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São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2003

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ESPETÁCULO DO CRESCIMENTO

Em entrevista à BBC, presidente afirma que começou a "escalada da redução" das taxas

Juros vão cair "sistematicamente", diz Lula

Sergio Lima/Folha Imagem
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, em Londres


MARIA LUIZA ABBOTT
DE LONDRES

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Londres considerar que a inflação foi vencida e que os juros vão continuar a cair. "Agora começou a escalada da redução [dos juros]. A inflação já foi debelada, não corremos mais o risco de a inflação chegar a dois dígitos. Por isso, agora acho que a taxa de juros vai cair sistematicamente", disse o presidente em entrevista à BBC Brasil.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne na semana que vem para definir os juros básicos da economia (Selic). No mês passado, houve o primeiro corte no governo Lula (de 26,5% para 26%).
Lula respondeu a algumas das mais de 5.000 perguntas enviadas por internautas ao site da BBC Brasil. Um deles queria saber o que poderia ser feito para reduzir os juros cobrados ao consumidor.
O presidente respondeu que o nível dessas taxas "não é aceitável do ponto de vista lógico". Argumentou que o sistema financeiro aponta o alto número de inadimplentes como uma das causas para as taxas serem elevadas na ponta. Mas, segundo o presidente, o problema não é apenas a queda dos juros ao consumidor.
"Não só é preciso criar mecanismos para reduzir as taxas de juros como [é preciso também] incentivar, por exemplo, o sistema financeiro a investir em alguma coisa que vá aumentar a capacidade produtiva do país, como a habitação", disse. Essa foi a razão que levou o governo a criar mecanismos para baratear as taxas na ponta, "para o pequeno crédito, para o pequeno consumidor", segundo Lula.
"Eu acho que isso vai levar os bancos a reduzir suas taxas de juros", completou. Segundo ele, o processo de queda "pode até ser rápido". Mas Lula observou que é preciso "ter um certo controle da economia para não deixar a inflação voltar". O presidente insistiu ainda na necessidade de ter "um cuidado enorme para que o Estado não gaste mais do que a capacidade de arrecadar".
Essa situação leva à necessidade de criar projetos prioritários para os investimentos do setor público, segundo ele. Lula lembrou que "pela primeira vez" o plano plurianual (PPA), em que o governo define as prioridades para os próximos anos, "está sendo discutido com a sociedade, com o empresariado, com o movimento sindical e com o Congresso Nacional".
Outro internauta quis saber se a carga tributária alta não é um empecilho maior para o crescimento do que os juros altos. Lula disse que não, mas reconheceu que a carga tributária é alta, embora não seja tão elevada, se comparada a muitos outros países.
Dados do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário) indicam, no entanto, que a carga tributária brasileira chegou a 36,45% do PIB no ano passado e virou a terceira maior do mundo (só perdeu para a da Suécia e a da Alemanha).
Para ele, a tributação é injusta porque é concentrada e lembrou que o governo pretende corrigir distorções com o projeto que encaminhou ao Congresso. Previu mudanças depois de outubro, "quando espero que as reformas estejam aprovadas".

LEIA MAIS sobre a viagem de Lula no caderno Brasil

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