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Presidência de fato veio há 6 meses
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
O mineiro de Belo Horizonte
Francisco Lafaiete de Pádua Lopes,
53, é tido por amigos e críticos como um economista mais arraigado
aos fundamentos macroeconômicos que seu antecessor na presidência do Banco Central, Gustavo
Franco, e que o ministro da Fazenda, Pedro Malan.
Nos bastidores, conta-se que, no
primeiro semestre de 97, quando o
cenário externo era de relativa
tranquilidade, Franco, então diretor da área externa do Banco Central, e Malan eram favoráveis a
uma maior flexibilização da política cambial, mas se renderam aos
argumentos de Lopes sobre os riscos que isso poderia trazer para a
economia do país.
Presidente de fato
O que se diz também nos bastidores é que havia pelo menos seis
meses ele era o presidente de fato
do Banco Central, enquanto problemas pessoais afastavam cada
vez mais Gustavo Franco da linha
de frente.
Chico Lopes, como é conhecido,
é tido no mercado como um especialista em hiperinflação, uma definição que o economista Estêvão
Kopscjitz, seu ex-sócio na empresa
Macrométrica, considera limitada.
"Ele é um especialista em macroeconomia", define.
Nas folgas, Lopes corre para sua
casa de campo em Petrópolis (região serrana do Rio de Janeiro).
Ali, longe de possíveis ouvidos críticos, se dedica a tocar saxofone e
pistom, a ouvir jazz e a jogar sinuca. Nesta última atividade, segundo quem já viu, é considerado um
perito.
A fama de conhecedor de processos hiperinflacionários vem do final dos anos 80, quando Lopes publicou o segundo dos seus dois livros até agora editados, "O Desafio
da Hiperinflação, em Busca de
uma Moeda Real".
No livro, distribuído em 1989, ele
analisa os avanços dos economistas na compreensão dos processos
inflacionários e propõe a criação
de uma moeda que se chamaria
real.
Para Kopscjitz, era uma época na
qual todos os estudiosos se debruçavam sobre o problema da hiperinflação. Os índices no Brasil já
estavam na casa dos 50% ao mês, e
outros países do mundo, como a
Argentina, também eram assolados por processos hiperinflacionários.
O outro livro de Lopes, "O Choque Heterodoxo: Combate à Inflação e Reforma Monetária", de
1987, também pode ser considerado um texto de época.
Um dos formuladores do Plano
Cruzado (1986, governo Sarney), o
futuro presidente do Banco Central, diferentemente do seu atual
apego aos fundamentos (ortodoxia), defendia a aplicação de um
choque na economia para vencer a
inflação.
Na visão dele e dos seus parceiros
de idéias, a inflação brasileira tinha
uma componente inercial impossível de ser combatida só com ajuste fiscal e política monetária.
O Plano Cruzado teve como
principal característica visível um
congelamento de preços que acabou por gerar desabastecimento
de produtos essenciais, como a
carne.
PUC-RJ
Graduado em economia pela
UFRJ (Universidade Federal do
Rio de Janeiro), pós-graduado na
FGV (Fundação Getúlio Vargas) e
com PhD em Harvard (Massachusetts, Estados Unidos), foi na PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) que Lopes viveu mais intensamente sua carreira acadêmica.
Um dos fundadores do mestrado
em economia da universidade
(1978), após um racha na FGV, ele
formou com Pérsio Arida, André
Lara Resende, Edmar Bacha, todos
também formuladores do Plano
Real, e outros o núcleo do grupo
heterodoxo.
Ressurreição
Passado o momento dos choques
heterodoxos, o papel da PUC-RJ
na condução da política econômica do país se retraiu, para então
ressurgir nos governos Itamar
Franco e Fernando Henrique Cardoso com os mesmos nomes do
Plano Cruzado, somados aos de alguns dos seus alunos mais brilhantes, como Gustavo Franco e Edward Amadeo.
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