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UE aplica multa recorde na Intel por concorrência desleal
Autuação de reguladores da União Europeia será de R$ 2,9 bi; empresa dos EUA diz que vai recorrer
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A União Europeia anunciou
ontem que vai aplicar a multa
recorde de 1,06 bilhão (R$ 2,9
bilhões) ao gigante da informática Intel, por práticas de concorrência desleal. Segundo a
UE, a empresa americana subornou fabricantes e revendedores para que evitassem produtos do principal concorrente, a americana AMD (Advanced Micro Devices).
É a maior multa já aplicada
em uma empresa pela Comissão Europeia, o braço executivo da UE. A punição mais severa até ontem havia atingido outra firma americana, a Microsoft. Em fevereiro de 2008, ela
foi multada em 899 milhões
(R$ 2,2 bilhões, pelo câmbio da
época), também por desrespeito às regras de concorrência.
Iniciada devido às queixas
feitas pela AMD, a investigação
da UE concluiu que entre 2000
e 2007 diversos fabricantes receberam descontos secretos
para que usassem somente
chips da Intel em seus computadores. Entre as empresas que
receberam a oferta, estão Acer,
Dell, HP, Lenovo e NEC.
Os reguladores europeus
afirmam que, nesse período, a
Intel garantiu por meio de propinas que o maior revendedor
de computadores da Alemanha, Media Saturn Holding,
mantivesse em seu estoque
apenas produtos da empresa.
Em Dresden, onde fica a maior
fábrica da AMD na Europa, os
produtos da empresa não eram
vendidos pela principal rede de
lojas da Alemanha.
Segundo a comissão, a Intel
também pagou para que fabricantes adiassem ou mesmo
cancelassem o lançamento de
produtos com chips da ADM.
"A Intel prejudicou milhões
de consumidores europeus ao
agir deliberadamente para
manter concorrentes fora do
mercado de chips", disse a comissária europeia de concorrência, Neelie Kroes. "Uma violação tão séria e contínua contra as regras antitruste da UE
não pode ser tolerada."
Respeito à lei
Durante entrevista, Kroes
brincou que a Intel terá que
mudar o seu mais recente slogan, "patrocinadores do amanhã", para "patrocinadores do
contribuinte europeu". "Posso
dar minha visão do amanhã para a Intel aqui e agora: respeite
a lei", afirmou.
A Intel prometeu recorrer da
punição. "A decisão é equivocada", disse o presidente da empresa, Paul Otellini. "O prejuízo
aos consumidores foi zero." Em
comunicado, a Intel afirma que
nunca vende produtos abaixo
do preço de custo. Os investimentos em inovação permitiram descontos nos produtos
para ganhar competitividade.
Para Giuliano Meroni, presidente europeu da AMD, a decisão da UE "transfere o poder de
um monopolista abusivo para
os fabricantes de computadores, os revendedores e, acima
de tudo, os consumidores".
No ano passado, a Intel detinha 80,5% do mercado de microprocessadores em computadores pessoais. A AMD, com
12% de participação, é praticamente sua única rival.
A punição na Europa é o ápice de um cerco contra a Intel
em outros países. Ela é contestada no Japão e na Coreia e está
sob investigação nos EUA.
Com agências internacionais
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