São Paulo, segunda-feira, 14 de maio de 2007

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CMN pode rever meta de inflação de 2009

Analistas consideram haver espaço para corte de 0,5 ponto percentual na meta do governo para o IPCA, de 4,5% para 4%

Redução em 2008 não é cogitada; especialistas acreditam em descolamento entre expectativas e meta

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Analistas dizem que há espaço para redução da meta de inflação de 4,5% para 4% em 2009, e que o tema pode ser discutido no Conselho Monetário Nacional, em junho próximo.
Entre as vantagens da redução da meta, eles destacam maior previsibilidade para as decisões econômicas e o benefício para a população de menor renda da inflação baixa.
"Uma inflação menor permite também uma menor taxa de juros real", segundo Octavio de Barros, diretor de Pesquisa Macroeconômica do Bradesco. "Quanto menor o patamar da inflação, e mais previsível ela for, menor será a taxa de juros real requerida para manter a inflação estável, além de facilitar o processo de alongamento e elevação da dívida da parcela de prefixados da dívida pública. É mais um elemento a tornar o Brasil grau de investimento."
"Se há momento oportuno [para discutir uma diminuição da meta] é esse", diz Jorge Simino, diretor de investimentos e patrimônio da Fundação Cesp. "Há um razoável descolamento entre as expectativas de inflação e a meta de inflação."
A meta de inflação para os anos 2008 e 2009 é 4,5% ao ano, enquanto as expectativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) medidas pelo Focus, do Banco Central são de 4%. "E ainda podem cair mais", segundo Simino.
Hugo Penteado, economista-chefe do ABN Amro Asset Management, concorda. "É possível [uma meta menor], por causa da queda da inércia inflacionária que permite ter horizontes mais longos de inflação mais baixa, o que é bastante favorável para a economia brasileira." A meta no México e no Chile, lembra, é de 3%. Para o economista do ABN, o corte não implicaria maior conservadorismo do Banco Central.
"Rever para baixo a meta, com inflação mais favorável, não muda absolutamente nada, nem causaria maior conservadorismo [no Banco Central], apenas reflete ganhos na inflação."

2008
Os analistas, porém, descartam a mudança de meta de inflação relativa a 2008.
"É improvável [uma mudança na meta de inflação já para 2008]. Há todo um ritual que requer muita antecedência no anúncio das metas anuais justamente para que o processo de convergência de expectativas não seja atropelado", diz Barros. "Pensando institucionalmente, seria melhor que a mudança se desse somente na meta de 2009", completou.
Seria recomendável, segundo Simino, manter a inflação em 4,5% por mais um ano.
"Não mudaria antes de 2009. Se ficar dois anos com inflação na faixa de 3,6% significa que a inflação em velocidade de cruzeiro, pode ser baixa."
Para Simino, a baixa taxa de câmbio, que ajuda a reduzir a inflação, vai continuar.
"A taxa de câmbio está mais próxima do seu equilíbrio, a queda da inércia da inflação, a credibilidade do regime de metas, e o compromisso com o ajuste fiscal de longo prazo indicam que a queda da inflação é estrutural e duradoura", observa Octavio de Barros.
Analistas voltam a destacar a importância de o CMN adotar um prazo mais longo para a inflação convergir à meta, abolindo o calendário gregoriano.
"É preciso ter um tempo maior que um ano para que a inflação se acomode. Tem de ter também uma cláusula de escape, para ocasiões extraordinárias, como o apagão em 2001, quando houve um problema de oferta causado pela maior escassez de chuva em 60 anos.


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