São Paulo, terça-feira, 14 de abril de 2009

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Mesmo na crise, vendas devem igualar as de 2008, diz governo

FABIANO SEVERO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS

As montadoras ainda estouravam champanhe para comemorar o melhor março da história da indústria automobilística quando receberam um banho de água fria.
Com a crise mundial, as exportações caíram 52,3% no primeiro trimestre deste ano comparado com o mesmo período de 2008. Enquanto isso, as vendas no mercado interno cresceram 3%, alavancadas pela redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), prorrogada até 30 de junho.
"As exportações não caíram por falta de competitividade da indústria, mas pela queda na demanda", disse Marcos de Oliveira, presidente da Ford do Brasil, em encontro entre presidentes de montadoras na Câmara Americana de Comércio.
No telão, Oliveira indicava as quedas nas vendas de carros de 38% nos EUA e 19% na Europa de janeiro a março. Argentina, México e Venezuela, os maiores compradores de carros nacionais, também caíram.
Para o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Miguel Jorge, o primeiro passo é derrubar barreiras alfandegárias. "Vamos renovar o acordo de livre comércio com Argentina e Uruguai."
As negociações com o México, diz Jorge, estão em fase final, mas devem se manter "intercompanies" (entre companhias) e livres de imposto.
Na avaliação de José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da General Motors do Brasil, o problema das exportações está na alta carga tributária. "O Brasil é o único país do mundo que exporta imposto."
Indagado sobre a possível prorrogação do desconto do IPI até dezembro, Miguel Jorge desconversa. "Não faz 15 dias [ontem] que prorrogamos a medida. Só em junho vamos avaliar. Mas, a princípio, não trabalhamos com nenhum plano B", diz o ministro.
De qualquer forma, ele está otimista. "Projetamos um 2009 com o mesmo volume de vendas de 2008 [2,7 milhões de carros emplacados], o que manterá o nível de emprego."
Segundo o ministro, no começo de março ele e Jackson Schneider, presidente da Anfavea (associação de montadoras), discutiam previsões de vendas no mês. "Eu apostava em 260 mil carros, e ele, em 230 mil. Nós dois erramos. Março fechou com 271 mil carros emplacados, um recorde."
Acreditando que o número de março foi inflado por compras antecipadas, sob a expectativa do fim do incentivo fiscal, a Ford trabalha com a mesma previsão da Anfavea. "Se as vendas caírem 3,9%, já será fantástico", avalia Oliveira.


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