São Paulo, quinta-feira, 14 de maio de 2009

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UE aplica multa recorde na Intel por concorrência desleal

Autuação de reguladores da União Europeia será de R$ 2,9 bi; empresa dos EUA diz que vai recorrer

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

A União Europeia anunciou ontem que vai aplicar a multa recorde de 1,06 bilhão (R$ 2,9 bilhões) ao gigante da informática Intel, por práticas de concorrência desleal. Segundo a UE, a empresa americana subornou fabricantes e revendedores para que evitassem produtos do principal concorrente, a americana AMD (Advanced Micro Devices).
É a maior multa já aplicada em uma empresa pela Comissão Europeia, o braço executivo da UE. A punição mais severa até ontem havia atingido outra firma americana, a Microsoft. Em fevereiro de 2008, ela foi multada em 899 milhões (R$ 2,2 bilhões, pelo câmbio da época), também por desrespeito às regras de concorrência.
Iniciada devido às queixas feitas pela AMD, a investigação da UE concluiu que entre 2000 e 2007 diversos fabricantes receberam descontos secretos para que usassem somente chips da Intel em seus computadores. Entre as empresas que receberam a oferta, estão Acer, Dell, HP, Lenovo e NEC.
Os reguladores europeus afirmam que, nesse período, a Intel garantiu por meio de propinas que o maior revendedor de computadores da Alemanha, Media Saturn Holding, mantivesse em seu estoque apenas produtos da empresa. Em Dresden, onde fica a maior fábrica da AMD na Europa, os produtos da empresa não eram vendidos pela principal rede de lojas da Alemanha.
Segundo a comissão, a Intel também pagou para que fabricantes adiassem ou mesmo cancelassem o lançamento de produtos com chips da ADM.
"A Intel prejudicou milhões de consumidores europeus ao agir deliberadamente para manter concorrentes fora do mercado de chips", disse a comissária europeia de concorrência, Neelie Kroes. "Uma violação tão séria e contínua contra as regras antitruste da UE não pode ser tolerada."

Respeito à lei
Durante entrevista, Kroes brincou que a Intel terá que mudar o seu mais recente slogan, "patrocinadores do amanhã", para "patrocinadores do contribuinte europeu". "Posso dar minha visão do amanhã para a Intel aqui e agora: respeite a lei", afirmou.
A Intel prometeu recorrer da punição. "A decisão é equivocada", disse o presidente da empresa, Paul Otellini. "O prejuízo aos consumidores foi zero." Em comunicado, a Intel afirma que nunca vende produtos abaixo do preço de custo. Os investimentos em inovação permitiram descontos nos produtos para ganhar competitividade.
Para Giuliano Meroni, presidente europeu da AMD, a decisão da UE "transfere o poder de um monopolista abusivo para os fabricantes de computadores, os revendedores e, acima de tudo, os consumidores".
No ano passado, a Intel detinha 80,5% do mercado de microprocessadores em computadores pessoais. A AMD, com 12% de participação, é praticamente sua única rival.
A punição na Europa é o ápice de um cerco contra a Intel em outros países. Ela é contestada no Japão e na Coreia e está sob investigação nos EUA.

Com agências internacionais



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