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VINICIUS TORRES FREIRE
Impostos no limite, despesas em alta
Imposto de Renda deve ser a principal fonte do aumento da arrecadação do governo federal em 2006; e em 2007?
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DURANTE A GRANDE derrama
que financiou o Plano Real e
barbaridades monetárias e
fiscais que o sustentaram politicamente, o governo recorreu a várias
fontes de impostos. Houve aumento
de alíquotas e reforço na cobrança do
Imposto de Renda, na CPMF e na
Cofins. No governo Lula, praticamente cessou o aumento de alíquotas, ou, simplesmente, cessou o aumento dos impostos federais. Houve
o truque do aumento disfarçado da
Cofins, logo em 2003, algum aumento na base de arrecadação e, de resto,
a Receita Federal tornou-se mais capaz de cobrar impostos.
Durante a grande derrama fernandina, e nos seus efeitos marginais no
governo Lula, o aumento da arrecadação do IR e da Cofins contribuiu
com quase 80% do aumento da receita federal de impostos, excluídas
as do INSS. Agora, parece que em
2006 apenas o IR ainda contribuirá
para o crescimento da receita de impostos e contribuições.
A Cofins, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, é
um imposto sobre faturamento de
empresas. No governo Lula, passou a
pesar mais sobre o setor de serviços.
Embora seja necessário detalhar o
impacto do imposto sobre cada setor
empresarial, é difícil imaginar que
grande parte do custo da Cofins não
termine no preço de produtos e serviços, sendo mais um imposto indireto e regressivo, que incide igualmente sobre pobres ou ricos.
O Imposto de Renda, embora permaneça com as mesmas alíquotas,
na prática tem sido reduzido, embora pouco, dadas as correções dos valores da tabela de cálculo de incidência do tributo. É um imposto basicamente cobrado de empresas e sobre a renda das classes média e alta.
Mas parece cada vez mais difícil
extrair receita tributária de empresas e cidadãos. Aumentos de alíquotas têm suscitado os primeiros protestos organizados contra a Receita e
o Tesouro. O crescimento "vegetativo" da arrecadação é cada vez mais
lento, e muita vez devido a receitas
extraordinárias. O baixo crescimento da economia contém o aumento
da base de tributação, e a própria tributação pesada afasta empresas e
trabalhadores da formalidade.
Em algum momento do governo
Lula 2, a arrecadação de impostos
enfim vai chegar ao pico. Tentativas
de arrecadar mais serão social, econômica ou politicamente inviáveis.
Mas os acordos políticos que vêm
sendo firmados sobre a futura distribuição das despesas do Estados
(Previdência, servidores, despesas
sociais vinculadas, reduções de IR,
outros subsídios e desonerações)
não são compatíveis com tal cenário
provável de esgotamento tributário.
Muito menos com o desejo luliano
de fazer o Estado investir mais.
Tal cenário sugere a palavra crise?
Crise fiscal? Sim, mas não uma crise
explosiva, mas uma deterioração
lenta e gradual do resto de racionalidade do emprego dos fundos públicos, com os impactos conhecidos sobre as perspectivas de crescimento.
Férias
Este colunista estará de férias na
próxima semana.
vinit@uol.com.br
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