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ANO DO DRAGÃO
IPCA em janeiro bate o recorde para o mês no Real e atinge mais de um quarto do limite de 8,5% para o ano
Inflação chega a 2,25% e já ameaça meta
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Somente no primeiro mês do
ano, a inflação medida pelo IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor-Amplo), índice oficial do governo, já comprometeu mais de
um quarto da meta de 8,5% traçada para 2003. A taxa ficou em
2,25%, divulgou ontem o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística).
Houve um repique em relação a
dezembro, quando o índice fora
de 2,1%, e a variação foi a mais alta
num mês de janeiro do Real.
E a inflação deve ficar pressionada nos próximos meses. Sem
prever uma taxa, como é praxe do
IBGE, Eulina Nunes de Souza, gerente do Departamento de Preços
do instituto, lembra que neste
mês ocorrerão vários reajustes.
São exemplos os aumentos das
mensalidades escolares, da telefonia celular, de parte da telefonia
fixa (ligações para celular) e ainda
de boa parte dos reajustes dos
ônibus -muitas capitais subiram
as tarifas no meio de janeiro.
"Os dados [para fevereiro" mostram que o IPCA ainda vai apropriar resultados altos no mês de
fevereiro, vindos de reajustes importantes que incorporam a alta
do dólar e a inflação antiga", disse, em referência às tarifas públicas, que, em geral, sobem de acordo com o IGP-M. Por causa da
pressão cambial, o índice, medido
pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), soma alta de 27,76% nos últimos 12 meses até janeiro.
Para cumprir a meta, já flexibilizada, a inflação média mensal teria de ser de 0,54% até o final do
ano, segundo cálculo do BBV. É
menos do que o economista Luiz
Afonso Lima, do BBV, prevê para
fevereiro: 0,9%.
"Com a atual taxa de juro, há
uma dificuldade de atingir a meta.
Prevemos que [o IPCA" fique em
9,6% neste ano. A inflação deve
começar a cair nos próximos meses, mas numa intensidade menor
do que a estimada pelo BC", disse,
indicando a necessidade de um
novo aumento nos juros. Hoje, o
juro básico da economia (taxa Selic) está em 25,5% ao ano.
Marcela Prada, da Tendências
Consultoria, considera, porém,
que a alta da inflação em janeiro
não é uma tendência. Os índices,
diz, devem começar a cair gradualmente já em fevereiro, puxados, sobretudo, pelos alimentos.
Mesmo assim, prevê um IPCA de
12% para 2003 -acima da meta.
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