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5 - A informação tem valor
Dogma do conteúdo gratuito perde força
DO "FINANCIAL TIMES"
Se existe uma ortodoxia dos
últimos dez anos que o setor de
mídia tem todos os motivos para amaldiçoar é aquela que surgiu em 1984, quando Stewart
Brand declarou, em palestra na
Hackers" Conference, que "a informação deseja ser livre".
As pessoas ainda discordam
sobre o que ele quis dizer, mas a
frase oferece uma capa de respeitabilidade intelectual a diversas coisas, da pirataria de
música à ideia de que não pagar
pelo acesso a notícias é traço
imutável da cultura da web.
Quando as pessoas ainda falavam em "via expressa da informação", desdenhavam a
ideia de que a estrada proposta
precisasse de pedágios. A publicidade on-line supostamente
cobriria os custos incorridos
pelos donos da informação.
Mas o conteúdo grátis para
todos erodiu os modelos de negócios das companhias de mídia e acarreta o risco de sobrecarga das redes de informação.
Agora, os proprietários de
conteúdo, de editoras de revistas a emissoras de TV imaginam por que teriam depositado
toda a sua confiança em uma só
fonte de receita, a publicidade.
É hora de relermos a citação
completa de Brand: "Por um lado, a informação deseja ser dispendiosa, porque é muito valiosa. Por outro lado, ela deseja ser
livre [ou gratuita], porque o
custo de obtê-la não para de
cair. Por isso, temos essas duas
tendências em permanente
combate".
Na primeira década digital do
novo século, esse combate muitas vezes não aconteceu, mas
agora o lema de que "a informação quer ser dispendiosa" vem
ganhando força. As editoras
pressionaram a Amazon.com a
elevar os preços dos livros eletrônicos. A "economia dos aplicativos" criada pela Apple está
permitindo que até mesmo sites gratuitos cobrem pelo acesso via iPods e iPads, e o "New
York Times" está seguindo o
exemplo de publicações especializadas como o "Financial
Times" e o "Wall Street Journal" de cobrar pelo acesso on-line às suas notícias.
Para os consumidores que
desfrutavam de todo esse conteúdo gratuitamente, isso parece ameaçador. Por outro lado,
acabamos de passar uma década nos fartando de conteúdo
excessivo e de muito baixo valor nutritivo. Talvez o conteúdo
pago se prove mais denso.
Quanto à máxima de Brand, é
melhor que tentemos uma nova, na próxima década: o conteúdo quer ser valioso.
ANDREW EDGECLIFFE-JOHNSON, editor de mídia nos Estados Unidos
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