São Paulo, quinta, 14 de janeiro de 1999

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TRABALHO
Nível de emprego cai 7,75%
Indústria corta 130 mil vagas em 98

da Reportagem Local

A indústria do Estado de São Paulo fechou 133.330 postos de trabalho no ano passado. Só no mês de dezembro foram reduzidos 18.626 postos de trabalho, uma variação de -1,12% em relação a novembro.
Esse resultado surpreendeu até mesmo a Fiesp, que esperava, para dezembro, um desempenho semelhante ao de novembro, quando a queda do nível de emprego na indústria paulista foi de 0,71% (ou menos 11.913 postos de trabalho).
A avaliação foi feita, ontem, pela diretora do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos da Fiesp, Clarice Seibel. Segundo a economista, a hipótese mais pessimista se aproximava de 1% de queda no número de postos de trabalho em relação a novembro.
Clarice ressaltou que 1998 acumulou a maior redução percentual do nível de emprego do Real. Houve uma redução de 7,75% de postos de trabalho em 98 em relação a 97. Em números absolutos, entretanto, o pior ano foi 1995, quando a redução foi de 149.305 postos.
O problema é que a base de comparação é bem menor em 98 do que era em 96, disse Clarice. "Pode-se concluir que a redução tenha peso maior agora", avaliou.
Desde o início do Real foram cortados 506.821 postos de trabalho. A variação percentual é de -23,27% entre junho de 1994 -mês que serve de base para a pesquisa da Fiesp- e dezembro de 98.
Se a comparação for feita entre os meses de dezembro de cada um dos anos do Real, a situação do último ano também se mostra grave. A segunda pior marca aconteceu em dezembro de 97, quando a variação foi de -1,06% e a melhor foi em dezembro de 96, com -0,41%. Em 98, o resultado de dezembro só foi superado pelo de janeiro, quando foram cortados 27.856 postos.
Tradicionalmente o primeiro trimestre do ano é mais fraco para a indústria. Com os resultados do último trimestre de 98 pouco animadores, tudo indica que a queda no nível de emprego da indústria paulista será ainda mais acentuada no começo deste ano.

Atividade
O nível de atividade da indústria também caiu. Na medição mais recente, divulgada ontem pela Fiesp, a queda foi de 3,4% em novembro em relação a outubro.
Entre janeiro e novembro de 98, a atividade caiu 1,6%, se comparada com igual período de 97. Relativamente a novembro de 97, o indicador dessazonalizado registrou elevação de 0,8%.
Houve um aumento das vendas reais, que, segundo a Fiesp, "reflete a superação parcial do clima de forte incerteza que caracterizou o mês de outubro devido à ameaça iminente de crise cambial". Segundo a economista Clarice Seibel, a alta das vendas representou muito mais a desova de estoques da indústria do que propriamente a retomada do nível de atividade.
Na realidade, diz ela, o aumento das vendas não foi suficiente para evitar nova queda da atividade industrial.



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