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Taxa declina em SP porque os produtos não sobem mais, diz Fipe
Inflação pára, mas com preços no alto
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Quem acredita que sempre que
a taxa de inflação recua é porque
os preços estão em queda se engana. A taxa de inflação está com
forte recuo em São Paulo, mas os
preços não caem. Ao contrário,
alguns estão até em alta, como os
alimentos industrializados e os
semi-elaborados.
A queda dos preços vai demorar
para chegar aos consumidores,
avaliou o economista Juarez Rizzieri, da Fipe (Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas), ao divulgar ontem a inflação de 0,40%
referente aos últimos 30 dias terminados em 7 deste mês. A queda, no entanto, foi bem acentuada, se comparado esse patamar de
inflação com os 2,19% de janeiro.
Apesar dessa redução na taxa, o
economista diz que não vê sinais
de queda nos preços. Mesmo com
a desvalorização do dólar, os preços não devem cair porque as empresas estão repondo as margens
perdidas no segundo semestre do
ano passado, quando o dólar disparou em relação ao real.
Naquele período, se as empresas tivessem acompanhado a variação do dólar, os preços teriam
de subir mais e as vendas teriam
caído ainda mais do que já caíram
devido à perda de renda dos consumidores.
Já que os preços não vão cair,
não haverá deflação neste mês,
diz Rizzieri, que prevê taxa de
0,20%. Se não há queda dos preços, por que a taxa de inflação está
caindo? "É porque os preços pararam de subir", diz Rizzieri.
A Fipe sempre compara os preços de quatro semanas contra as
quatro semanas imediatamente
anteriores. Conforme vão "entrando" novas semanas com preços mais alinhados com os anteriores, a taxa vai diminuindo. É o
que ocorre no momento.
Horizonte tranquilo
Os preços não estão caindo, mas
também não há novas altas previstas no horizonte, o que é bom
para manter as taxas de inflação
em patamares baixos, diz Rizzieri.
As pressões atuais sobre a inflação
vêm dos serviços pessoais, devido
ao aumento do salário mínimo,
dos alimentos industrializados,
dos produtos de higiene e beleza e
dos artigos de limpeza.
Já a principal queda no mês virá
dos combustíveis. Gasolina e álcool já estão com redução de preços e esse recuo se acentuará nas
próximas semanas. Os alimentos
não industrializados estão em
queda, em parte devido à redução
da pressão do dólar. Mas Rizzieri,
ao contrário de outros analistas,
não acredita que os alimentos vão
ter grande impacto na redução da
taxa de inflação deste mês.
O economista da Fipe diz que a
inflação voltará a subir em julho e
em agosto, devido ao reajuste de
tarifas públicas. A taxa acumulada desses dois meses deverá ficar
próxima de 2,5%.
A Fipe mantém a previsão de
9% de inflação para este ano. Para
que essa taxa ocorra, a inflação
média mensal dos próximos oito
meses deverá ficar em 0,45%, já
que o acumulado do primeiro
quadrimestre é de 5,13%.
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