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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Exportação de calçado cai 26% no 1º trimestre
A indústria de calçados brasileira sente um impacto duplo
da queda da demanda internacional pelo produto, nas exportações e nas importações. O faturamento do setor com exportações diminuiu 26% no primeiro trimestre deste ano na
comparação com os três primeiros meses do ano passado.
Já a receita de calçados importados cresceu 45% no mesmo
período, informa a Abicalçados.
Segundo a entidade, foram
exportados 40,7 milhões de pares de calçados entre janeiro e
março -14 milhões a menos
que no primeiro trimestre de
2008. Já as importações somaram 13,1 milhões de pares.
Além da queda da demanda
internacional pelo produto, a
crise prejudicou o setor com a
instabilidade cambial verificada em outubro, afirma o diretor-executivo da Abicalçados,
Heitor Klein. Segundo ele, é
nesse mês que se firmam os
contratos de exportação por
um período de seis meses. "A
indefinição de preços afetou o
volume negociado."
A entrada em massa de produtos importados no mercado
surpreendeu Klein. Ele esperava que com o dólar valorizado o
ciclo de alta nas importações do
produto, que vem acontecendo
desde o ano passado, fosse interrompido.
"A única explicação é a manifesta intenção de grifes internacionais, que produzem na
China, de entrar no mercado
brasileiro a qualquer preço.
Elas querem desovar aqui a
produção que não encontra
mais demanda no hemisfério
Norte", afirma.
Outro motivo citado por
Klein para justificar o crescimento das importações de calçados é o medo de que ações antidumping contra o produto
asiático sejam adotadas pelo
governo brasileiro -há um
processo em análise no Ministério do Desenvolvimento. "Os
importadores estão fazendo estoques preventivos, com medo
de pagar mais caro depois."
Os resultados desse desequilíbrio para o setor são uma queda na produção e um aumento
do desemprego. Em fevereiro, o
emprego no setor recuou 9,6%
na comparação com o mesmo
mês de 2008, segundo o IBGE.
"O nível de atividade caiu e as
empresas não têm como manter o emprego com a queda nas
encomendas", afirma Klein.
COMPRAS
A média da intenção de compra dos paulistanos de 15 itens no
segundo trimestre subiu 16% em relação ao período anterior,
de acordo com estudo da H2R Pesquisas Avançadas. Segundo
Nanci Bührer, analista de pesquisas da H2R, 58% dos entrevistados disseram conhecer alguém que perdeu o emprego nos últimos seis meses e ainda não se recolocou no mercado de trabalho. "Entre essas pessoas, a intenção de poupar é maior", diz.
NA BOLSA
A loja multimarcas de acessórios de luxo Sho&Purs mudou sua estratégia depois da crise. A loja, que antes trazia
para as compradoras brasileiras entre 12 e 15 marcas de
itens luxuosos, agora trabalha com cerca de 6 a 9 marcas.
"Tivemos que abrir mão de algumas porque o consumidor
mudou. Não existe mais o consumo desenfreado. Hoje ele
quer o produto certo", afirma o sócio Otto Bichucher. A
Sho&Purs inaugura hoje uma exposição de fotos, no Shopping Iguatemi, para o lançamento da seleção de bolsas Givenchy.
CRÉDITO
O deputado Albano Franco (PSDB-SE), presidente da
comissão da crise na indústria, entregou na semana
passada ao presidente do
Banco Central, Henrique
Meirelles, um documento
mostrando que a situação do
crédito ainda não tinha se
normalizado. Ele cobrou
uma redução mais agressiva
dos juros. Amanhã o ministro Guido Mantega (Fazenda) vai falar na comissão.
INSOLVÊNCIA
Foram registrados 1.335
novos processos de insolvência na Espanha no primeiro trimestre, segundo
acompanhamento da seguradora Crédito y Caución. O
crescimento de insolvências
judiciais foi mais significativo nas Astúrias.
MEDO
O indicador Medo do Desemprego, da CNI, cresceu
4,1% no primeiro trimestre
deste ano na comparação
com o trimestre anterior.
Em relação ao mesmo período de 2008, o índice teve alta
de 10,5%. Das 2.002 pessoas
entrevistadas no país entre
11 e 15 de março, 30% disseram estar "com muito medo
do desemprego", segundo a
pesquisa da CNI.
AQUECIMENTO
As ações de companhias
de menor porte da América
Latina devem voltar a apresentar atratividade nos próximos 12 meses, segundo relatório de Pedro Martins, estrategista de renda variável
para América Latina do Banc
of America Securities-Merrill Lynch.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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