|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mudança no BC agrada sindicalistas
da Reportagem Loca
A saída de Gustavo Franco da
presidência do Banco Central
agradou sindicalistas da CUT e da
Força Sindical, que classificavam o
polêmico economista como intransigente e principal responsável
pela ortodoxia da política de juros
altos e de câmbio sobrevalorizado.
Apesar da satisfação, a desvalorização do real, resultado da mudança do regime de banda cambial, dividiu opiniões e trouxe incertezas
aos sindicatos sobre a extensão da
crise.
Para Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente nacional da
CUT (Central Única dos Trabalhadores), "Gustavo Franco é uma espécie de tecnocrata que não serve
ao país" e sua saída é positiva.
No entanto, disse o dirigente,
"trocar o presidente do Banco
Central sem mudar a política econômica de juros altos e abertura
comercial indiscriminada não
adianta".
Luiz Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
(CUT), também defende mudanças na política econômica.
"O mais importante é o Fernando Henrique Cardoso assumir que
vários pontos da política econômica precisam de reorientação. Se o
Gustavo Franco topasse mudar a
linha, não teria problema algum
ele ficar, apesar de sua arrogância", declarou o dirigente.
A saída de Gustavo Franco da
presidência do banco Central também foi bem recebida na Força
Sindical, central que apóia FHC.
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Paulo, um dos
principais sindicatos da Força Sindical, disse que vai comemorar a
mudança.
"Gustavo Franco era o dono da
bola. Com Francisco Lopes, as coisas podem melhorar, ele ouve mais
os empresários", avaliou Paulinho.
No entanto, de acordo com o sindicalista, se a crise cambial continuar, a situação vai ficar grave e
impedir a queda dos juros.
Repercussão
Eduardo Gianetti da Fonseca:
"A mudança no câmbio não foi
muito convincente. Não restaura a
confiança. Esperava algo mais incisivo, uma desvalorização mais
forte. Como o governo cedeu pouco, provavelmente teremos novas
turbulências".
Roberto Macedo: "A desvalorização era inevitável. A questão
agora é saber se para nesse patamar. A última trincheira é o câmbio. Se o governo conseguir a desvalorização no patamar atual terá
desfeito boa parte do nó cambial."
Bóris Tabacof, presidente do
conselho superior de economia da
Fiesp: "A mudança ocorrida hoje
foi numa dose adequada e mostra
que a cotação da moeda pode evoluir. O que falta agora para o país
atravessar essa turbulência é obter
o apoio no Congresso às medidas
de ajuste fiscal e conseguir manter
o apoio do sistema financeiro internacional."
Antonio Kandir, deputado federal (PSDB-SP) e ex-ministro do
Planejamento (primeiro mandato
de FHC): "Fecharam a porta do
purgatório. Agora vai ser o céu ou
o inferno. Ou seja, se o ajuste fiscal
for feito e as reformas aprovadas,
tudo ficará bem, caso contrário..."
Bancos
Geraldo Carbone, presidente do
BankBoston: "Mexer no câmbio
quando o país está sofrendo saída
de dólares é sempre delicado, mas,
não necessariamente, o fim do
mundo. Ainda é cedo para avaliar
qual será o desfecho. Tudo dependerá de três variáveis: a reação do
mercado nos próximos dias, a votação das reformas no Congresso e
o entendimento do governo federal com os Estados. Sozinho, o
câmbio não recupera a credibilidade do país. O calcanhar-de-aquíles
do país é o déficit fiscal, que continua a existir."
Roberto Teixeira da Costa, vice-presidente do Conselho de Administração do Banco Sul América e
presidente do Conselho de Empresários da América Latina: "Das três
crises que o Real já enfrentou essa é
a pior. Já estava previsto que haveria uma alteração na política cambial, mas o problema é que hoje estamos no pior dos mundos. Mas
julgar tudo pelo dia de hoje seria
uma injustiça. Amanhã as coisas já
poderão estar mais calmas. Foi
bom que isso acontecesse logo
agora, no início do ano e do segundo mandato do presidente."
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|