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São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 2003

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BNDES

Caso AES pode ter "empresa de papel", diz Lessa

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, confirmou ontem que o acordo de renegociação da dívida da empresa americana AES com a instituição pode incluir filiais localizadas em paraísos fiscais que controlem os bens da AES no Brasil, como antecipou a Folha anteontem. Essas filiais são conhecidas como "empresas de papel".
O prazo para o fechamento do acordo entre o BNDES e a AES termina na segunda-feira. Pelo memorando de renegociação da dívida de US$ 1,2 bilhão (sem encargos) da AES com o banco, assinado em setembro, ficou acertada a criação de uma nova empresa, a Novacom, com os principais ativos dos americanos no Brasil.
O principal entrave ao acordo é a inclusão na Novacom da AES Tietê, a mais lucrativa subsidiária da AES no Brasil. As ações da Tietê foram dadas como garantia de um empréstimo de US$ 300 milhões feito pela AES nos EUA.
"Não estou disposto a abrir mão da AES Tietê, mas ela pode chegar às nossas mãos diretamente ou a partir do nosso controle sobre as empresas de papel que controlem a AES Tietê. É uma alternativa da negociação, mas, no momento, não estou dizendo nem sim nem não", afirmou ontem Lessa.
A Novacom teria 50% menos uma ação de participação do BNDES e 50% mais uma ação de participação da AES. Além da AES Tietê, a empresa controlaria a Eletropaulo (distribuidora de energia), a AES Uruguaiana (termelétrica) e, possivelmente, a AES Sul (distribuidora).
Ontem, Lessa afirmou que ainda não sabia se a AES cumpriria todos os itens do memorando: "Até agora, eles não cumpriram um item, mas podem nos oferecer alternativas. O BNDES não acertará nada com a AES que não envolva a Eletropaulo e a AES Tietê porque elas formam o binômio que é decisivo para o coração industrial brasileiro".

Juros
Lessa falou também das perspectivas do banco para 2004. Ele citou o mercado de capitais como um dos setores que receberá mais atenção.
"O BNDES vai estimular muito o desenvolvimento do mercado de capitais em 2004. Não fizemos em 2003 porque, com taxas de juros muito elevadas, é quase impossível atuar dinamizando esse segmento. Porém, na hora em que a taxa de juro real cai, e ela continuará a cair, abre espaço para o BNDES estimular o desenvolvimento desse mercado."
Ele anunciou a criação de um programa de financiamento de projetos sociais de empresas. Os empréstimos serão corrigidos pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), sem incidência de nenhuma outra taxa. Segundo Lessa, o banco estima desembolsar, se houver interesse total das empresas, até 1,5% dos cerca de R$ 10 bilhões destinados à indústria no orçamento de 2004 do banco.
O programa deve estimular projetos que beneficiem portadores de deficiência, idosos e estudantes de escolas públicas.


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