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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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TURISMO

Operadora foi vendida em 2000; advogado da empresa diz que total de clientes prejudicados não passa de 30

Stella Barros pede falência devendo R$ 15 mi

DA REPORTAGEM LOCAL

A Stella Barros, uma das mais tradicionais operadoras de turismo do país, entrou ontem com pedido de falência na 27ª vara cível de São Paulo. Mergulhada em dívidas que somam R$ 15 milhões - sendo R$ 9 milhões com dois bancos locais-, a empresa não resistiu à queda da demanda dos últimos dois anos e à disparada do dólar.
Fundada em 1965 pela "vovó Stella" - hoje com 92 anos-, a operadora especializou-se em levar famílias de classe média à Disney e chegou a transportar 25 mil passageiros por ano. Ao cerrar as portas ontem à tarde, sua carteira de clientes resumia-se a 30 passageiros, que não conseguirão embarcar nos próximos dias.
Se a falência tivesse ocorrido em dezembro passado, teriam ficado no chão cerca de mil passageiros, segundo a empresa.
De acordo com o advogado da empresa, Braz Martins Neto, nos últimos meses a Stella Barros reduziu o ritmo de vendas diante do agravamento de sua situação financeira. "A direção anteviu o desfecho e, por isso, o número de clientes prejudicados é reduzido", acrescenta.
"É um final melancólico para uma empresa que chegou a faturar entre US$ 30 milhões e US$ 40 milhões por ano, nos seus tempos áureos", diz Martins.
Segundo ele, o principal roteiro da empresa, os EUA, se esvaziou desde os atentados de 11 de setembro de 2001. "No ano passado o movimento caiu abaixo da metade do que a Stella Barros transportava antes da crise", diz o advogado.
A empresa chegou a ter 200 empregados, dos quais restaram apenas 50. "Eles foram demitidos ontem, com os salários em dia, mas não há recursos para pagar as verbas rescisórias", adiantou Martins.
Desde 2000 a operadora não estava mais sob controle da família de sua fundadora. Luis Oliveira de Barros, filho de "vovó Stella", vendeu sua participação naquele ano à Travel Ya, um fundo de investimento americano com sede em Miami, numa operação inusitada.
Segundo o advogado Martins, Barros ficou com apenas uma ação da empresa, mas manteve-se na presidência. "Foi parte do acordo", explicou o advogado. Ontem, a Travel Ya, coincidentemente, também encerrou suas atividades nos EUA.
O controle acionário da Stella Barros está nas mãos da Travel Ya, que tem 10% do capital e de sua subsidiária brasileira, a Toulouse, que detém os 90% restantes. O capital da empresa é de R$ 8,8 milhões.

Investimentos
Nos últimos dois anos a Travel Ya - fundada em 1999 e especializada na venda de pacotes turísticos pela internet- investiu US$ 14 milhões na Stella Barros. Na época da aquisição do controle a Travel YA aportou US$ 10 milhões na empresa.
Em julho de 2001, com as vendas caindo e o dólar em alta, o controlador fez novo aporte, de US$ 2 milhões. Foi insuficiente para cobrir as necessidades de caixa da operadora e nova injeção veio no ano passado, no valor de US$ 2 milhões.
Mas, segundo Martins, a Travel Ya também passou a enfrentar dificuldades com a crise das empresas de internet em todo o mundo e não podia mais aportar capital na operadora brasileira. "A Stella Barros precisava de novos investimentos para sobreviver", diz ele.
(SANDRA BALBI)


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