São Paulo, domingo, 14 de junho de 2009

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G8 aceita planejar fim da crise, mas "racha" sobre bancos

Países ricos vão formular saídas para retomar o equilíbrio fiscal perdido com sucessivos pacotes para conter a crise

EUA e Canadá defendem auditorias em bancos na Europa, mas ministros da zona do euro temem efeitos adversos com resultados

DA REDAÇÃO DA "BLOOMBERG"

Os países ricos concordaram ontem que já é hora de começar a planejar o pós-crise e, em especial, a redução dos déficits fiscais, que fugiram do controle com os bilionários pacotes de estímulos lançados desde o fim de 2008 contra a recessão.
Essa foi uma das principais mensagens da declaração final do encontro dos ministros de Finanças do G8 (grupo que reúne oito das maiores economias do mundo) em Lecce, na Itália, que destacou "sinais de estabilização na economia", embora ainda existam incertezas.
O temor é o de que o endividamento excessivo dos países ricos não seja sustentável e leve a uma espiral inflacionária que ameace a recuperação.
Medidas concretas, porém, ainda estão longe de serem tomadas. Os países do G8 pediram ajuda do FMI para avaliar as decisões mais adequadas, e o governo dos os EUA, representado pelo secretário do Tesouro, Tim Geithner, alertou que ainda é "muito cedo para adotar políticas restritivas".
O encontro também mostrou que ainda existem divisões em questões centrais. Os ministros não chegaram a um consenso quanto à realização de novas auditorias nos bancos europeus e à publicação dos resultados, a exemplo do ocorrido nos EUA neste início de ano.
Os chamados "testes de estresse" são defendidos por governos como o dos EUA e do Canadá porque, segundo eles, permitem dissipar as dúvidas que existem sobre a saúde financeira dos bancos, o que facilitaria a tais instituições levantar capital no mercado.
"Nós queremos os "testes de estresse", mas para o sistema [financeiro], não para cada banco", disse o ministro de Finanças da Alemanha, Peer Steinbrueck. "O setor bancário europeu, e o alemão em particular, é muito mais heterogêneo do que o americano."
O mesmo argumento foi utilizado pela ministra de Finanças da França, Christine Lagarde, para quem os bancos europeus são muitos diferentes para serem avaliados por parâmetros unificados. Segundo ela, divulgar os resultados de testes conduzidos dessa forma poderia reacender a crise.
Testes foram realizados isoladamente por alguns países europeus, mas há divergência no bloco quanto à divulgação.
Os testes adotam uma série de premissas para a economia nos próximos anos e, a partir dos cenários, os governos calculam quanto cada banco precisará de reforço no caixa.
Sanear o sistema financeiro, de modo que os bancos possam voltar a emprestar para empresas e consumidores, é apontado por imprescindível para o crescimento sustentável.
Segundo estimativa do FMI, porém, o total de ativos "tóxicos" (de difícil recuperação) nos bancos de todo o mundo chega a US$ 4 trilhões, rombo que deve ser coberto para que os bancos tenham novamente condições de emprestar.


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