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7 - A cobiça não é tão boa
Obsessão pelo lucro pode quebrar empresas
DO "FINANCIAL TIMES"
Nos anos 80, o economista Al
Rapaport capturou o espírito
da era ao desenvolver um novo
objetivo para as empresas: a
maximização de valor para os
acionistas. A medida das realizações de um executivo seria o
retorno total conquistado pelos
acionistas em seu mandato.
Bill Allen, o lendário líder da
Boeing entre 1945 e 1968, descreveu o espírito de sua companhia assim: "Beber, respirar e
dormir o mundo da aeronáutica". Por volta de 1998, o novo
presidente da companhia, Phil
Condit, dizia: "Vamos avançar
para um ambiente cuja base é o
valor e no qual o custo unitário,
o retorno sobre o investimento
e os retornos dos acionistas serão as medidas sob as quais seremos avaliados".
Isso aconteceu em múltiplos
setores. Quando John Reed e
Sandy Weill, que eram copresidentes do Citigroup no final
dos anos 90, descreveram os
propósitos do conglomerado
recém-criado, Reed, banqueiro
tradicionalista, declarou que "o
modelo que tenho em mente é
o de uma companhia global de
serviços ao consumidor, que
ajude a classe média com algo
em que não foi bem servida".
Weill, mais sintonizado no
espírito do tempo, interrompeu: "Meu objetivo é aumentar
o valor para os acionistas".
Tudo isso terminaria mal.
Sob Allen, a Boeing conquistou
a liderança do setor aeronáutico; sob Condit, a empresa não
só perdeu sua liderança como
se envolveu em escândalos.
Weill forçou a saída de Reed,
mas se envolveu em problemas
de reputação que abalaram a
empresa. Em 2008, quase todo
o valor do Citigroup para os
acionistas foi destruído.
A Enron, paradigma do novo
modelo, quebrou de forma espetacular em 2001. Em 2008, o
colapso do Lehman Brothers,
banco cujo foco obsessivo era o
lucro, quase derrubou o sistema financeiro mundial.
Essas duas quebras abriram e
encerrarão a década com uma
lição: concentração obsessiva
nos lucros faz com que uma
empresa corra o risco de perder
a oportunidade de lucrar.
JOHN KAY, colunista
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