São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 2008

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Bush agora admite socorrer GM com fundo financeiro

Após Senado barrar ajuda, governo pode usar dinheiro do pacote para Wall Street

GM e Chrysler afirmam que precisam com urgência de recursos; Casa Branca diz que usará "criatividade" para levantar o dinheiro

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Depois que o Senado dos EUA enterrou na noite de anteontem a lei que garantia empréstimos de US$ 14 bilhões à GM e à Chrysler, a Casa Branca interveio e afirmou ontem não vai permitir a falência das montadoras. Em surpreendente reviravolta, o presidente George W. Bush indicou que poderá liberar dinheiro por meio dos fundos do Tarp, como é chamado o pacote de US$ 700 bilhões aprovado pelo Congresso para o resgate de Wall Street.
"Em circunstâncias econômicas normais, preferiríamos que o mercado determinasse o destino final de firmas privadas", disse a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino. "No entanto, dada a fragilidade atual da economia dos EUA, vamos considerar outras opções -inclusive o Tarp- para impedir o colapso das montadoras."
A declaração da Presidência chega quatro dias após Bush barrar, em negociações iniciais, o uso de fundos do Tarp na lei proposta pela Câmara dos Representantes para o empréstimo. O presidente insistiu então que o programa do Tesouro deveria ser reservado apenas para instituições financeiras e argumentou que a legislação do programa não incluía as condições necessárias para sua extensão às empresas automotivas.
Por causa dessa oposição, a lei proposta pelos congressistas na segunda-feira limitou o empréstimo a verbas disponíveis de um fundo já aprovado para inovações tecnológicas.
A Câmara havia aprovado a lei com folga na última quarta, mas legisladores republicanos a barraram no Senado. O centro do impasse, segundo republicanos, foi a recusa do sindicato dos trabalhadores automotivos em permitir cortes profundos de salários e benefícios em 2009. Já democratas afirmam que o problema foi a "teimosia" e "irresponsabilidade" dos republicanos.
A GM (que vai reduzir em 30% a sua produção na América do Norte no primeiro trimestre 2009) e a Chrysler afirmam que podem ficar sem capital de giro em breve, num momento em que as vendas se encaminham para seu nível mais baixo dos últimos 17 anos. A Ford, também envolvida nas negociações, disse que não necessita de empréstimo de curto prazo, preferindo abrir uma linha de crédito federal.
Até o fechamento desta edição, não houve anúncio oficial de liberação do empréstimo. A Casa Branca indicou que poderia gastar todo o final de semana "usando a criatividade" para tornar a ajuda realidade.
Há duas dificuldades para a iniciativa de Bush. Primeiro, os US$ 14 bilhões são praticamente tudo o que resta da primeira metade (US$ 350 bilhões) do Tarp, o que forçaria o Tesouro a pedir para o Congresso a duvidosa liberação adiantada da segunda metade do fundo. Segundo, não se sabe como Bush poderia atrelar o empréstimo às necessárias exigências de restruturação das montadoras.
As incertezas do dia foram refletidas nas ações das empresas no pregão da Bolsa de Nova York. Fortes baixas iniciais tiveram leve recuperação após a sinalização positiva de Bush. Ao final do dia, as ações da GM caíram 4,37%. Já as ações da Ford subiram 4,83%.
Defensores da ajuda emergencial dizem acreditar que, se elas puderem sobreviver até meados de 2009, o novo Congresso -com menos republicanos- conseguirá aprovar um plano de longo prazo para garantir a sobrevivência da indústria, com o apoio do novo presidente, Barack Obama.


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