São Paulo, domingo, 14 de março de 2004

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Cooperativa distribui R$ 73 mi de sobras

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO MOURÃO (PR)

Na última semana de fevereiro, a Coamo Agroindustrial Cooperativa, a maior do gênero na América Latina, fez sua distribuição anual de sobras de dinheiro de 2003. Foram R$ 73 milhões pagos a 18 mil associados.
Isso teve reflexos diretos em Campo Mourão, sede da cooperativa, e em outras 50 cidades do Paraná e de Mato Grosso do Sul, onde a Coamo tem entrepostos.
Na maior beneficiada, Campo Mourão, cidade de 82,2 mil habitantes a 454 km a noroeste de Curitiba, boa parte do dinheiro foi gasta em máquinas novas e imóveis.
No total, as sobras da Coamo em 2003 foram de R$ 243 milhões, a maior fatia reinvestida em programas de tecnologia e formação de fundos para comercialização e expansão de atividades.
O desempenho do agronegócio soja foi responsável por esses números, em uma região em que os empregos, o comércio das pequenas cidades próximas a Campo Mourão e praticamente todas as atividades dependem do desempenho da cooperativa.
"Aproveitamos a boa fase da soja. Nossos associados são profissionais e sabem que precisam aproveitar os ciclos bons para enfrentar os maus momentos", diz José Aroldo Galassini, 62, presidente da Coamo desde 1975.
Segundo Galassini, que fundou a Coamo em novembro de 1970 com outros 78 agricultores, a cooperativa Coamo só conseguiu ser o que é hoje graças ao empenho no desenvolvimento tecnológico e ao cuidado com o solo.
Na década de 70, a região era conhecida como produtora dos três "S": o sapé e a samambaia (plantas invasoras que indicam acidez no solo) e a saúva (formiga devoradora de culturas agrícolas). O surgimento de novas tecnologias e a implantação das culturas de trigo e soja possibilitaram a virada e a transformação da região em grande produtora de grãos.
Hoje a cooperativa responde por 4% da produção nacional de grãos e fibras (algodão), 16% da produção de grãos das cooperativas brasileiras e por 50% da produção das cooperativas paranaenses. É o 23º maior exportador brasileiro. Só de ICMS e encargos sociais, desembolsou em 2003 R$ 142 milhões. No ano passado, o faturamento bruto da cooperativa ficou em R$ 3,3 bilhões.
A cooperativa emprega 3.700 funcionários, 60% deles na sede, em Campo Mourão.

Concentração de renda
Paralelamente a esse crescimento econômico, houve uma redução drástica da população rural do município e uma concentração de renda nas mãos dos produtores mais tecnificados.
Em 1970, Campo Mourão tinha 77,1 mil habitantes, dos quais 49,3 mil na zona rural, em pequenas propriedades rurais com culturas de subsistência e lavouras comerciais de arroz, café e algodão. Hoje, na zona rural vivem 2.200 habitantes, e as terras rurais estão nas mãos de só 1.648 proprietários.
Os bons preços da soja no mercado internacional nos últimos três anos aqueceram setores da economia voltados paras as classes A e B, como um incremento na venda de máquinas, tratores e implementos agrícolas e na valorização do mercado imobiliário.
O município teve também uma expansão na construção civil, com um aumento de 24,7% no volume de área construída de 2002 para 2003.
"Nossos empreendimentos se valorizaram até 70% nos últimos dois anos, e hoje há uma escassez de oferta de imóveis", afirma Marco Antônio Kunzler, 43, responsável pelo primeiro condomínio horizontal de Campo Mourão, o Village das Hortênsias.



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