São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2007

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PAC é maior plano que país já teve, diz Lula

Presidente diz ainda que recursos destinados ao programa não serão poupados para fazer superávit primário

Petista diz que economia brasileira vive "momento mágico" e que planos anteriores não usaram reduzir pobreza no país


LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

RUBENS VALENTE
ENVIADO A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em São Paulo, que não deixará que os recursos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a construção civil, cerca de R$ 106 bilhões em quatro anos, "engordem o superávit primário".
"Não ficaremos com o dinheiro parado em caixa esperando engordar o superávit primário. O dinheiro está disponibilizado para os Estados e municípios", disse Lula, na abertura da Feira Internacional da Indústria da Construção (Feicon), no pavilhão do Anhembi.
Ele alertou que os governadores ou prefeitos que reivindicarem uma determinada quantia e não apresentarem projeto concluído, como a recuperação de favelas, perderão os recursos. "É pão pão, queijo queijo."
"Se, até a data marcada, não tiverem um projeto executivo pronto para licitar e começar a obra, iremos transferir o dinheiro a outro projeto, a outro Estado, outra cidade."
No evento, o presidente da Abramat (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção), Melvyn Fox, cobrou publicamente do presidente a redução da taxa de juros como um instrumento para garantir o sucesso das medidas do PAC.
Lula afirmou que as críticas e cobranças são bem-vindas, pois é uma "luz amarela, que faz com que a gente nunca se esqueça de dar o próximo passo, de subir o próximo degrau, apesar de todos os que já subiu".
Ao explicar que a queda da taxa de juros virá, mas de maneira natural, não mágica, Lula criticou antecessores.
"Quando o Brasil era governado por pessoas que achavam que, só porque foram eleitas presidente ou ministro, não precisavam ouvir mais ninguém, que tudo seria feito apenas pelo instinto dos tecnocratas, o país não deu certo", afirmou Lula, que completou "não haverá mágica na economia, sempre que alguém tentou inventar a mágica, o resultado não deu certo".
Afirmou que está feliz, que o país vive um "momento mágico" em sua macroeconomia. "Sem decreto, sem lei, sem mágica, os juros continuarão caindo e o câmbio se valorizando."
Mais tarde, em São José dos Campos (SP), Lula disse que o PAC é "o mais importante" projeto de desenvolvimento "já feito" no país.
"Nós começamos o segundo mandato superando a idéia do crescimento econômico. O PAC é o mais importante projeto de desenvolvimento já feito neste país. Não tenho medo de dizer que é o mais importante, com cabeça, tronco e membro. Nós sabemos o que queremos, quando começar, quanto investir em cada área."
O presidente visitou ontem o laboratório do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) onde foi finalizado o terceiro satélite em uma parceria tecnológica iniciada em 1988 entre Brasil e China.
Em seu discurso, Lula disse que os planos de crescimento feitos pelos seus antecessortes não levaram em conta a redução da pobreza e da desigualdade social. "Eu penso que o Brasil, durante períodos extraordinários, nós tivemos momentos excepcionais de crescimento na economia brasileira. Por exemplo, no governo JK, a economia teve crescimento médio de 7% ao ano, a inflação era de 23% e o salário mínimo não cresceu. No milagre brasileiro de 1968 a 1973, a economia brasileira em 73 chegou a crescer 14% ao ano, entretanto o salário mínimo decresceu 3,4%", afirmou o presidente.


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