São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2009

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Recessão europeia acentua recuo da exportação do Brasil

Bloco responde por quase 1/4 das vendas brasileiras

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A recessão na economia da União Europeia terá consequências negativas para o Brasil, especialmente na área comercial. No ano passado, o bloco foi o segundo principal destino das exportações brasileiras, atrás apenas dos vizinhos da América Latina.
Com a crise nos países europeus, o Brasil deverá perder uma parcela importante deste mercado. Em 2008, foram exportados o equivalente a US$ 46,4 bilhões para o bloco. O valor representa quase um quarto do total vendido pelo Brasil para o mundo todo.
Em janeiro, as vendas já caíram 27% em comparação com o mesmo mês de 2008. No período, houve queda das exportações para quase todas as regiões do mundo, exceto para a Ásia. As vendas para os EUA, outra economia em recessão, despencaram 36% no mês passado, para US$ 1,2 bilhão.
O presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, alerta que todos os setores da economia brasileira vão sofrer com a recessão na União Europeia. Mas ele aponta que o maior risco se concentra nos produtores de commodities.
"A União Europeia é um grande importador de commodities, como soja, açúcar, petróleo e minério. A recessão no bloco vai fazer com que os negócios em geral [no Brasil] tenham uma desaceleração."
A venda de produtos industrializados foi maior que a de produtos agrícolas para os países europeus. Segundo dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), os industrializados representaram 52% do total exportado para a União Europeia no ano passado e os básicos responderam por 43%.
O produto mais vendido para o bloco foi minério de ferro, seguido de soja e café. Mas a pauta de exportações para o bloco é bastante variada. Inclui, por exemplo, aviões, petróleo, autopeças, carros e calçados.
Não é só a recessão europeia que preocupa especialistas. A depressão econômica mundial vai reduzir o comércio global, o que já foi sentido pelo Brasil. O professor da Unicamp e consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Júlio Gomes de Almeida, alerta que o mercado interno não terá condições de absorver a produção que deixará de ser exportada.
"O modelo de crise no Brasil sempre foi de retração do consumo nacional, mas compensado pelo aumento das exportações. Desta vez, não tem compensação", afirmou.
Castro, da AEB, lamenta que a demanda mundial esteja em queda no momento em que o real se desvalorizou, o que daria mais vantagem competitiva ao Brasil no exterior. Ainda assim, ele sugere políticas voltadas para a promoção comercial com os Estados Unidos, que, mesmo em recessão, "ainda são um grande mercado consumidor".
Em 2008, as vendas para os EUA somaram US$ 27,6 bilhões, 14% do total exportado pelo país. A América Latina e o Caribe ficaram com 26%.


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