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AmBev prejudica a livre concorrência, diz SDE
Fidelização previa um sistema de "milhagem"
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Secretaria de Direito Econômico, do Ministério da Justiça, concluiu que a AmBev infringiu a legislação antitruste
brasileira em seu programa de
relacionamento com postos de
venda chamado "Tô Contigo".
Pelo programa, a cervejaria dava prêmios e prestava assessoria aos estabelecimentos.
A SDE recomendou que a
AmBev seja condenada administrativamente pela infração.
A conclusão está descrita em
despacho publicado ontem no
"Diário Oficial" da União.
A titular da secretaria, Mariana Tavares, avaliou que a
AmBev não teria descumprido
o acordo firmado em 2000 com
o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica),
quando houve a fusão das brasileiras Antarctica e Brahma. O
acordo visava a evitar que a
AmBev se valesse de sua posição como líder de mercado para
prejudicar concorrentes.
A investigação teve início em
2004, por meio de uma notificação da Schincariol. Durante a
apuração, a SDE concluiu que o
programa "fazia exigência de
comercializar apenas as marcas da AmBev ou limitar significativamente as compras de
cervejas de marcas concorrentes", segundo nota divulgada.
Na prática, o programa funcionava como uma espécie de
"milhagem". A cada quantidade
específica de cerveja vendida, o
dono do bar ganhava pontos
que seriam trocados por produtos -freezers, TVs etc. "Foi um
processo de fidelização, através
da atuação cirúrgica de um programa", disse José Domingos
Francischinelli, diretor de Relações Institucionais da Schin.
A SDE também recomendou
que o programa seja oferecido
"uniformemente" a todos os
pontos de venda, que a AmBev
elimine "exigências de exclusividade" e que haja mais transparência. O processo segue para o Cade, que decidirá sobre
eventual punição à AmBev.
Procurada ontem, a AmBev
ressaltou que a SDE "arquivou
denúncia de outras práticas horizontais ao programa, por não
considerá-las anti-concorrenciais". "A AmBev discorda da
conclusão de que o "Tô Contigo" é um programa não linear
de preços que teria elevado artificialmente os custos das empresas rivais", apontou a empresa em nota à Folha.
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