São Paulo, terça-feira, 14 de abril de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Exportação de calçado cai 26% no 1º trimestre

A indústria de calçados brasileira sente um impacto duplo da queda da demanda internacional pelo produto, nas exportações e nas importações. O faturamento do setor com exportações diminuiu 26% no primeiro trimestre deste ano na comparação com os três primeiros meses do ano passado. Já a receita de calçados importados cresceu 45% no mesmo período, informa a Abicalçados.
Segundo a entidade, foram exportados 40,7 milhões de pares de calçados entre janeiro e março -14 milhões a menos que no primeiro trimestre de 2008. Já as importações somaram 13,1 milhões de pares.
Além da queda da demanda internacional pelo produto, a crise prejudicou o setor com a instabilidade cambial verificada em outubro, afirma o diretor-executivo da Abicalçados, Heitor Klein. Segundo ele, é nesse mês que se firmam os contratos de exportação por um período de seis meses. "A indefinição de preços afetou o volume negociado."
A entrada em massa de produtos importados no mercado surpreendeu Klein. Ele esperava que com o dólar valorizado o ciclo de alta nas importações do produto, que vem acontecendo desde o ano passado, fosse interrompido.
"A única explicação é a manifesta intenção de grifes internacionais, que produzem na China, de entrar no mercado brasileiro a qualquer preço. Elas querem desovar aqui a produção que não encontra mais demanda no hemisfério Norte", afirma.
Outro motivo citado por Klein para justificar o crescimento das importações de calçados é o medo de que ações antidumping contra o produto asiático sejam adotadas pelo governo brasileiro -há um processo em análise no Ministério do Desenvolvimento. "Os importadores estão fazendo estoques preventivos, com medo de pagar mais caro depois."
Os resultados desse desequilíbrio para o setor são uma queda na produção e um aumento do desemprego. Em fevereiro, o emprego no setor recuou 9,6% na comparação com o mesmo mês de 2008, segundo o IBGE.
"O nível de atividade caiu e as empresas não têm como manter o emprego com a queda nas encomendas", afirma Klein.

COMPRAS
A média da intenção de compra dos paulistanos de 15 itens no segundo trimestre subiu 16% em relação ao período anterior, de acordo com estudo da H2R Pesquisas Avançadas. Segundo Nanci Bührer, analista de pesquisas da H2R, 58% dos entrevistados disseram conhecer alguém que perdeu o emprego nos últimos seis meses e ainda não se recolocou no mercado de trabalho. "Entre essas pessoas, a intenção de poupar é maior", diz.

NA BOLSA
A loja multimarcas de acessórios de luxo Sho&Purs mudou sua estratégia depois da crise. A loja, que antes trazia para as compradoras brasileiras entre 12 e 15 marcas de itens luxuosos, agora trabalha com cerca de 6 a 9 marcas. "Tivemos que abrir mão de algumas porque o consumidor mudou. Não existe mais o consumo desenfreado. Hoje ele quer o produto certo", afirma o sócio Otto Bichucher. A Sho&Purs inaugura hoje uma exposição de fotos, no Shopping Iguatemi, para o lançamento da seleção de bolsas Givenchy.

CRÉDITO
O deputado Albano Franco (PSDB-SE), presidente da comissão da crise na indústria, entregou na semana passada ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, um documento mostrando que a situação do crédito ainda não tinha se normalizado. Ele cobrou uma redução mais agressiva dos juros. Amanhã o ministro Guido Mantega (Fazenda) vai falar na comissão.

INSOLVÊNCIA
Foram registrados 1.335 novos processos de insolvência na Espanha no primeiro trimestre, segundo acompanhamento da seguradora Crédito y Caución. O crescimento de insolvências judiciais foi mais significativo nas Astúrias.

MEDO
O indicador Medo do Desemprego, da CNI, cresceu 4,1% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o trimestre anterior. Em relação ao mesmo período de 2008, o índice teve alta de 10,5%. Das 2.002 pessoas entrevistadas no país entre 11 e 15 de março, 30% disseram estar "com muito medo do desemprego", segundo a pesquisa da CNI.

AQUECIMENTO
As ações de companhias de menor porte da América Latina devem voltar a apresentar atratividade nos próximos 12 meses, segundo relatório de Pedro Martins, estrategista de renda variável para América Latina do Banc of America Securities-Merrill Lynch.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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