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Bush agora admite socorrer GM com fundo financeiro
Após Senado barrar ajuda, governo pode usar dinheiro do pacote para Wall Street
GM e Chrysler afirmam que precisam com urgência de recursos; Casa Branca diz que usará "criatividade" para levantar o dinheiro
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Depois que o Senado dos
EUA enterrou na noite de anteontem a lei que garantia empréstimos de US$ 14 bilhões à
GM e à Chrysler, a Casa Branca
interveio e afirmou ontem não
vai permitir a falência das montadoras. Em surpreendente reviravolta, o presidente George
W. Bush indicou que poderá liberar dinheiro por meio dos
fundos do Tarp, como é chamado o pacote de US$ 700 bilhões
aprovado pelo Congresso para
o resgate de Wall Street.
"Em circunstâncias econômicas normais, preferiríamos
que o mercado determinasse o
destino final de firmas privadas", disse a porta-voz da Casa
Branca, Dana Perino. "No entanto, dada a fragilidade atual
da economia dos EUA, vamos
considerar outras opções -inclusive o Tarp- para impedir o
colapso das montadoras."
A declaração da Presidência
chega quatro dias após Bush
barrar, em negociações iniciais,
o uso de fundos do Tarp na lei
proposta pela Câmara dos Representantes para o empréstimo. O presidente insistiu então
que o programa do Tesouro deveria ser reservado apenas para
instituições financeiras e argumentou que a legislação do programa não incluía as condições
necessárias para sua extensão
às empresas automotivas.
Por causa dessa oposição, a
lei proposta pelos congressistas
na segunda-feira limitou o empréstimo a verbas disponíveis
de um fundo já aprovado para
inovações tecnológicas.
A Câmara havia aprovado a
lei com folga na última quarta,
mas legisladores republicanos
a barraram no Senado. O centro do impasse, segundo republicanos, foi a recusa do sindicato dos trabalhadores automotivos em permitir cortes
profundos de salários e benefícios em 2009. Já democratas
afirmam que o problema foi a
"teimosia" e "irresponsabilidade" dos republicanos.
A GM (que vai reduzir em
30% a sua produção na América do Norte no primeiro trimestre 2009) e a Chrysler afirmam que podem ficar sem capital de giro em breve, num momento em que as vendas se encaminham para seu nível mais
baixo dos últimos 17 anos. A
Ford, também envolvida nas
negociações, disse que não necessita de empréstimo de curto
prazo, preferindo abrir uma linha de crédito federal.
Até o fechamento desta edição, não houve anúncio oficial
de liberação do empréstimo. A
Casa Branca indicou que poderia gastar todo o final de semana "usando a criatividade" para
tornar a ajuda realidade.
Há duas dificuldades para a
iniciativa de Bush. Primeiro, os
US$ 14 bilhões são praticamente tudo o que resta da primeira
metade (US$ 350 bilhões) do
Tarp, o que forçaria o Tesouro a
pedir para o Congresso a duvidosa liberação adiantada da segunda metade do fundo. Segundo, não se sabe como Bush poderia atrelar o empréstimo às
necessárias exigências de restruturação das montadoras.
As incertezas do dia foram
refletidas nas ações das empresas no pregão da Bolsa de Nova
York. Fortes baixas iniciais tiveram leve recuperação após a
sinalização positiva de Bush.
Ao final do dia, as ações da GM
caíram 4,37%. Já as ações da
Ford subiram 4,83%.
Defensores da ajuda emergencial dizem acreditar que, se
elas puderem sobreviver até
meados de 2009, o novo Congresso -com menos republicanos- conseguirá aprovar um
plano de longo prazo para garantir a sobrevivência da indústria, com o apoio do novo presidente, Barack Obama.
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