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Governo cede e amplia pacote habitacional
Após pressão, Planalto decide estender programa a todos os municípios; na regra anterior, só regiões metropolitanas seriam atendidas
Prefeituras farão cadastro de famílias, mas lista será avaliada pela Caixa; haverá sorteio se faltarem imóveis para todos os candidatos
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo cedeu à pressão
política dos pequenos municípios e ampliou o pacote habitacional que promete construir 1
milhão de casas. A regulamentação do programa permitirá
que todos os municípios, independentemente da população,
beneficiem-se da construção
de casas para famílias com renda de até três salários mínimos
(R$ 1.395), segundo informações do Ministério das Cidades.
A proposta inicial era que as
400 mil casas que serão construídas com dinheiro público e
transferidas a famílias de baixa
renda por pagamentos mensais
de R$ 50 fossem feitas apenas
em municípios com mais de
100 mil habitantes, de áreas
metropolitanas ou capitais.
Se a regra continuasse valendo, apenas 573 das mais de
5.000 cidades brasileiras se
qualificariam. O governo admitia exceções em casos de municípios com população entre 50
mil e 100 mil habitantes que tivessem crescido muito por causa de uma obra de infraestrutura, por exemplo. Nesse caso,
outros 254 municípios seriam
atendidos.
O recuo, decidido em reunião
ontem com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, resolve um
problema político que o governo teria que enfrentar durante
a tramitação no Congresso Nacional da medida provisória
que criou o pacote.
O próprio relator, Henrique
Eduardo Alves (RN), líder do
PMDB na Câmara, já havia dito
que incluiria os pequenos municípios no programa e a oposição tem emendas que tratam
do assunto.
A justificativa que o governo
havia dado para restringir as cidades beneficiadas era técnica.
Mais da metade da necessidade
de moradia em áreas urbanas
está localizada nas regiões metropolitanas, que, por isso,
eram o foco do programa.
Sorteio
A regulamentação do pacote
também trouxe algumas regras
que reduzem o poder das prefeituras na distribuição das casas para famílias de baixa renda. "Temos a orientação, e a
Caixa acha correto, que o programa é para atender famílias
que precisam do imóvel e deve
ter o mínimo de ingerência política possível", disse o vice-presidente de Governo da Caixa, Jorge Hereda.
O cadastro dos beneficiários
continuará sendo feito pelas
prefeituras. O alvo são famílias
com renda de até três mínimos,
que nunca tenham sido beneficiadas por outro programa habitacional e que também não
tenham outro imóvel. Mas, no
momento em que o contrato de
venda do imóvel for feito, a Caixa fará uma segunda avaliação
sobre a renda da família. Se
houver desenquadramento, o
mutuário não será beneficiado.
Além disso, o governo determinou que, nos casos em que
haja empreendimentos com
mais famílias qualificadas do
que imóveis disponíveis, seja
feito um sorteio para decidir
quem ficará com a moradia.
O Ministério das Cidades fixará também critérios para
acesso aos imóveis que vão privilegiar, por exemplo, famílias
que têm filhos, em vez de outras formadas por apenas um
casal. Outra novidade é o fim do
seguro de vida para famílias
com renda entre 5 e 10 salários
mínimos.
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