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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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Taxa declina em SP porque os produtos não sobem mais, diz Fipe

Inflação pára, mas com preços no alto

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Quem acredita que sempre que a taxa de inflação recua é porque os preços estão em queda se engana. A taxa de inflação está com forte recuo em São Paulo, mas os preços não caem. Ao contrário, alguns estão até em alta, como os alimentos industrializados e os semi-elaborados.
A queda dos preços vai demorar para chegar aos consumidores, avaliou o economista Juarez Rizzieri, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), ao divulgar ontem a inflação de 0,40% referente aos últimos 30 dias terminados em 7 deste mês. A queda, no entanto, foi bem acentuada, se comparado esse patamar de inflação com os 2,19% de janeiro.
Apesar dessa redução na taxa, o economista diz que não vê sinais de queda nos preços. Mesmo com a desvalorização do dólar, os preços não devem cair porque as empresas estão repondo as margens perdidas no segundo semestre do ano passado, quando o dólar disparou em relação ao real.
Naquele período, se as empresas tivessem acompanhado a variação do dólar, os preços teriam de subir mais e as vendas teriam caído ainda mais do que já caíram devido à perda de renda dos consumidores.
Já que os preços não vão cair, não haverá deflação neste mês, diz Rizzieri, que prevê taxa de 0,20%. Se não há queda dos preços, por que a taxa de inflação está caindo? "É porque os preços pararam de subir", diz Rizzieri.
A Fipe sempre compara os preços de quatro semanas contra as quatro semanas imediatamente anteriores. Conforme vão "entrando" novas semanas com preços mais alinhados com os anteriores, a taxa vai diminuindo. É o que ocorre no momento.

Horizonte tranquilo
Os preços não estão caindo, mas também não há novas altas previstas no horizonte, o que é bom para manter as taxas de inflação em patamares baixos, diz Rizzieri. As pressões atuais sobre a inflação vêm dos serviços pessoais, devido ao aumento do salário mínimo, dos alimentos industrializados, dos produtos de higiene e beleza e dos artigos de limpeza.
Já a principal queda no mês virá dos combustíveis. Gasolina e álcool já estão com redução de preços e esse recuo se acentuará nas próximas semanas. Os alimentos não industrializados estão em queda, em parte devido à redução da pressão do dólar. Mas Rizzieri, ao contrário de outros analistas, não acredita que os alimentos vão ter grande impacto na redução da taxa de inflação deste mês.
O economista da Fipe diz que a inflação voltará a subir em julho e em agosto, devido ao reajuste de tarifas públicas. A taxa acumulada desses dois meses deverá ficar próxima de 2,5%.
A Fipe mantém a previsão de 9% de inflação para este ano. Para que essa taxa ocorra, a inflação média mensal dos próximos oito meses deverá ficar em 0,45%, já que o acumulado do primeiro quadrimestre é de 5,13%.


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