São Paulo, quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

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Camargo Corrêa propõe fusão à portuguesa Cimpor

Estratégia difere da proposta da CSN, que tentou comprar o controle da cimenteira

Na semana passada, o conselho da Cimpor recusou a proposta da CSN, mas empresa sinalizou que vai continuar na disputa


JoséMota - 25.set.06/"Jornal de Notícias"
Funcionários da Cimpor perto de Coimbra (Portugal); presidente da CSN vai ao país para negociar

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo Camargo Corrêa entregou ontem ao Conselho de Administração da Cimpor uma proposta de fusão entre a sua subsidiária do setor de cimento e a companhia portuguesa.
A ideia, segundo comunicado enviado à CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), em Portugal, é comprar entre 15% e 25% do capital social da Cimpor. Haveria também o pagamento de um extra a todos os acionistas, na forma de dividendos, que poderia chegar a 350 milhões.
Enquanto a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) optou por fazer uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) em dezembro passado para incorporar a cimenteira portuguesa, a Camargo Corrêa preferiu a estratégia de cortejar a Cimpor depois que o conselho da empresa repeliu a investida da concorrente, chamando-a de "hostil e irrelevante".
Seu plano trata de evidenciar cada diferença em relação ao lance dado pela CSN.
Primeiro, a Camargo Corrêa se compromete a vender todos os papeis que por acaso venha a possuir além da parcela do capital social da cimenteira portuguesa que de fato deseja deter, conforme a proposta. Dessa maneira, não ficaria com o controle da empresa.
Além disso, frisa que a companhia criada a partir da união das duas teria sede em Lisboa e suas ações seriam negociadas na Bolsa local. Quando a intenção da CSN foi anunciada, surgiu em Portugal um desconforto diante da possibilidade de que o seu maior grupo não financeiro passasse para as mãos de brasileiros.
Outro argumento é que haveria potencial para elevação da classificação de risco da Cimpor devido às perspectivas de crescimento da nova empresa. Ao rejeitar a tentativa da CSN, na última semana, o conselho da portuguesa disse que temia que o seu "rating" fosse rebaixado no caso de a brasileira ter que fazer dívidas para concretizar a operação.
A divisão de cimento da Camargo Corrêa conta com nove fábricas na Argentina e sete no Brasil, o que lhe dá uma capacidade de produção de 9,1 milhões de toneladas por ano.
Como benefício da junção de atividades, o grupo vê o "reforço da posição da Cimpor entre os líderes mundiais da indústria", afirma o documento.

Rolando os dados
Apesar da contundente recusa do conselho da cimenteira portuguesa, a CSN disse que não desistiria do jogo.
O órgão interno que orienta a gestão da Cimpor deu o seu parecer de que a oferta feita pela brasileira -de 5,75 (cerca de R$ 15) por ação, num total de 3,86 bilhões (R$ 9,8 bilhões) -subavalia a empresa, mas não pode impedir que os acionistas, individualmente, vendam as suas fatias. Para que a transação fosse fechada, seria necessária a adesão dos detentores de 50% mais um dos papeis.
Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, deve viajar a Portugal novamente nesta semana para negociar.
Nenhuma das companhias quis se pronunciar a respeito.


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