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Mesmo na crise, vendas devem igualar as de 2008, diz governo
FABIANO SEVERO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS
As montadoras ainda estouravam champanhe para comemorar o melhor março da história da indústria automobilística quando receberam um banho de água fria.
Com a crise mundial, as exportações caíram 52,3% no primeiro trimestre deste ano
comparado com o mesmo período de 2008. Enquanto isso,
as vendas no mercado interno
cresceram 3%, alavancadas pela redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados),
prorrogada até 30 de junho.
"As exportações não caíram
por falta de competitividade da
indústria, mas pela queda na
demanda", disse Marcos de Oliveira, presidente da Ford do
Brasil, em encontro entre presidentes de montadoras na Câmara Americana de Comércio.
No telão, Oliveira indicava as
quedas nas vendas de carros de
38% nos EUA e 19% na Europa
de janeiro a março. Argentina,
México e Venezuela, os maiores compradores de carros nacionais, também caíram.
Para o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior Miguel Jorge, o primeiro passo é derrubar barreiras alfandegárias. "Vamos renovar o acordo de livre comércio com Argentina e Uruguai."
As negociações com o México, diz Jorge, estão em fase final, mas devem se manter "intercompanies" (entre companhias) e livres de imposto.
Na avaliação de José Carlos
Pinheiro Neto, vice-presidente
da General Motors do Brasil, o
problema das exportações está
na alta carga tributária. "O Brasil é o único país do mundo que
exporta imposto."
Indagado sobre a possível
prorrogação do desconto do
IPI até dezembro, Miguel Jorge
desconversa. "Não faz 15 dias
[ontem] que prorrogamos a
medida. Só em junho vamos
avaliar. Mas, a princípio, não
trabalhamos com nenhum plano B", diz o ministro.
De qualquer forma, ele está
otimista. "Projetamos um 2009
com o mesmo volume de vendas de 2008 [2,7 milhões de
carros emplacados], o que
manterá o nível de emprego."
Segundo o ministro, no começo de março ele e Jackson
Schneider, presidente da Anfavea (associação de montadoras), discutiam previsões de
vendas no mês. "Eu apostava
em 260 mil carros, e ele, em
230 mil. Nós dois erramos.
Março fechou com 271 mil carros emplacados, um recorde."
Acreditando que o número
de março foi inflado por compras antecipadas, sob a expectativa do fim do incentivo fiscal,
a Ford trabalha com a mesma
previsão da Anfavea. "Se as
vendas caírem 3,9%, já será
fantástico", avalia Oliveira.
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