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Segundo consultor, "inércia" inflacionária deve manter índices altos
Núcleo da inflação cai, mas taxa acumulada preocupa
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da alta da inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Ampliado) em janeiro, o núcleo da taxa sofreu a
sua primeira queda desde julho
de 2002. O núcleo revela se há aumento de preços generalizado.
Segundo o consultor Ricardo
Braule, o núcleo do IPCA em janeiro foi de 1,91%. Em dezembro,
havia sido de 2,31%, enquanto o
índice cheio ficou em 2,1%.
O núcleo da inflação mede os
preços de mercado sem a influência das tarifas públicas (energia
elétrica, combustíveis) e das anuidades (contratos). Ou seja, é a taxa que mostra a inflação livre dos
aumentos considerados atípicos.
O cálculo do núcleo despreza
preços muito baixos ou muito altos para um mesmo produto.
No segundo semestre do ano
passado, a elevação da cotação do
dólar fez com que houvesse um
aumento generalizado de preços.
Mas o aumento da moeda foi causado por uma desconfiança nos
rumos da economia.
Braule, que faz parte da equipe
designada pelo governo para monitorar as mudanças no cálculo
do IPCA, disse que a situação da
inflação ainda é grave porque
75% dos mercados reajustaram
os preços acima de 1% em janeiro.
Em janeiro de 2002, diz, 50%
dos mercados haviam elevado
seus preços em 0,5% -taxas bem
menores que as atuais.
O consultor também explica
que é preocupante o tamanho da
taxa acumulada pelo núcleo de inflação em 12 meses: 13,03%. "É
um resultado extremamente elevado diante das metas de inflação
estabelecidas para este ano."
A meta de inflação de 2003 foi
ajustada pelo BC para 8,5%. Nessa
meta já deveriam estar acomodados os desvios relacionados aos
aumentos atípicos de preços.
Segundo o consultor, o fato de o
núcleo ter permanecido em alta
durante seis meses, desde julho,
faz com que exista uma certa
"inércia" inflacionária que fará as
próximas taxas acumuladas de inflação continuarem altas. É com
base nessas taxas acumuladas que
estão sendo reajustados contratos
importantes como as tarifas de telefone e de energia elétrica.
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