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Endividamento compromete capacidade de consumo em 2010
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O endividamento do brasileiro compromete parte da renda
disponível para o consumo em
2010, como ocorreu nos primeiros anos do empréstimo
consignado, fato preocupante
em um período de recuperação
da economia.
O novo endividamento do
consumidor brasileiro ocorre
em meio ao maior alongamento de prazos já visto, superior
até ao do período anterior à crise, segundo o Banco Central.
Em agosto de 2008, os prazos
médios no financiamento ao
consumo estavam em 193 dias;
em outubro deste ano, saltaram
para 217 dias.
O comprometimento da renda em 2010 só não preocupa
tanto os especialistas porque o
cenário que se avizinha é bastante benigno, com forte crescimento da economia e expansão do emprego e da renda.
Na reta final para encerrar
2009, bancos e financeiras estão correndo para recuperar o
"tempo perdido" ao longo do
ano, quando restringiram a
oferta de crédito com receio do
aumento da inadimplência.
O mesmo acontece com o
consumidor mais rigoroso, que
adiou compras de bens e serviços parcelados neste ano até ter
certeza de que não tinha o emprego em risco.
"O endividamento atual é
bastante saudável e decorre de
um consumo represado. Tem
muito espaço para crescer. Isso
foi provado pelo fato de que, na
crise, a inadimplência subiu,
mas não explodiu. Não houve
explosão de bolha de crédito.
Agora, está todo mundo buscando o que deixou de fazer lá
atrás", diz o consultor Alvaro
Musa, ex-presidente da financeira Fininvest.
Prudência
Para Miguel Oliveira, vice-presidente da Anefac (associação do setor de finanças), os
bancos retomaram a concessão
de crédito com muita prudência no final de 2009. "Ninguém
está deixando a prestação ficar
acima de 25% da renda. Os bancos estão todos muito cautelosos. Há uma expansão firme do
crédito, mas com critérios."
Sem instrumentos como o
cadastro positivo, que permitirá conhecer hábitos de pagamento e o comprometimento
da renda, bancos e instituições
do varejo não sabem quanto
seus clientes devem na concorrência. No país, só existe o compartilhamento das chamadas
informações negativas, que dizem respeito aos consumidores
com o nome sujo na praça.
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