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CMN pode rever meta de inflação de 2009
Analistas consideram haver espaço para corte de 0,5 ponto percentual na meta do governo para o IPCA, de 4,5% para 4%
Redução em 2008 não é
cogitada; especialistas
acreditam em
descolamento entre
expectativas e meta
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Analistas dizem que há espaço para redução da meta de inflação de 4,5% para 4% em
2009, e que o tema pode ser discutido no Conselho Monetário
Nacional, em junho próximo.
Entre as vantagens da redução da meta, eles destacam
maior previsibilidade para as
decisões econômicas e o benefício para a população de menor renda da inflação baixa.
"Uma inflação menor permite também uma menor taxa de
juros real", segundo Octavio de
Barros, diretor de Pesquisa Macroeconômica do Bradesco.
"Quanto menor o patamar da
inflação, e mais previsível ela
for, menor será a taxa de juros
real requerida para manter a
inflação estável, além de facilitar o processo de alongamento
e elevação da dívida da parcela
de prefixados da dívida pública.
É mais um elemento a tornar o
Brasil grau de investimento."
"Se há momento oportuno
[para discutir uma diminuição
da meta] é esse", diz Jorge Simino, diretor de investimentos
e patrimônio da Fundação
Cesp. "Há um razoável descolamento entre as expectativas de
inflação e a meta de inflação."
A meta de inflação para os
anos 2008 e 2009 é 4,5% ao
ano, enquanto as expectativas
para o IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor Amplo) medidas pelo Focus, do Banco Central são de 4%. "E ainda podem
cair mais", segundo Simino.
Hugo Penteado, economista-chefe do ABN Amro Asset Management, concorda. "É possível [uma meta menor], por causa da queda da inércia inflacionária que permite ter horizontes mais longos de inflação
mais baixa, o que é bastante favorável para a economia brasileira." A meta no México e no
Chile, lembra, é de 3%. Para o
economista do ABN, o corte
não implicaria maior conservadorismo do Banco Central.
"Rever para baixo a meta,
com inflação mais favorável,
não muda absolutamente nada,
nem causaria maior conservadorismo [no Banco Central],
apenas reflete ganhos na inflação."
2008
Os analistas, porém, descartam a mudança de meta de inflação relativa a 2008.
"É improvável [uma mudança na meta de inflação já para
2008]. Há todo um ritual que
requer muita antecedência no
anúncio das metas anuais justamente para que o processo de
convergência de expectativas
não seja atropelado", diz Barros. "Pensando institucionalmente, seria melhor que a mudança se desse somente na meta de 2009", completou.
Seria recomendável, segundo
Simino, manter a inflação em
4,5% por mais um ano.
"Não mudaria antes de 2009.
Se ficar dois anos com inflação
na faixa de 3,6% significa que a
inflação em velocidade de cruzeiro, pode ser baixa."
Para Simino, a baixa taxa de
câmbio, que ajuda a reduzir a
inflação, vai continuar.
"A taxa de câmbio está mais
próxima do seu equilíbrio, a
queda da inércia da inflação, a
credibilidade do regime de metas, e o compromisso com o
ajuste fiscal de longo prazo indicam que a queda da inflação é
estrutural e duradoura", observa Octavio de Barros.
Analistas voltam a destacar a
importância de o CMN adotar
um prazo mais longo para a inflação convergir à meta, abolindo o calendário gregoriano.
"É preciso ter um tempo
maior que um ano para que a
inflação se acomode. Tem de
ter também uma cláusula de escape, para ocasiões extraordinárias, como o apagão em 2001,
quando houve um problema de
oferta causado pela maior escassez de chuva em 60 anos.
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