São Paulo, quinta, 14 de janeiro de 1999

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MERCADO
Para especialistas de Nova York, mudança cambial foi insuficiente para proteger o real de ataques especulativos
Analistas vêem queda maior

das agências internacionais

O real deverá ser alvo de ataques especulativos nos próximos dias, pois o mercado continuará testando a determinação do governo brasileiro em defender a moeda, afirmavam ontem analistas e operadores em Wall Street, centro financeiro de Nova York.
"O que eles fizeram não é suficiente. Essa é a percepção da maioria das pessoas com quem conversei", afirmou Paul Masco, chefe de mercados emergentes do Salomon Smith Barney, que pertence ao Citigroup. "A mudança que fizeram hoje não é suficiente para recuperar a confiança do mercado".
Operadores disseram ontem que o Brasil provavelmente será forçado a desvalorizar mais a sua moeda, o que pode levar a uma crise semelhante à vivida pelo México em 1995 e pelos países asiáticos a partir de julho de 1997.
"Manter a moeda nos níveis atuais será muito, muito difícil. Em um cenário político pouco claro, desvalorização sempre pede desvalorização", disse Robert Smalley, estrategista de mercados emergentes do HSBC.
O economista Jeffrey Sachs, da Universidade de Harvard, afirmou que o país acerta ao tornar seu regime cambial mais flexível, mas disse que o mercado deverá forçar o país a desvalorizar mais o real.
Segundo Sachs, o país deve deixar a moeda flutuar, pois, se continuar mantendo o câmbio fixo, terá problemas mais uma vez.
Analistas duvidam da possibilidade de queda nas taxas de juros enquanto as expectativas de desvalorização continuarem grandes. "As taxas são altas porque as pessoas esperam uma desvalorização. Os juros só vão cair quando houver segurança de que não haverá outra desvalorização", disse Paul Dickson, analista do Lehman Brothers.
Para Michael Cembalest, gerente de porta-fólio do J.P. Morgan Investments, a mudança no câmbio brasileiro ontem foi muito pequena para possibilitar uma mudança nos juros brasileiros.



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