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Lula quer "seguro" para uso do FGTS
Equipe econômica prepara novo modelo para aplicação de recursos em obras de infra-estrutura do PAC
Mecanismo deve assegurar que fundo de investimento não fique com prejuízo total de projetos; garantia seria dada pela Caixa Econômica
LEANDRA PERES
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após pressão das centrais
sindicais, o governo prepara
um novo modelo para o fundo
de investimento em infra-estrutura que utilizará recursos
do FGTS (Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço). A idéia é
instituir um mecanismo que
garanta que o fundo não ficará
com o prejuízo integral se os investimentos não derem certo.
Com isso, a equipe econômica tenta romper as resistências
à medida -que faz parte do
PAC (Plano de Aceleração do
Crescimento)- e evitar uma
derrota para o governo durante
tramitação no Congresso.
A decisão de alterar o fundo
já criado poderá exigir do governo a edição de uma nova MP
(medida provisória) e foi tomada pelo próprio presidente Lula. Depois do impasse nas negociações conduzidas pelo ministro Luiz Marinho (Trabalho),
Lula determinou, na última segunda-feira, que a área econômica encontre uma saída para o
problema e estabeleça algum
sistema de garantia para satisfazer os sindicalistas.
Ontem mesmo, os técnicos
da Caixa Econômica Federal já
trabalhavam em uma alternativa. Enquanto isso, a presidente
da instituição, Maria Fernanda
Coelho, tentava esclarecer melhor aos parlamentares a "essência" do novo fundo, que, segundo ela, foi desenhado com
base nos padrões de mercado.
Uma alteração para assegurar um retorno mínimo aos investimentos, explicou, "deverá
seguir outro modelo" e, isso,
poderá exigir uma nova MP.
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) disse que o sistema
em estudo prevê que essa garantia seja dada via Caixa Econômica Federal. Segundo ele,
com uma espécie de seguro poderia ser garantido um retorno
equivalente à variação da TR
mais 3% de juros ao ano. Mantega, porém, não deu detalhes.
Segundo ele, o Tesouro não arcará com esse ônus para não
comprometer as metas fiscais.
Segundo o ministro Paulo
Bernardo (Planejamento), o
governo estuda criar um outro
fundo com essa garantia. "O
presidente acha que isso tem de
ser resolvido e vamos tratar
com os parlamentares. Se
acharmos uma solução, vamos
propor que o Congresso adote,
ou se o Congresso achar [uma
solução], vamos adotar. Tudo
indica que haverá garantia."
Retorno
Da forma como foi constituído, o fundo não pode dar garantia de retorno mínimo aos investidores porque isso é vedado
pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Até ontem, esse impedimento legal era um
dos pilares do discurso do governo para tentar convencer as
centrais. A Força Sindical chegou a entrar com ação direta de
constitucionalidade no STF
(Supremo Tribunal Federal)
contestando o uso dos recursos
do FGTS em infra-estrutura.
Marinho fez ao menos três
reuniões com sindicalistas para
reafirmar que não poderia fixar
percentual mínimo de retorno.
O argumento dele era que o
fundo teria medidas de redução
do risco, como a definição de
que o FGTS não poderia participar com mais de 30% dos recursos de cada projeto, e que o
dinheiro não sairia das contas
individuais dos trabalhadores.
Ele chegou a até mesmo a dizer que, em última instância, se
faltasse verba para pagar as indenizações, o Tesouro Nacional entraria com dinheiro.
Mas, conforme a Folha noticiou, o risco dos investimentos
em infra-estrutura será todo
assumido pelo FGTS. Se a obra
não for concluída ou se o rendimento ficar abaixo do esperado, o prejuízo será assumido
pelo patrimônio do FGTS.
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