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Ministros defendem PAC na Câmara, e líderes da oposição criticam programa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na tentativa de evitar que o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) seja desfigurado pelas mais de 700 emendas já apresentadas, os ministros Guido Mantega (Fazenda),
Dilma Rousseff (Casa Civil) e
Paulo Bernardo (Planejamento) defenderam ontem no plenário da Câmara dos Deputados um aumento da participação do Estado na economia para viabilizar investimentos em
infra-estrutura.
Para Mantega, essa é a inovação que está ocorrendo na política econômica em relação ao
passado. Segundo ele, o governo do presidente Lula não pratica uma política econômica ortodoxa. "A política é de desenvolvimento. Estamos reduzindo o superávit primário, o que
não pode ser exatamente classificada como uma política
neoliberal."
Dilma foi ainda mais enfática. Para ela, o PAC é um esforço
de planejamento estratégico do
governo, que não pode repassar
responsabilidades que são suas
para o mercado financeiro.
"Recuperar a capacidade de
planejamento não tem nada de
ultrapassado, de dinossauro."
A necessidade de coordenação no governo para levar
adiante os projetos do PAC
também foi cobrada pelo deputado Ciro Gomes (PSB-CE). Para ele, o sucesso do programa
depende de uma "inédita"
coordenação dentro do próprio
governo, sobretudo, com o
Banco Central e a Petrobras.
O deputado Paulo Maluf (PP-SP) fez sua estréia neste mandato na tribuna da Câmara durante a audiência com os ministros. Ele atacou os juros altos e
o BC: "Nos últimos 12 anos tivemos os juros mais altos do
mundo. O BC existe para a sociedade ou para banqueiros?
Não seria o caso de estatizar o
BC?".
As críticas da oposição se
concentraram em três temas: a
timidez do PAC, a falta de estímulo ao investimento privado
e a ausência de negociações
com os governadores para definir as obras em cada Estado. "O
PAC deixou de fora a redução
dos encargos trabalhistas, o
corte nos gastos do governo, [a
discussão sobre] juros e câmbio, que são decisivos para o
crescimento", disse o líder do
PSDB, Antonio Carlos Pannunzio (SP).
O líder do PFL, Onyx Lorenzoni (RS) considerou que o
PAC tem inspirações "chavistas", medidas inconstitucionais
e ainda abre brechas para aumentar a carga tributária. De
acordo com ele, a MP que dá estímulos à indústria de semicondutores e TV digital deixa a regulamentação do setor nas
mãos do governo, que definirá
quem serão os ganhadores e
perdedores.
"Por isso eu digo que tem inspiração chavista", disse Lorenzoni, numa referência ao venezuelano Hugo Chávez, que
criou mecanismos de controle
dos meios de comunicação.
Apesar do esforço, até mesmo os líderes do governo na Câmara reconheceram que o PAC
terá que ser alterado.
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