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Recessão europeia acentua
recuo da exportação do Brasil
Bloco responde por quase 1/4 das vendas brasileiras
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A recessão na economia da
União Europeia terá consequências negativas para o Brasil, especialmente na área comercial. No ano passado, o bloco foi o segundo principal destino das exportações brasileiras, atrás apenas dos vizinhos
da América Latina.
Com a crise nos países europeus, o Brasil deverá perder
uma parcela importante deste
mercado. Em 2008, foram exportados o equivalente a US$
46,4 bilhões para o bloco. O valor representa quase um quarto
do total vendido pelo Brasil para o mundo todo.
Em janeiro, as vendas já caíram 27% em comparação com
o mesmo mês de 2008. No período, houve queda das exportações para quase todas as regiões do mundo, exceto para a
Ásia. As vendas para os EUA,
outra economia em recessão,
despencaram 36% no mês passado, para US$ 1,2 bilhão.
O presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do
Brasil), José Augusto de Castro,
alerta que todos os setores da
economia brasileira vão sofrer
com a recessão na União Europeia. Mas ele aponta que o
maior risco se concentra nos
produtores de commodities.
"A União Europeia é um
grande importador de commodities, como soja, açúcar, petróleo e minério. A recessão no
bloco vai fazer com que os negócios em geral [no Brasil] tenham uma desaceleração."
A venda de produtos industrializados foi maior que a de
produtos agrícolas para os países europeus. Segundo dados
do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), os industrializados representaram 52% do
total exportado para a União
Europeia no ano passado e os
básicos responderam por 43%.
O produto mais vendido para
o bloco foi minério de ferro, seguido de soja e café. Mas a pauta de exportações para o bloco é
bastante variada. Inclui, por
exemplo, aviões, petróleo, autopeças, carros e calçados.
Não é só a recessão europeia
que preocupa especialistas. A
depressão econômica mundial
vai reduzir o comércio global, o
que já foi sentido pelo Brasil. O
professor da Unicamp e consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), Júlio Gomes de Almeida, alerta que o mercado interno não terá condições de absorver a produção que deixará
de ser exportada.
"O modelo de crise no Brasil
sempre foi de retração do consumo nacional, mas compensado pelo aumento das exportações. Desta vez, não tem compensação", afirmou.
Castro, da AEB, lamenta que
a demanda mundial esteja em
queda no momento em que o
real se desvalorizou, o que daria
mais vantagem competitiva ao
Brasil no exterior. Ainda assim,
ele sugere políticas voltadas para a promoção comercial com
os Estados Unidos, que, mesmo
em recessão, "ainda são um
grande mercado consumidor".
Em 2008, as vendas para os
EUA somaram US$ 27,6 bilhões, 14% do total exportado
pelo país. A América Latina e o
Caribe ficaram com 26%.
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