UOL


São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANO DO DRAGÃO

IPCA em janeiro bate o recorde para o mês no Real e atinge mais de um quarto do limite de 8,5% para o ano

Inflação chega a 2,25% e já ameaça meta

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Somente no primeiro mês do ano, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor-Amplo), índice oficial do governo, já comprometeu mais de um quarto da meta de 8,5% traçada para 2003. A taxa ficou em 2,25%, divulgou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Houve um repique em relação a dezembro, quando o índice fora de 2,1%, e a variação foi a mais alta num mês de janeiro do Real.
E a inflação deve ficar pressionada nos próximos meses. Sem prever uma taxa, como é praxe do IBGE, Eulina Nunes de Souza, gerente do Departamento de Preços do instituto, lembra que neste mês ocorrerão vários reajustes.
São exemplos os aumentos das mensalidades escolares, da telefonia celular, de parte da telefonia fixa (ligações para celular) e ainda de boa parte dos reajustes dos ônibus -muitas capitais subiram as tarifas no meio de janeiro.
"Os dados [para fevereiro" mostram que o IPCA ainda vai apropriar resultados altos no mês de fevereiro, vindos de reajustes importantes que incorporam a alta do dólar e a inflação antiga", disse, em referência às tarifas públicas, que, em geral, sobem de acordo com o IGP-M. Por causa da pressão cambial, o índice, medido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), soma alta de 27,76% nos últimos 12 meses até janeiro.
Para cumprir a meta, já flexibilizada, a inflação média mensal teria de ser de 0,54% até o final do ano, segundo cálculo do BBV. É menos do que o economista Luiz Afonso Lima, do BBV, prevê para fevereiro: 0,9%.
"Com a atual taxa de juro, há uma dificuldade de atingir a meta. Prevemos que [o IPCA" fique em 9,6% neste ano. A inflação deve começar a cair nos próximos meses, mas numa intensidade menor do que a estimada pelo BC", disse, indicando a necessidade de um novo aumento nos juros. Hoje, o juro básico da economia (taxa Selic) está em 25,5% ao ano.
Marcela Prada, da Tendências Consultoria, considera, porém, que a alta da inflação em janeiro não é uma tendência. Os índices, diz, devem começar a cair gradualmente já em fevereiro, puxados, sobretudo, pelos alimentos. Mesmo assim, prevê um IPCA de 12% para 2003 -acima da meta.


Texto Anterior: Painel S/A
Próximo Texto: Núcleo da inflação cai, mas taxa acumulada preocupa
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.