São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 2009

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Endividamento compromete capacidade de consumo em 2010

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O endividamento do brasileiro compromete parte da renda disponível para o consumo em 2010, como ocorreu nos primeiros anos do empréstimo consignado, fato preocupante em um período de recuperação da economia.
O novo endividamento do consumidor brasileiro ocorre em meio ao maior alongamento de prazos já visto, superior até ao do período anterior à crise, segundo o Banco Central.
Em agosto de 2008, os prazos médios no financiamento ao consumo estavam em 193 dias; em outubro deste ano, saltaram para 217 dias.
O comprometimento da renda em 2010 só não preocupa tanto os especialistas porque o cenário que se avizinha é bastante benigno, com forte crescimento da economia e expansão do emprego e da renda.
Na reta final para encerrar 2009, bancos e financeiras estão correndo para recuperar o "tempo perdido" ao longo do ano, quando restringiram a oferta de crédito com receio do aumento da inadimplência.
O mesmo acontece com o consumidor mais rigoroso, que adiou compras de bens e serviços parcelados neste ano até ter certeza de que não tinha o emprego em risco.
"O endividamento atual é bastante saudável e decorre de um consumo represado. Tem muito espaço para crescer. Isso foi provado pelo fato de que, na crise, a inadimplência subiu, mas não explodiu. Não houve explosão de bolha de crédito. Agora, está todo mundo buscando o que deixou de fazer lá atrás", diz o consultor Alvaro Musa, ex-presidente da financeira Fininvest.

Prudência
Para Miguel Oliveira, vice-presidente da Anefac (associação do setor de finanças), os bancos retomaram a concessão de crédito com muita prudência no final de 2009. "Ninguém está deixando a prestação ficar acima de 25% da renda. Os bancos estão todos muito cautelosos. Há uma expansão firme do crédito, mas com critérios."
Sem instrumentos como o cadastro positivo, que permitirá conhecer hábitos de pagamento e o comprometimento da renda, bancos e instituições do varejo não sabem quanto seus clientes devem na concorrência. No país, só existe o compartilhamento das chamadas informações negativas, que dizem respeito aos consumidores com o nome sujo na praça.


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