São Paulo, quinta, 14 de janeiro de 1999

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CREDORES
Fundo Monetário Internacional foi informado pelo governo brasileiro sobre as mudanças cambiais promovidas no Real
FMI apóia medidas em nota oficial

MARCELO DIEGO
de Nova York

O FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou uma nota oficial, ontem à noite, apoiando as medidas adotadas pelo Brasil.
Segundo o diretor-gerente do Fundo, Michel Camdessus, o organismo havia sido informado pelas autoridades brasileiras sobre a mudança cambial no Real.
A nota reafirmou a confiança da direção do Fundo no cumprimento das medidas do programa fiscal brasileiro. "As autoridades brasileiras reafirmaram a forte determinação de colocar em prática, com a cooperação do Congresso e no menor tempo possível, o programa de ajuste fiscal anunciado em novembro de 1998", afirmou Camdessus.
Para Camdessus, o FMI estará analisando e discutindo nos próximos dias as implicações dos novos rumos da política econômica brasileira. Ontem, a reunião da direção do Fundo passou o dia discutindo a situação brasileira.
A direção é formada por 24 membros, que representam os 182 países membros do Fundo.
Durante as discussões, a direção do FMI manteve contato com o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, e com lideranças do G-7 (Grupo dos Sete, que reúne as economias mais fortes do mundo), reunidas na Alemanha.

Apoio
A direção do Fundo vinha apoiando publicamente a política cambial brasileira. Em dezembro, por exemplo, o vice-diretor-gerente do FMI, Stanley Fischer, negou qualquer estímulo à desvalorização. Ele disse, na ocasião, que o Brasil tinha reservas cambiais suficientes para manter sua moeda.
O FMI liberou em dezembro a primeira parcela (US$ 5,3 bilhões) do pacote de ajuda ao Brasil.
Na aprovação da parcela, o Fundo também havia declarado, por meio de uma nota oficial, apoio à desvalorização gradual do Real, pelo sistema das intrabandas.
O pacote total é de US$ 41,5 bilhões. Ontem, havia rumores circulando no mercado de que o dinheiro não seria suficiente.
A ajuda é uma composição de recursos do FMI, do Bird (Banco Mundial), do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e do BIS (Banco para Compensações Internacionais).
O BID e o Bird entram com US$ 4,5 bilhões cada. O BIS colocará US$ 14,5 bilhões. Essa linha adicional estará disponível nos próximos 12 meses.
A segunda parcela, de US$ 4,5 bilhões, estará disponível no mês que vem, condicionada ao cumprimento das metas estabelecidas pelo governo brasileiro no programa fiscal (apresentado e endossado pelo Fundo).
Outras duas parcelas serão disponibilizadas em 31 de maio (US$ 1,8 bilhão) e 31 de agosto (mesmo valor). O restante será entregue depois de 1999.
O Fundo pode colocar todas as parcelas em disponibilidade do governo brasileiro com um mês de antecedência. Toda a entrega de dinheiro estará condicionada ao cumprimento das metas por parte do governo brasileiro.



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