São Paulo, sábado, 14 de abril de 2007

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Brasil já é nono detentor de título dos EUA

Em um ano, país eleva em 80% compra de papéis do Tesouro americano usado para compor reservas internacionais

Retorno baixo, risco cambial e mudanças internacionais reabrem debate sobre tamanho ideal e mix das reservas do país


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil ascendeu ao grupo dos países que mais detêm títulos do governo norte-americano, papéis de risco zero de inadimplência mas de baixo rendimento. No caso brasileiro, sujeito ainda à desvalorização do dólar em relação ao real.
Balanço do Tesouro dos EUA mostra o Brasil como o nono país que mais mantêm esses papéis, atrás apenas de Japão, China, Coréia do Sul e Taiwan -que desde a crise asiática conservam altas reservas internacionais-, além de paraísos fiscais e do Reino Unido, parceiro do sistema bancário norte-americano.
Em um ano, o Brasil aumentou em 80% seu patrimônio em títulos do Tesouro dos EUA. Em janeiro deste ano, o país mantinha US$ 53,7 bilhões nesses papéis -59% do total de US$ 91,08 bilhões das reservas internacionais do BC à época. No final de janeiro de 2006, o país ainda figurava com US$ 30,1 bilhões em títulos dos EUA (reservas totais de US$ 56,9 bilhões), atrás de Alemanha, França e Suíça, países com imensa poupança e que são obrigados a manter parte do dinheiro aplicado em papéis de risco zero.
O Banco Central reconhece praticamente a totalidade desses papéis como pertencentes às reservas internacionais brasileiras. Afirma que vem comprando sistematicamente esses títulos como forma de aplicar os dólares adquiridos no mercado de câmbio.
As compras ajudam o câmbio do real a permanecer acima de R$ 2,00 -no ano passado, o BC comprou US$ 37 bilhões. Neste ano já são US$ 22 bilhões.
As reservas internacionais funcionam como uma espécie de garantia para o pagamento do vencimento de dívidas do Brasil em moeda estrangeira, mas o alto custo de manter este dinheiro praticamente parado no exterior divide as opiniões do mercado financeiro e é motivo de debate no BC (leia texto na pág. B4).
Segundo o BC, a carteira das reservas tenta espelhar a variedade da dívida. Ou seja, procuram ter o mesmo volume em dólares, euros e ienes devidos. Com os novos títulos, o equilíbrio foi rompido.


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