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União investe mal, diz Banco Mundial
Estudo centrado em transportes vê "séria desconexão entre planejamento, elaboração de orçamentos e realização de gastos"
Gerenciamento ruim e prevalência de critérios políticos sobre os técnicos na escolha de dirigentes são também citados pelo Bird
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Estudo do Bird (Banco Mundial) aponta que a falta de recursos "está longe de ser o único ou talvez até mesmo o mais
importante" obstáculo ao aumento dos investimentos do
governo federal -proposta
central do pacote oficial de estímulo ao crescimento econômico, o PAC.
Centrado no setor de transportes, que recebe a maior fatia
dos recursos orçamentários, o
trabalho do Bird conclui que há
"uma séria desconexão entre o
planejamento, a elaboração de
orçamentos e a realização dos
gastos" na União.
Listam-se ainda, entre os
problemas encontrados, deficiências de gerenciamento, escassez de pessoal qualificado,
ambiente legal hostil, controles
decorrentes de suspeitas de
corrupção e prevalência de critérios políticos sobre os técnicos na escolha de dirigentes.
Com base nesse diagnóstico,
o texto avalia que a simples elevação dos recursos disponíveis
não será suficiente para ampliar a capacidade produtiva
nacional no curto prazo. As deficiências encontradas, argumenta o estudo, "tornam a produção de infra-estrutura altamente ineficiente".
O estudo faz referência direta ao PPI (Projeto Piloto de Investimentos), que reúne ações
prioritárias em infra-estrutura
livres de restrições orçamentárias. O programa é considerado
um início de tentativa de enfrentar os problemas, mas o
trabalho mostra como desde
2005 o governo não tem conseguido realizar os gastos previstos no projeto.
A principal medida do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) neste ano é elevar o PPI de R$ 4,6 bilhões para
R$ 11,3 bilhões. Até agora, porém, não foi aprovada sequer a
lei necessária para a alteração
do valor.
Mais uma sigla compõe o
quadro pessimista descrito pelo Bird: o PPA (Plano Plurianual de Investimentos), que
deveria guiar a elaboração e a
execução do Orçamento em períodos de quatro anos, mas tem
sido ignorado nos governos
FHC e Lula.
De acordo com o estudo, o
PPA 2000-2003 previu investimentos orçamentários totais
de R$ 37,7 bilhões em transportes, mas os projetos de Orçamento elaborados pelo Executivo no período só previram,
juntos, R$ 21,9 bilhões para o
setor, ou 58% do que se considerava necessário.
Embora não mencione números, porque o período ainda
está em andamento, o trabalho
afirma que a mesma discrepância ocorre no PPA 2004-2007,
o primeiro elaborado no governo petista.
Levantamento feito pela Folha mostra que, se os Orçamentos não seguem o PPA, os gastos
federais também não seguem o
Orçamento. Até março deste
ano, apenas 40,6% dos investimentos previstos nos Orçamentos de 2004 a 2007 em todos os setores haviam sido efetivamente feitos (ver quadro
nesta página).
No Ministério dos Transportes, em particular, o Banco
Mundial vê, além da escassez
de quadros qualificados, a prevalência de "indicados políticos
com pouco conhecimento técnico e experiência gerencial,
substituições freqüentes e interferência política em decisões operacionais".
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