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TURISMO
Operadora foi vendida em 2000; advogado da empresa diz que total de clientes prejudicados não passa de 30
Stella Barros pede falência devendo R$ 15 mi
DA REPORTAGEM LOCAL
A Stella Barros, uma das mais
tradicionais operadoras de turismo do país, entrou ontem com
pedido de falência na 27ª vara cível de São Paulo. Mergulhada em
dívidas que somam R$ 15 milhões
- sendo R$ 9 milhões com dois
bancos locais-, a empresa não
resistiu à queda da demanda dos
últimos dois anos e à disparada
do dólar.
Fundada em 1965 pela "vovó
Stella" - hoje com 92 anos-, a
operadora especializou-se em levar famílias de classe média à Disney e chegou a transportar 25 mil
passageiros por ano. Ao cerrar as
portas ontem à tarde, sua carteira
de clientes resumia-se a 30 passageiros, que não conseguirão embarcar nos próximos dias.
Se a falência tivesse ocorrido em
dezembro passado, teriam ficado
no chão cerca de mil passageiros,
segundo a empresa.
De acordo com o advogado da
empresa, Braz Martins Neto, nos
últimos meses a Stella Barros reduziu o ritmo de vendas diante do
agravamento de sua situação financeira. "A direção anteviu o
desfecho e, por isso, o número de
clientes prejudicados é reduzido",
acrescenta.
"É um final melancólico para
uma empresa que chegou a faturar entre US$ 30 milhões e US$ 40
milhões por ano, nos seus tempos
áureos", diz Martins.
Segundo ele, o principal roteiro
da empresa, os EUA, se esvaziou
desde os atentados de 11 de setembro de 2001. "No ano passado o
movimento caiu abaixo da metade do que a Stella Barros transportava antes da crise", diz o advogado.
A empresa chegou a ter 200 empregados, dos quais restaram apenas 50. "Eles foram demitidos ontem, com os salários em dia, mas
não há recursos para pagar as verbas rescisórias", adiantou Martins.
Desde 2000 a operadora não estava mais sob controle da família
de sua fundadora. Luis Oliveira de
Barros, filho de "vovó Stella", vendeu sua participação naquele ano
à Travel Ya, um fundo de investimento americano com sede em
Miami, numa operação inusitada.
Segundo o advogado Martins,
Barros ficou com apenas uma
ação da empresa, mas manteve-se
na presidência. "Foi parte do
acordo", explicou o advogado.
Ontem, a Travel Ya, coincidentemente, também encerrou suas
atividades nos EUA.
O controle acionário da Stella
Barros está nas mãos da Travel
Ya, que tem 10% do capital e de
sua subsidiária brasileira, a Toulouse, que detém os 90% restantes. O capital da empresa é de R$
8,8 milhões.
Investimentos
Nos últimos dois anos a Travel
Ya - fundada em 1999 e especializada na venda de pacotes turísticos pela internet- investiu US$
14 milhões na Stella Barros. Na
época da aquisição do controle a
Travel YA aportou US$ 10 milhões na empresa.
Em julho de 2001, com as vendas caindo e o dólar em alta, o
controlador fez novo aporte, de
US$ 2 milhões. Foi insuficiente
para cobrir as necessidades de
caixa da operadora e nova injeção
veio no ano passado, no valor de
US$ 2 milhões.
Mas, segundo Martins, a Travel
Ya também passou a enfrentar dificuldades com a crise das empresas de internet em todo o mundo
e não podia mais aportar capital
na operadora brasileira. "A Stella
Barros precisava de novos investimentos para sobreviver", diz ele.
(SANDRA BALBI)
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