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Justiça ameaça investigação de cartel
Juíza investigada na Operação Têmis não vê fato concreto para ação, apesar de confissão de participante
Mas Secretaria de Direito Econômico obtém no STJ permissão para reter documentos apreendidos até julgamento do mérito
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma polêmica jurídica põe
em risco a continuidade das investigações sobre o suposto
cartel de transformadores de
distribuição de energia no país.
Condenadas na União Européia e na República Tcheca pela
prática, Siemens e Areva questionam na Justiça brasileira a
validade da investigação do Ministério da Justiça.
O dilema judicial diz respeito
às bases da investigação. Como
aconteceu na Europa, a ABB
apresentou à SDE (Secretaria
de Direito Econômico) uma
confissão por escrito da combinação de preços, cópias dos
acordos firmados entre as concorrentes, uma lista de licitações afetadas pelo cartel e uma
relação dos locais e datas de encontros das empresas.
Para o juiz Fábio Prietto, da
4ª Turma do TRF (Tribunal
Regional Federal), em São Paulo, o material justificava as buscas.
"A simples análise dos documentos (...) indica que a pesquisa realizada pelas autoridades
administrativas pode levar à
conclusão de que, no Brasil, (...)
o cartel obteve a contaminação
de produtos e obras de grande
porte dos setores elétrico, siderúrgico e metroviário, entre outros", assinalou o juiz, ao autorizar as buscas.
Ao analisar um recurso das
empresas, a juíza Alda Basto
discordou. "A União não explica qual é o fato concreto que está a motivar o pedido, quais documentos procura, boiando-se
no campo do geral e abstrato",
anotou em seu voto.
A interpretação de Basto prevaleceu na turma. O Ministério
Público Federal não participou
do julgamento e encaminhou
um parecer solicitando sua
anulação, ainda não julgado pela juíza.
"A medida de busca e apreensão se faz necessária exatamente por haver fortes suspeitas de
infrações à ordem econômica",
apontou o procurador Henrique Herkenhoff.
Operação Têmis
A Polícia Federal incluiu a
juíza Alda Basto como suposta
integrante de uma quadrilha
que vendia sentenças judiciais,
investigada na Operação Têmis. A Folha tentou falar com a
juíza na última sexta-feira, mas
não obteve resposta.
Temendo a perda da ação na
Justiça Federal de São Paulo, a
SDE obteve medida cautelar no
Superior Tribunal de Justiça
para reter os documentos
apreendidos até o julgamento
do mérito na primeira instância.
(Iuri Dantas e Valdo Cruz)
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