São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2007

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Anistia de dívida paraguaia elevará preço de energia

Governo brasileiro isenta país vizinho de pagar correção monetária sobre empréstimo para construção de Itaipu

Parcela paraguaia será paga pelos consumidores de Sul, Sudeste e Centro-Oeste; para a Eletrobrás, impacto sobre a tarifa será pequeno


HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil decidiu isentar o Paraguai do pagamento da correção monetária da dívida da hidrelétrica de Itaipu. A parcela paraguaia será paga pelos consumidores brasileiros das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Na avaliação de Itaipu, o impacto na tarifa será pequeno e só ocorrerá a partir de 2008.
O benefício, formalizado ontem por meio de medida provisória, foi acordado na reunião de Cúpula dos Países do Mercosul, nos dias 18 e 19 do mês passado, no Rio de Janeiro.
Itaipu é uma usina binacional (Brasil-Paraguai), construída no rio Paraná, na fronteira entre os dois países. Com capacidade de gerar 12,6 mil MW (megawatts), responde por 24% do mercado brasileiro e por 95% do paraguaio.
Para construir a usina -de 1975 a 1984- o governo brasileiro contraiu dívida com bancos internacionais. Hoje, o saldo dessa dívida é de aproximadamente US$ 19 bilhões, que serão pagos até 2023.
A dívida é paga por meio da tarifa cobrada dos consumidores dos dois países. A maior parte é financiada pelos brasileiros, porque o país consome 94% da energia produzida pela usina. Essa energia é comprada pela Eletrobrás, que repassa compulsoriamente o custo para 19 distribuidoras das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
O saldo devedor é reajustado por juros de 7,5% ao ano mais correção monetária, chamada "fator de ajuste". Esse "fator" é um percentual calculado com base na inflação norte-americana medida para os consumidores e para a indústria.
A decisão do Brasil foi permitir que o Paraguai não pague a correção ("fator de ajuste"). Como a tarifa de repasse deste ano para o mercado interno já foi definida, a parcela paraguaia da correção (estimada entre US$ 7 milhões e US$ 8 milhões) será paga pelo Tesouro.
A partir do ano que vem, irá para a tarifa da Eletrobrás, que repassa às distribuidoras que, por sua vez, repassam para os consumidores.

Repasse
Na avaliação de Itaipu, o consumidor brasileiro não sentirá o impacto. "Na distribuição disso, fica ínfimo. Não vai ter repercussão basicamente nenhuma do ponto do vista do consumidor, disse Jorge Sameck, diretor-geral brasileiro de Itaipu.
O impacto deverá ser muito pequeno, na avaliação de Itaipu, porque os consumidores brasileiros pagarão a mais só o equivalente a cerca de 6% do "fator de ajuste" (que corresponde à parcela paraguaia, paga conforme o consumo de energia). Além disso, segundo Sameck, existe a hipótese de o "fator de ajuste" ser negativo, em caso de deflação nos EUA.
A Eletrobrás, por correio eletrônico, informou que não haverá repasse. O artigo 6º da MP, porém, autoriza a Eletrobrás a "incluir na tarifa de repasse (...) o diferencial decorrente da retirada do fator de ajuste".


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