Eletropaulo e a AES Tietê
porque elas formam o binômio
que é decisivo para o coração industrial brasileiro".
Juros
Lessa falou também das perspectivas do banco para 2004. Ele
citou o mercado de capitais como
um dos setores que receberá mais
atenção.
"O BNDES vai estimular muito
o desenvolvimento do mercado
de capitais em 2004. Não fizemos
em 2003 porque, com taxas de juros muito elevadas, é quase impossível atuar dinamizando esse
segmento. Porém, na hora em
que a taxa de juro real cai, e ela
continuará a cair, abre espaço para o BNDES estimular o desenvolvimento desse mercado."
Ele anunciou a criação de um
programa de financiamento de
projetos sociais de empresas. Os
empréstimos serão corrigidos pela TJLP (Taxa de Juros de Longo
Prazo), sem incidência de nenhuma outra taxa. Segundo Lessa, o
banco estima desembolsar, se
houver interesse total das empresas, até 1,5% dos cerca de R$ 10 bilhões destinados à indústria no
orçamento de 2004 do banco.
O programa deve estimular
projetos que beneficiem portadores de deficiência, idosos e estudantes de escolas públicas.
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