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Anistia de dívida paraguaia elevará preço de energia
Governo brasileiro isenta país vizinho de pagar correção
monetária sobre empréstimo para construção de Itaipu
Parcela paraguaia será paga pelos consumidores de Sul,
Sudeste e Centro-Oeste; para a Eletrobrás, impacto
sobre a tarifa será pequeno
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil decidiu isentar o Paraguai do pagamento da correção monetária da dívida da hidrelétrica de Itaipu. A parcela
paraguaia será paga pelos consumidores brasileiros das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Na avaliação de Itaipu, o
impacto na tarifa será pequeno
e só ocorrerá a partir de 2008.
O benefício, formalizado ontem por meio de medida provisória, foi acordado na reunião
de Cúpula dos Países do Mercosul, nos dias 18 e 19 do mês
passado, no Rio de Janeiro.
Itaipu é uma usina binacional (Brasil-Paraguai), construída no rio Paraná, na fronteira
entre os dois países. Com capacidade de gerar 12,6 mil MW
(megawatts), responde por
24% do mercado brasileiro e
por 95% do paraguaio.
Para construir a usina -de
1975 a 1984- o governo brasileiro contraiu dívida com bancos internacionais. Hoje, o saldo dessa dívida é de aproximadamente US$ 19 bilhões, que
serão pagos até 2023.
A dívida é paga por meio da
tarifa cobrada dos consumidores dos dois países. A maior
parte é financiada pelos brasileiros, porque o país consome
94% da energia produzida pela
usina. Essa energia é comprada
pela Eletrobrás, que repassa
compulsoriamente o custo para 19 distribuidoras das regiões
Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
O saldo devedor é reajustado
por juros de 7,5% ao ano mais
correção monetária, chamada
"fator de ajuste". Esse "fator" é
um percentual calculado com
base na inflação norte-americana medida para os consumidores e para a indústria.
A decisão do Brasil foi permitir que o Paraguai não pague a
correção ("fator de ajuste").
Como a tarifa de repasse deste
ano para o mercado interno já
foi definida, a parcela paraguaia
da correção (estimada entre
US$ 7 milhões e US$ 8 milhões)
será paga pelo Tesouro.
A partir do ano que vem, irá
para a tarifa da Eletrobrás, que
repassa às distribuidoras que,
por sua vez, repassam para os
consumidores.
Repasse
Na avaliação de Itaipu, o consumidor brasileiro não sentirá
o impacto. "Na distribuição disso, fica ínfimo. Não vai ter repercussão basicamente nenhuma do ponto do vista do consumidor, disse Jorge Sameck, diretor-geral brasileiro de Itaipu.
O impacto deverá ser muito
pequeno, na avaliação de Itaipu, porque os consumidores
brasileiros pagarão a mais só o
equivalente a cerca de 6% do
"fator de ajuste" (que corresponde à parcela paraguaia, paga conforme o consumo de
energia). Além disso, segundo
Sameck, existe a hipótese de o
"fator de ajuste" ser negativo,
em caso de deflação nos EUA.
A Eletrobrás, por correio eletrônico, informou que não haverá repasse. O artigo 6º da MP,
porém, autoriza a Eletrobrás a
"incluir na tarifa de repasse (...)
o diferencial decorrente da retirada do fator de ajuste".
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